Miguel Monteiro. A mulher de César não está sendo séria e nem parecendo ser
Editorial

Miguel Monteiro. A mulher de César não está sendo séria e nem parecendo ser

Num exercício tétrico e trapalhão, o deputado Miguel Monteiro, que exerce cumulativamente as funções de deputado, membro da comissão política do MpD e secretário da mesa da Assembleia Nacional, gestor, empresário, cidadão e gerente da IT Solutions, Lda, entre outras, remete ao Santiago Magazine um "direito de resposta", com conteúdo ruidoso, onde acusa o PAICV de muitas coisas para, no fim, concluir que vai se queixar de Santiago Magazine.

Confessamos que estamos atónitos com a postura deste homem, que recentemente era também secretário geral do MpD, um político que se afirma imaculado neste espaço sideral da política doméstica, tendo em atenção particularmente as suas inúmeras declarações públicas relacionadas com corrupção, gestão danosa entre outros mimos de ocasião, uma vez que esse seu "direito de resposta" é um arrazoado de nada, para além de se afigurar uma espécie de vomitório de anos de ódio, amargura e outros males da alma que terão maltratado o pobre do Monteiro contra o PAICV. Coisas que não dizem respeito ao Santiago Magazine, um órgão de comunicação social privado, devidamente registado e credenciado para exercer o serviço público de comunicação social, nos termos estabelecidos pelo estado de direito, que Cabo Verde é.

Na verdade, a memória que temos do cidadão, gestor e deputado Miguel Monteiro, e que ainda está bem vincada na nossa cabeça, é de um político, membro da Comissão Política, e ex-secretário geral do MpD, a declamar na sessão da Assembleia Nacional de que "a mulher de César não basta ser séria, tem que parecer". Esta declaração é uma marca deste deputado, que certa vez chegou, acreditamos que traído pela emoção, a sugerir que Cabo Verde não chova, só porque, palavras suas, “as barragens não reúnem condições para reter água”.

Habituado que está a apontar para os outros, porém sem prestar atenção aos seus próprios atos, acontece que, certamente por ironia do destino, neste "direito de resposta", a "mulher de César não está sendo séria e nem parecendo ser".

Porque, o bem-aventurado secretário da Mesa da Assembleia Nacional não disse absolutamente nada que não é conhecido de todos. É sócio, com a esposa, da IT Solutions, sendo um dos gerentes. Fala do concurso e não apresenta as provas de que realmente a sua empresa foi contratada mediante concurso. Resumindo, o dirigente do MpD não disse nada que valha, salvo o devido respeito.

No nosso modesto entendimento, este legislador, membro da mesa da Assembleia Nacional, e por inerência da função, gestor da casa das leis, devia ao menos respeitar o princípio da universalidade das leis, ou seja, respeitar o chavão popular que diz que a lei é para todos. E se a lei é para todos, no caso vertente, tudo indica que as outras empresas do setor não tiveram conhecimento sequer desse processo de aquisição pública, ou se tiveram, não ficou claro na sua nota de imprensa, que virou desmentido para Santiago Magazine.

De igual modo, que um homem que participa da gestão da casa das leis, deve também ao menos saber que nem tudo o que é legal é ético, na esteira da sua tirada de eleição, em como a “mulher de César não basta ser séria, deve parecer séria”.

Mas pronto, é o político que temos, um dirigente de um partido que se mostra com dificuldades em distinguir nota de imprensa e direito de resposta, e ainda assim quer fazer uso do seu conhecimento das leis para se insurgir contra a Nota de Redação que Santiago Magazine entendeu por bem publicar na roda pé do seu “direito de resposta”, com o objetivo apenas e tão-somente de situar o leitor a respeito do potencial logro a que estará eventualmente sendo empurrado, não sabemos se de propósito se por infeliz estupidez.

De todo o modo, na dúvida, vamos admitir que este dignissímo representante do povo terá sido traído pela pressa, que como se costuma dizer, é inimiga da perfeição.

Todavia, não deixa de ser preocupante essa trapalhada do nosso ilustríssimo deputado, um homem com elevadas funções sociais e políticas entre nós.

A direcção,

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