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Liberdade de Imprensa. Cabo Verde continua 25º no mundo de 2º melhor lusófono
Sociedade

Liberdade de Imprensa. Cabo Verde continua 25º no mundo de 2º melhor lusófono

Relatório da Repórteres Sem Fronteiras divulgado esta terça-feira, 21, justifica a manutenção de Cabo Verde 25º lugar do ranking mundial de liberdade de imprensa – segundo na CPLP – com o facto de os directores da RTC deixarem de ser nomeados pelo Governo.

Para a RSF, esse facto significa “diminuição do controlo político sobre os órgãos de comunicação públicos”, apontando para a decisão do Governo de abdicar da nomeação dos administradores da televisão estatal, que passam a ser escolhidos por um conselho independente. Ainda assim, a RSF não sobe a cotação do país no seu índice anual.

E assim, Cabo Verde mantém-se no 25º lugar no índice de liberdade de imprensa da Repórteres Sem, Fronteiras e o segundo melhor classificado em países de língua portuguesa, sendo apenas ultrapassado por Portugal.

Aliás, a nível da CPLP nota que a liberdade de imprensa deteriorou-se em três dos nove países lusófonos, com a Guiné-Bissau a sofrer a maior queda e Timor-Leste a registar a subida mais acentuada no índice anual da organização Repórteres Sem Fronteiras, divulgado hoje.

De acordo com o índice que classifica a liberdade de imprensa no mundo e avalia 180 países, entre os países lusófonos, Guiné-Bissau, Brasil e Moçambique registaram piores resultados do que na avaliação anterior, enquanto Portugal, Timor-Leste e Angola melhoraram e Cabo Verde e Guiné Equatorial mantiveram as posições do índice anterior.

A Guiné-Bissau, que este ano surge no 94.º lugar, caiu cinco posições.

Os Repórteres sem Fronteiras (RSF) consideram que “o impasse político” que se vive no país tem sido “um obstáculo à liberdade de imprensa”.

A organização assinala a ocupação, no início de 2020, da sede da rádio e televisão nacionais por militares próximos do autoproclamado Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, no contexto da crise política surgida após a segunda volta das presidenciais de dezembro de 2019.

Na avaliação dos RSF, os media e jornalistas do país continuam “extremamente vulneráveis” às pressões políticas e económicas, o acesso livre à informação não está garantido e prevalece a autocensura na abordagem às falhas governamentais, ao crime organizado e à influência dos militares na sociedade.

O índice regista ainda a queda de dois lugares do Brasil, que passou do lugar 105.º para 107.º, e de uma posição de Moçambique (do 103.º para o 104.º).

Os RSF consideram que o Brasil permanece um país “particularmente violento” para a imprensa. “O Presidente Bolsonaro, os seus próximos e vários membros do governo insultam e humilham regularmente alguns dos mais importantes jornalistas e media do país, promovendo um clima de ódio e desprezo pelo jornalismo”, adianta a organização.

Em Moçambique, os RSF denunciam “fortes pressões” e “agressões frequentes” a jornalistas independentes.

Assinalam, por outro lado, a “quase impossibilidade” de os jornalistas acederem ao norte do país, onde grupos armados têm atacado localidades, pilhado e matado civis, adiantando que dois jornalistas que o tentaram fazer ficaram detidos durante quatro meses em 2019.

Em sentido oposto, Timor-Leste subiu seis posições no índice, passando da 84 para a 78, com a organização a assinalar que a cobertura “relativamente livre” de episódios de instabilidade do governo nos anos 2019-2020 “permitiu destacar o papel do pluralismo dos meios de comunicação no exercício da democracia timorense”.

Angola subiu três posições na classificação, passando da 109 para a 106. Os RSF destacam “os sinais encorajadores” dados com a absolvição de jornalistas de investigação em 2018, mas assinalam que “os quatro canais de televisão, as rádios e os cerca de vinte títulos da imprensa escrita permanecem, em grande parte, sob o controle ou a influência do governo e do partido no poder”.

“A censura e a autocensura permanecem muito presentes", apontam os RSF, acrescentando que os “custos exorbitantes das licenças de rádio e televisão são um freio ao pluralismo" dos meios de comunicação angolanos”.

Portugal melhorou também a sua avaliação, passando da posição 12 para a 10 num total de 180 países.

Cabo Verde (25º), o segundo país lusófono melhor classificado no índice, e a Guiné Equatorial (165º), o pior, mantiveram as respetivas classificações. Dos países lusófonos, o relatório não refere São Tomé e Príncipe.

Publicado desde 2002, o índice dos Repórteres Sem Fronteiras fornece uma panorâmica da liberdade de informação em 180 países e territórios.

O índice avalia o desempenho dos países em termos de pluralismo e independência dos meios de comunicação social, ambiente e autocensura, enquadramento legal, transparência e qualidade das infraestruturas de apoio à produção de informação.

Santiago Magazine/Lusa

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