
Reagindo a declarações do presidente da Câmara Municipal de São Vicente de que, durante cinco dias, “a Rua de Lisboa vai bombar” para celebrar a “resiliência” dos mindelenses, os vereadores da autarquia eleitos pelo PAICV “demarcam-se perante a irracionalidade e a desproporcionalidade deste evento”, que consideram "completamente desajustado, inadequado, desproporcional e inoportuno”.
Reagindo a declarações do presidente da Câmara Municipal de São Vicente à TCV, anunciando que “a Rua de Lisboa vai bombar” durante cinco dias de celebrações, entre 27 e 31 de dezembro para celebrar a resiliência dos mindelenses, os vereadores do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) consideraram esta quinta-feira, 18, que um único dia de festa na Rua de Lisboa “é mais do que suficiente para celebrar a resiliência”.
Os vereadores falavam durante uma conferência de imprensa realizada, simbolicamente, em frente ao polidesportivo Oeiras Norte, em Chã de Alecrim, cuja obra consta dos sucessivos orçamentos da Câmara Municipal, mas que está há mais de 15 anos em construção, o que, para os autarcas do PAICV, “é uma demonstração clara da falta de visão, de transparência e de priorização” de projetos para São Vicente.
Um exagero completamente desproporcional
“Tivemos municípios que deixaram de realizar as suas festividades, nomeadamente os festivais de Verão, e apoiaram financeiramente São Vicente. Entendemos que temos de celebrar a resiliência, mas cinco dias achamos que é exagero e completamente desproporcional. Um único dia de passagem de ano serve perfeitamente para celebrarmos a nossa resiliência”, disse António Duarte, o porta-voz dos vereadores do PAICV.
É que, ainda segundo o vereador, o PAICV não é contra as festividades, mas defende que se deve celebrar de acordo com a proporção que a ilha necessita neste momento.
António Duarte lembrou que São Vicente tem um conjunto de problemas que necessitam ser ultrapassadas, como infraestruturas danificadas, redes de drenagem e de esgotos, e toda a estrutura de saneamento básico, que “ficou completamente comprometida”, sublinha o vereador, sugerindo que “parte desse dinheiro poderia servir exatamente para priorizar essas questões” e acrescentando que as festividades se configuram como uma “decisão de grande impacto logístico, financeiro e social”, anunciadas “num palco político, sem a mínima elegância de ser comunicada, discutida ou ponderada em sessão da câmara, fórum próprio e democrático para tal”.
Desrespeito grosseiro com a população
“É um desrespeito grosseiro para com os órgãos municipais, para com os vereadores e, acima de tudo, para com a população de São Vicente. Um desrespeito pelo contexto de recuperação pós-tempestade que vivemos e pelas reais prioridades de que a ilha necessita”, enfatizou o porta-voz dos vereadores.
Ainda segundo António Duarte, os vereadores do PAICV “demarcam-se perante a irracionalidade e a desproporcionalidade deste evento” e consideram "completamente desajustado, inadequado, desproporcional e inoportuno” anunciar cinco dias de festas para celebrar, quando a ilha “enfrenta ainda diversas dificuldades".
Custos das festividades no segredo dos deuses
Questionado sobre o montante canalizado, Duarte disse que “não tem ideia e dificilmente terá”, porque “o presidente da câmara [Augusto Neves] tem o hábito de deixar no segredo dos deuses os custos dessas festividades”.
Sobre a justificação do presidente da câmara de que “o financiamento dessas festas não vem dos cofres municipais”, mas sim através de empresas e empresários, António Duarte respondeu: “essa já é a velha tática do presidente da câmara municipal, com os velhos amigos que insistentemente anuncia quando quer argumentar o anúncio das festas”, finalizou o vereador.
C/Inforpress
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