A emigração de jovens da localidade de Santa Catarina (Santiago) está a deixar marcas profundas nesta vila piscatória, com dezenas de botes parados e pondo mesmo em risco a continuidade da atividade. Uma preocupação manifestada de viva voz pelos homens do mar.
Os pescadores do porto de Rincão (Santa Catarina, Santiago) disseram esta quinta-feira, 23, que a emigração está a deixar marcas profundas na comunidade, com cada vez menos homens do mar e mais botes encostados à praia, sem ninguém para os operar.
Os pescadores estimam que cerca de 50 botes estejam fora de atividade, um número que espelha o impacto direto da saída de trabalhadores para o estrangeiro em busca de uma vida melhor.
Como consequência, a redução da mão-de-obra tem provocado uma quebra na apanha de espécies, o que compromete o rendimento das famílias que dependem da pesca.
Euclides da Silva, pescador há mais de dez anos, considerou, em entrevista à Inforpress, que o cenário é “preocupante”.
“Antes, o porto estava cheio de vida; agora, há cada vez menos gente no mar”, lamentou o pescador, recordando que muitos colegas emigraram e deixaram as suas embarcações encostadas.
Promessas não cumpridas e procura de soluções
Segundo informações recolhidas no local, para além da escassez de mão-de-obra, persistem dificuldades estruturais antigas, como a inexistência de uma máquina de gelo, que, segundo os pescadores, foi prometida há muitos anos, e uma máquina de arrastar botes, cuja instalação ficou inacabada.
Sem gelo, os pescadores são obrigados a vender o peixe a preços mais baixos para evitar perdas.
Apesar das limitações, os homens do mar que ainda resistiram à emigração, reconhecem os apoios já recebidos, como a colocação de fibras nos botes e a distribuição de motores novos. No entanto, Zeonildo Santos, pescador daquela localidade há mais de 15 anos, sublinhou que “essas ajudas são importantes”, mas que é preciso também um lugar onde possam guardar o pescado.
Com o mar cada vez mais vazio e o porto mais silencioso, os pescadores de Rincão esperam que as autoridades encontrem soluções que devolvam vitalidade à pesca e incentivem os jovens a retomar a atividade que continua a ser parte essencial da identidade e da economia local.
C/Inforpress
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Comentários
carlos Luis Barbosa, 23 de Out de 2025
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