Sociedade

O chefe de Estado falava à imprensa, no final de uma visita à Fundação Garah, em Achada Limpo, na Praia, que teve como principal objectivo, conforme avançou, dar visibilidade a problemas estruturais como a pobreza, a desigualdade social, o desemprego e a toxicodependência, ainda fortemente presentes em várias comunidades.

“Nós ainda temos problemas que se referem à habitação, ao emprego, ao rendimento das famílias. Temos ainda muita pobreza, temos manchas significativas de desigualdades sociais”, indicou José Maria Neves.

“Temos muitas assimetrias entre os diferentes bairros. Temos questões que se referem à toxicodependência e ao alcoolismo. E são questões que devem merecer a atenção da sociedade cabo-verdiana e dos cidadãos”, acrescentou.

Um outro objectivo é também, segundo José Maria Neves, mobilizar parcerias, apadrinhar essas iniciativas, essas acções positivas e contribuir na melhoria da qualidade de vida das pessoas nos diferentes bairros.

José Maria Neves fez também referência ao projecto “Casa para Todos”, descrito como um exemplo de iniciativa social que deve ser expandida e reforçada.

“A ideia é que ‘Casa para Todos’ não reproduza a pobreza e as desigualdades, mas sim promova uma autoestima mais elevada e melhore o capital social das pessoas”, salientou.

O Presidente da República destacou ainda o trabalho desenvolvido pela Fundação Garah na mobilização dos jovens e no reforço da autoestima comunitária.

A Fundação Garah, liderada por Clovis Graziani da Lomba, mais conhecido por Ga da Lomba, foi oficialmente inaugurada a 03 de Maio de 2024 e resulta do projecto “Nunca experimentar”, criado em 2016, visando a prevenção e o resgate de pessoas afectadas pelo álcool e outras drogas.

“Já apresentámos o projecto, e hoje o Presidente da República veio visitar, enquanto padrinho, o espaço físico da fundação. Agradecemos a sua abertura e disponibilidade em aceitar este papel tão simbólico”, afirmou Ga da Lomba, em declarações à imprensa.

Adiantou, igualmente, que o projecto “Nunca experimentar”, que deu origem à Fundação Garah, já percorreu sete ilhas de Cabo Verde, tendo realizado 218 encontros de reflexão, com mais de 20 mil participantes.

“Mais de 30 jovens já procuraram tratamento através deste projecto. Foi a partir daí que surgiu a ideia de criar uma estrutura mais sólida e permanente”, explicou Ga da Lomba.

A fundação é composta por 21 elementos e organizada em quatro conselhos: Conselho de Fundadores, Conselho de Administração, Conselho Fiscal e, futuramente, um Conselho Executivo, que entrará em funcionamento com a conclusão das obras.

Os trabalhos de reabilitação do espaço já começaram, com limpezas, pinturas e organização das áreas.

“A expectativa não é apenas aguardar por financiamento, mas sim fazer acontecer. O objectivo é ajudar, dar assistência, sobretudo a pessoas dependentes e co-dependentes e aos seus familiares, oferecendo uma alternativa para mudar de vida”, sublinhou.

A fundação contará com um serviço de tratamento ambulatório, com acompanhamento técnico por psicólogos e enfermeiros, além de espaços dedicados à formação com e sem recurso a tecnologias, apoio educativo para crianças fora do horário escolar e ainda um estúdio de música e dança.