O Ministério da Saúde vai ter de arranjar novos espaços alternativos para poder acolher futuros doentes de coronavírus. É que a única enfermaria equipada para o tratamento do Covid-19 no Hospital Agostinho Neto na Praia está quase sem camas devido ao aumento relâmpago dos seis casos de ontem.
Os antigos quatros particulares do Hospital Agostinho Neto, para onde são encaminhados e isolados os pacientes com coronavírus, têm apenas 14 camas, que é precisamente o número de infectados pelo Covid-19 na Ilha de Santiago. Só a cidade da Praia já conta 13 casos positivos de coronavírus, com o surgimento, ontem, 20, de mais quatro infectados, e o primeiro no Tarrafal.
Neste momento, essa enfermaria improvisada para cuidar dos pacientes com Covid-19 e que dispõe de dez monitores (seis para adultos e quatro para crianças) para seguimento do quadro clínico dos doentes, só não está lotada porque há casos em que os infectados continuam assintomáticos e sem necessidade de cuidados intensivos, pelo que foram colocados em isolamento obrigatório nas suas casas. O espaço do HAN tem já nove infectados internados a receber tratamento, mas com base no número de casos suspeitos e outros que eventualmente poderão surgir nas próximas horas ou dias, não haverá cama suficiente, daí a necessidade da instalação de um hospital de campanha noutro lugar, ainda a definir.
O presidente do Conselho de Administração do Hospital Agostinho Neto, Júlio Andrade, admitiu ao Santiago Magazine que “neste momento o espaço está praticamente cheio”. “O objectivo era acolher nesse lugar situações mais complexas, mas estamos agora com vários casos positivos com sintomas”, referiu o gestor do HAN.
Segundo Júlio Andrade, o Ministério da Saúde já está a trabalhar para arranjar alternativas. “Não lhe posso dizer onde será, isso é com o Ministério da Saúde, através da Direcção Nacional e a Delegacia de Saúde da Praia que estão a tratar desse processo. Mas sei que já há alternativas”, garantiu, avançando que ainda ontem, 20, o Ministério da Saúde deveria reunir seus técnicos e departamentos para decidirem onde instalar a nova instalação que irá receber os pacientes com Covid-19, porque “havia várias hipóteses e teriam que analisar qual seria a melhor alternativa.
Andrade explicou ao Santiago Magazine que, tal como fora a ideia inicial, só os doentes que necessitem de maiores cuidados serão encaminhados para o Hospital Agostinho Neto, e os infectados assintomáticos vão ser colocados num novo espaço. “Aliás, há três ou quatro doentes com coronavírus que estão em casa, porque ainda não sentiram qualquer sintoma que inspire cuidados, que vão ser encaminhados para essa nova instalação. Sabe, no estrangeiro as pessoas que estão assintomáticas ficam em casa, mas aqui as pessoas não têm autodisciplina, pelo que se optou pelo seu isolamento sob o controlo directo das autoridades de saúde.”
Em relação ao caso da mulher suspeita de coronavírus que fugiu à quarentena para ir a uma festa e que depois teve acidente e parou todo o bloco operatório durante 24 horas do dia 1 de Abril até saírem os resultados dos testes (dariam negativo), o PCA do Hospital Agostinho Neto garantiu outra vez que haverá queixa na Procuradoria, mas que o processo não foi concluído pelo gabinete jurídico do hospital por causa das restrições de circulação para contacto pessoal. “Via telefone não dá, em se tratando de uma investigação para apurar os factos que serão entregues ao Ministério Público. Mas ainda temos tempo, nessa situação a lei estipula um prazo de seis meses para apresentação de queixa, senão expira”, nota Júlio Andrade.
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