São Lourenço dos Órgãos: PAICV em Santiago Norte acusa bancada do MpD de ter proferido um comunicado “mentiroso e falso”
Política

São Lourenço dos Órgãos: PAICV em Santiago Norte acusa bancada do MpD de ter proferido um comunicado “mentiroso e falso”

A Comissão Política Regional (CPR) do PAICV – Santiago Norte acusou esta segunda-feira, 30, a bancada municipal (cessante) do MpD em São Lourenço dos Órgãos de fazer um comunicado “falso e mentiroso”.

Em conferência de imprensa, o porta-voz da CPR e presidente da JPAI, Vailson Garcia, reagia ao comunicado produzido pela bancada cessante do Movimento para a Democracia (MpD), em São Lourenço dos Órgãos, na passada sexta-feira, 27, sobre o pagamento do subsídio de reintegração aos vereadores cessantes em vez de remunerar os trabalhadores da autarquia.

Vailson Garcia considerou que esta acção demonstrou de forma “clara” o destrato e o desrespeito em que os servidores da autarquia laurentina foram tratados nos últimos oito anos, governados pelo MpD, considerando que o documento do MpD foi “sustentado por mentiras e falsidade”.

“O próprio partido mergulhou-se num autêntico escândalo ético e moral na gestão de coisa pública jamais vista em Cabo Verde”, disse, reforçando que o próprio porta-voz do MpD, o deputado municipal Antunes Marques, foi um dos receptores do subsídio num montante de 672.948 escudos.

“O presidente cessante, o ordenante, ausentou-se do país com mais de 1.600.000 escudos no bolso provenientes do subsídio de reintegração”, acusou, sustentando que este foi eleito vereador.

Quanto à dívida de 320 mil contos que o porta-voz do grupo do MpD anunciou que tinha sido herdado pela equipa camarária em 2016 e que a equipa passou todos esses anos a pagar a dívida herdada, o porta-voz da CPR revidou, sustentando que agora a autarquia tem uma dívida de mais de 400 mil contos. 

Além disso, estranhou o facto de o MpD ter herdado esta câmara com tamanha dívida nas costas e mesmo assim contrataram mais vários funcionários, chegando neste momento a serem contabilizados 285 trabalhadores da autarquia.

Neste sentido, Vailson Garcia, em nome da CPR, demonstrou a sua solidariedade para com os trabalhadores da autarquia laurentina pelo episódio e na época natalícia, causado por conta de uma “polémica, insensata e vergonhosa decisão da equipa cessante, comandada por Carlos Vasconcelos”, esgotando todo o dinheiro do  Fundo de Financiamento Municipal, aproximadamente nove mil contos.

Diante deste cenário, avançou igualmente que a CPR se sente “agradada” pelos esforços que têm sido levados a cabo pela nova equipa liderada por Euclides Cabral em conseguir arranjar forma de imobilizar recursos para pagamento dos salários dos funcionários, considerando que “isso demonstra de forma clara que o novo presidente veio resgatar São Lourenço”.

De ressaltar que em entrevista à Inforpress, o presidente da câmara municipal, Euclides Cabral, anunciou hoje que os 285 funcionários da Câmara Municipal de São Lourenço dos Órgãos começam a receber, ainda hoje, o salário de Dezembro que tinham em atraso, justificando que a autarquia já tem 6.000 contos na conta, fruto de uma negociação com o Ministério das Finanças. 

Conforme lembrou, este atraso do salário deve-se ao facto de o presidente cessante, Carlos Vasconcelos, que perdeu as eleições autárquicas de 01 de Dezembro por um voto, ter preferido atribuir a si e aos demais quatro eleitos cessantes o subsídio de reintegração em vez de pagar os salários aos funcionários.

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Comentários

  • Zé P., 31 de Dez de 2024

    Olha, temos que rever a questão do municipalismo e descentralização em Cabo Verde, de modo que as câmaras (e eventuais regiões administrativas) possam ter melhor capacidade de se auto-sustentarem. Ouvindo de fundos mal aproveitados, obras superfaturadas, ou feitas sem qualidade para se adequar ao local onde se encontra, e outros casos, põe em real questionamento a nossa capacidade de gestão.

    • Zé P., 31 de Dez de 2024

      A questão de fundos mal aproveitados é um caso muito mais sério do que aparenta, somos um país com as dificuldades que temos, ainda por cima com alguma dependência de ajuda externa. NÃO PODEMOS NOS DAR AO LUXO DE DESPERDIÇAR OS NOSSOS ESCASSOS RECURSOS. Não me deixa feliz que após todos esses anos continuamos a depender de doações (até de comida) de outros países, é incongruente falar de Cabo Verde como caso de sucesso em África, nessas condições.
    • Zé P., 31 de Dez de 2024

      Da mesma forma me estranha aqueles que desesperadamente procuram separar Cabo Verde do contexto africano para (tentar) introduzir o país num contexto europeu, a mim mais me parece uma grande falta de visão de longo prazo, visto que mesmo a Europa têm os seus olhos voltados para África, e nós parte do continente africano, não tiramos efetivo aproveito disso (até para coisas simples como alimentação por exemplo, temos mais a ganhar com boas parcerias regionais).
    • Zé P., 31 de Dez de 2024

      Cabo Verde está no 'centro do mundo', temos de ter a capacidade de agir, diplomaticamente, e estragicamente, como alguém que têm essa posição estratégica do mundo. Temos de ser inteligentes e escolher líderes inteligentes com capacidade de negociar e fazer as coisas acontecerem, mesmo contra a corrente.
    • Zé P., 31 de Dez de 2024

      E como último ponto agora, os cabo verdianos são um povo mais esclarecido do que os políticos imaginam (creio que sabem disso, mas esquecem-se após muito tempo debaixo do ar condicionado). Então em vez de tentar constantemente maquiar as situações (somos um país pequeno, todos percebemos as movimentações estranhas que fazem), procurem resolver os problemas estruturais definitivamente, e não sejam uma pedra no caminho do desenvolvimento do país.

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