O secretário das Relações Exteriores do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) felicitou hoje os sucessivos governos de Cabo Verde e os partidos políticos pelo estado de conservação do Campo de Concentração.
Em declarações à imprensa durante uma visita efectuada ao município do Tarrafal, em concreto ao Campo de Concentração, Manuel Augusto Gomes considerou que a infra-estrutura se encontra em “bom estado de conservação”, ressaltando que este local representa “a memória coletiva da luta” pela libertação dos países africanos de língua portuguesa.
O chefe da delegação angolana do MPLA congratulou-se ainda mais com a notícia de que se encontra em curso um processo para que este Campo de Concentração seja elevado a Património Universal.
Ao percorrer o local disse que foi possível aferir “o grau da crueldade do regime da colonização, testemunhar que a luta dos povos africanos de língua portuguesa foi comum com a luta dos antifascistas portuguesa”, sublinhou.
Agradeceu o convite para a visita a Cabo Verde, o que proporcionou o reencontro com a história comum e visitar o local por onde passaram vários combatentes da liberdade, nomeadamente angolanos, que sofreram para que hoje fosse possível “desfrutar da liberdade, da democracia e se tornar donos dos próprios destinos”.
“Alguns angolanos que passaram por aqui ainda estão vivos, e, naturalmente, com esta visita o meu respeito e admiração por eles tornar-se-á ainda maior”, disse, afirmando que foi possível imaginar o que é que há mais de 40 anos passaram, sofreram e suportaram, para que os países pudessem ser livres, independentes e soberanos.
Recordou que os presos do Campo da Concentração foram as primeiras vítimas “deste instrumento de terror”, criado no longínquo ano de 1937, e estar a visitar o local a poucos dias dos 50 anos do 25 de Abril “dá a sensação de ter um privilégio raro” de poder associar não o conhecimento que se tem através de alguns painéis existentes no Campo.
O secretário considerou que no dia 25 de Abril os sobreviventes dessa “saga heroica” sentirão orgulhosos ao se darem conta que valeu a pena o seu sacrifício para que os angolanos hoje sejam livres.
“Para o partido no poder em Angola, o MPLA, este reencontro regular com a nossa história faz parte do nosso ADN, pois constitui também uma mola encorajadora e impulsionadora do nosso trabalho diário para conseguirmos criar condições para uma vida melhor com o nosso povo”, evidenciou.
A mesma fonte reforçou que também é uma forma de expressar a solidariedade com os outros povos irmãos, particularmente aqueles que estão unidos pelo sangue e pelos ideais da liberdade.
Manuel Augusto Gomes destacou que Cabo Verde, a partir de um “facto triste”, que é ou foi albergar este “campo da morte”, se torna ao mesmo tempo uma “referência permanente” da capacidade de resistência e da vontade de ser livre.
Daí, reforçou, sobretudo a juventude dos países deveria ter a oportunidade de visitar locais como este, para compreender que a luta não começou com eles e o sofrimento não é também apanágio só dos novos tempos, e que a vontade de superar, de lutar e de vencer deve ser uma característica permanente a todos.
A delegação angolana, dirigida pelo secretário das Relações Exteriores do MPLA, Manuel Augusto Gomes, chegou hoje a Cabo Verde para uma visita de trabalho de dois dias.
No programa consta uma série de encontros institucionais, cujo objectivo será a troca de informações sobre a situação política de Cabo Verde, de Angola e do continente africano no seu todo.
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