Debates eleitorais
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Debates eleitorais

Quando um candidato ataca o outro, de um lado, reforça a mobilização interna de seus apoiantes já “convertidos”, de outro lado, tende a afastar e a afugentar os eleitores que não estão com o seu adversário e que possam estar indecisos e que possam vir a escolher outros candidatos , inclusive o seu principal adversário e não necessariamente vão passar a votar nele.

Nos países democráticos costumam-se promover debates políticos entre candidatos que concorrem a determinados cargos políticos com o objetivo de conhecer as suas propostas políticas, o perfil dos candidatos e a avaliação do desempenho do incumbente.

1. A importância eleitoral dos debates para o candidato depende do seu posicionamento no ranking da corrida eleitoral: para um candidato que esteja muito bem posicionado e com uma distância expressiva da sua candidatura em relação ao segundo colocado e aos outros, pouco pode agregar para ele participar nos debates uma vez que se estiver em primeiro lugar na sondagem tem mais a perder com a participação no debate do que ganhar algo. Nestes casos, os marketeiros recomendam a não participação nos debates; para o candidato que estiver em segundo lugar ou terceiro ou se a campanha estiver renhida, terão todo interesse em participar nos debates para tentar ganhar algum ponto e desequilibrar a disputa em seu favor.

2. Durante o debate, quem estiver em vantagem numérica expressiva nas sondagens tende a se “fingir de morto” e torce para que tudo comece e termine sem qualquer incidente e que esse quadro permaneça até o dia das eleições para poder vencer com tranquilidade.

3. Porém, o candidato ou os candidatos que estiverem em desvantagem nas sondagens tendem a serem mais agressivos e procurarão a todo o momento criar situações que possam embaraçar o seu ou os seus oponentes como tentativa de melhorarem seu posicionamento.

4. No debate de ontem na Rádio Nacional entre os candidatos à Câmara Municipal da Praia verificou-se uma entrada violenta do candidato do MpD contra o seu oponente, Francisco Carvalho, que só se justifica que esse candidato ventoinha esteja em enorme desvantagem eleitoral perante o seu principal concorrente.

5. A verdade é que quem se encontra em vantagem eleitoral conhecida através das sondagens tende a evitar ao máximo a agitação do clima eleitoral por que ele seria o principal prejudicado com essa estratégia. Para esse tipo de candidato a estratégia é “fingir-se de leitão para mamar deitado”!

6. É conhecido e sabido que o MpD vem perdendo eleitorado de eleição para eleição há mais de 10 anos nas eleições municipais na capital, numa média de mais de 5.000 eleitores de eleição para eleição: despencou de mais de 27.000 votos, em 2012 para 16.000, em 2020!!! Se for seguir essa tendência estatística declinante, projeta-se para 11.000 votos, em 2024, número esse muito aquém do necessário para atingir o objetivo de “ganhar a Praia a qualquer preço”!!!

7. Das variáveis explicativas de um resultado eleitoral, a avaliação do desempenho do governo é muito mais expressivo do que o peso do perfil de um candidato, de sorte que, se os eleitores avaliarem o desempenho do governo incumbente maioritariamente positivo, dificilmente, não renovará o mandato caso concorra ou indicar um sucessor e o inverso também é verdadeiro, se a avaliação do governo for muito negativa pode até pintar o candidato de ouro que não vai-se resultar em bom desempenho eleitoral.

8. Quando um candidato ataca o outro, de um lado, reforça a mobilização interna de seus apoiantes já “convertidos”, de outro lado, tende a afastar e a afugentar os eleitores que não estão com o seu adversário e que possam estar indecisos e que possam vir a escolher outros candidatos , inclusive o seu principal adversário e não necessariamente vão passar a votar nele.

9. O drama rabentola é que o MpD tem estado a perder votos há mais de 10 anos enquanto o eleitorado cresce e a preferência partidária para os principais partidos políticos MpD e PAICV caiu pela metade nesse mesmo período, fato esse que leva os partidos a terem menos votos dos seus militantes e os obriga a procurar mais votos no seio dos eleitores que não têm partido.

10. A avaliação do Governo que suporta o candidato à Câmara Municipal da Praia é péssima, vide o número de manifestações, paralisações e greves noticiadas, dia sim e outro também, nestes últimos meses abrangendo quase todas as categorias sócio-profissionais, indo do pessoal de saúde médicos, enfermeiros e técnicos ao pessoal da educação como professores e pessoal da FICASE, do pessoal da justiça como os guardas prisionais aos oficiais de justiça, enfim, o nível de descontentamento dos indivíduos e profissionais é geral e é de tal grandeza que esse fator entra em desfavor aos candidatos apoiados pelo MpD.

Esse mesmo MpD que 2016 ostentava o seu líder, Ulisses Correia e Silva, em todos os cartazes dos seus candidatos às Câmaras Municipais de Santo Antão à Brava como seu herói salvador, sumiu completamente e devidamente advertido com as pesadas derrotas sofridas, especialmente, nas Câmaras Municipais da ilha de Santiago quando deu o “abraço do afogado” aos seus candidatos e perdeu na Praia, Ribeira Grande, São Domingos, Santa Cruz e Tarrafal, em 2020! O que esperar em 2024?

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Comentários

  • Casimiro centeio, 15 de Nov de 2024

    É a síndrome da MENTIRA:
    A mentira é a linguagem daqueles que nenhum honesto entende. E as suas consequências são mais desastrosas do que uma Bomba Hidrogénica.
    UCL sabe-o melhor do que ninguém, porque aproveitou dela para subir ao poleiro.

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