Batota judicial. PGR manda excluir todas as diligências feitas pelo procurador Ary Varela no caso da morte de Zezito denti d’Oru
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Batota judicial. PGR manda excluir todas as diligências feitas pelo procurador Ary Varela no caso da morte de Zezito denti d’Oru

A Procuradoria Geral da República, através do Departamento Central de Acção Penal (DCAP), ordenou o “desentranhamento de todas as diligências desencadeadas pelo procurador Ary Varela”, no âmbito da investigação à morte de Zezito Deti d’Oru, em que estão arguidos inspectores-chefes da Polícia Judiciária por “homicídio agravado”, num processo que faz referência ao ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, então director adjunto da PJ e alegado líder dessa operação.

O despacho, a mandar excluir dados apurados pelo procurador Ary Varela, que tinha o caso Zezito em mãos, foi assinado pelo próprio procurador-geral da República, Luis José Landim, e comunicado esta semana aos intervenientes do processo através do Departamento Central da Acção Penal (DCAP).

Segundo fonte de Santiago Magazine, junto da DCAP, o objectivo é eliminar tudo o que já foi investigado e apurado até aqui no processo que investiga a misteriosa morte de Zezito denti d’Oru, em 2014, no bairro da Cidadela, numa suposta troca de tiros com a PJ. “É uma forma subtil de se queimar arquivo e abafar de vez este escândalo”, realça a fonte de SM.

Só para se ter uma ideia, uma das peças mais importantes nessa investigação perde valência – o depoimento de Adelino Lopes (Ady) que estava junto com Zezito no dia em que este foi metralhado por agentes da PJ. Ary Varela havia enviado aos Estados Unidos, onde Ady reside, uma carta rogatória para o ouvir no processo, mas depois da notícia de Santiago Magazine a PGR ordenou o desentranhamento de todas as diligências do procurador que tinha e o processo (que agora está com Vital Moeda), impedindo, assim, a audição da principal testemunha, Adelino Lopes, que pode confirmar ou não a presença do ministro da Administração Interna no local do crime.

O procurador Ary Varela foi alvo de buscas na quarta-feira, 12, tanto na sua residência quanto no seu próprio escritório no Ministério Púbico. As buscas, no âmbito desse processo levantado pela PGR por fuga de informação (este jornal e o seu director, Hermínio Silves também, foram constituídos arguidos), chegaram igualmente ao gabinete e residência dos inspectores João Emílio e André Semedo, actual director central de investigação criminal.

Foram confiscados computadores (de serviço até) e telemóveis de todos eles na tentativa de tentarem saber como é que a informação, relatada por este jornal, saiu.

Sete anos depois da misteriosa morte de Zezito Denti d'Oru, o Ministério Público constitui como arguidos três inspectores-chefes da PJ, acção despoletada pelo artigo de Santiago Magazine, que, na posse do dossier, revelou os nomes e as suspeitas que racaem hoje sobre a instituição policial, PJ, e seus inspectores e agentes, supostamente, conforme está descrito no processo, a mando de Paulo Rocha, então director adjunto da Judiciária, ex-director do SIR e actual ministro da Administração Interna.

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SOBRE O AUTOR

Hermínio Silves

Jornalista, repórter, diretor de Santiago Magazine

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