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UCID considera nomeação de Óscar Santos uma “afronta à democracia”, MpD diz ser normal
Política

UCID considera nomeação de Óscar Santos uma “afronta à democracia”, MpD diz ser normal

O presidente da UCID classificou a decisão do Governo em nomear Óscar Santos a governador do Banco de Cabo Verde (BCV) como “afronta à democracia” e “atitude de desespero” do MpD em vésperas de eleições legislativas. A líder da bancada parlamentar do MpD, Joana Rosa, considera que foi uma escolha "normal e natural".

O Governo nomeou Óscar Santos, ex-presidente da câmara da Praia, para o cargo de governador do BCV, substituindo João Serra, que chegou ao fim da sua comissão de serviço.

Uma decisão que, segundo António Monteiro, é de uma “irresponsabilidade terrível”, quando se está a três/quatro meses das próximas eleições legislativas. “Em democracia isso não se faz e não se aceita questões desse tipo. O bom-senso aconselha que mesmo que quisessem nomear Óscar Santos devia-se esperar os resultados das novas eleições”, defendeu o líder da UCID, classificando tal atitude de “afronta à democracia” e “atitude de desespero” do MpD.

António Monteiro disse não ter “nada contra” Óscar Santos como pessoa, mas “essa de dar-lhe um presente por ter perdido a câmara da Praia, não faz qualquer sentido”, asseverou. “Se fosse num período normal, acho que tal não acontecia, mas numa situação de desespero espera-se de tudo. Isto é claramente um desespero político”, criticou a mesma fonte, que espera que a nomeação “não tenha mais nenhuma intenção por detrás”.

Por essa razão, conforme o líder da UCID, aguarda-se que os próprios militantes do Movimento para a Democracia (MpD, poder) sancionem tal atitude. “Assim como nós estamos indignados, acredito que há militantes do MpD indignados, porque muitos deles são amantes da democracia e de um Estado de direito democrático”, reiterou.

António Monteiro augurou, por outro lado, que o BCV continue com a “postura equidistante, enquanto instituição credível e reguladora” da actividade económica no País e que “não caia na tentação de tomar decisões lesivas ao Estado de Cabo Verde e que satisfaça temporariamente o Governo do MpD”.

Já o MpD tem leitura completamente oposta. O partido que sustenta o governo considera “normal e natural” a nomeação de Óscar Santos para o cargo de governador do Banco de Cabo Verde, por ser um “economista conceituado no País”.

Esta posição foi defendida à imprensa hoje, 5, pela líder do Grupo Parlamentar do MpD, Joana Rosa, que em reacção ao posicionamento de Walter Évora à RCV disse ter “dúvidas se no seio do PAICV haja alguém com formação sólida na economia tal como Óscar Santos”, alegando que esta nomeação foi baseada “pelo mérito e pela competência”.

“É isso que o País precisa, de gente competente em lugares também de algum interesse”, explicitou Joana Rosa, convicto que “o BCV vai com certeza ganhar um quadro com “status” do nível de Óscar Santos e que o País estará a ganhar. Isso não irá pôr em causa o BCV, enquanto entidade reguladora, daquilo que é o princípio da independência perante os poderes públicos”, ressalvou.

Sublinhou que tal como o anterior governador, João Serra, o novo governador, Óscar Santos, vai exercer de forma isenta as suas novas funções para o bem do País.

O banco central, enquanto uma entidade reguladora “importantíssima”, observou Rosa, tem que ter à frente “um economista de renome nacional, com perfil desejado para o cargo, por ser capaz de exercer essa função de forma isenta e independente”.

Entretanto, o líder parlamentar do PAICV, Rui Semedo, ao ser abordado para uma reacção sobre esta nomeação de Óscar Santos, prometeu pronunciar-se posteriormente, afirmando que esta questão ainda não foi debatida no seio do grupo que lidera.

A nomeação do ex-presidente da Câmara Municipal da Praia consta no Boletim Oficial (B.O.) de 04 de Janeiro, indicando que a decisão saiu do Conselho de Ministros, que também nomeou para administradores do BCV António Varela Semedo, Maria Tereza Lopes da Luz Henriques e Elias da Veiga Pereira, que substituem Carlos Manuel da Luz Delgado Rocha, Horácio Moreira Semedo e Carlos Alberto Carvalho Furtado.

O Governo justifica a formalização da cessação, por caducidade, do mandado do governador João Serra e dos administradores, com o facto de o mesmo ter a duração de cinco anos, renovável por uma só vez, por igual período. A resolução aprovada em Conselho de Ministros, que nomeia Óscar Santos, entra em vigor esta terça-feira, 05.

Com Inforpress

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