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Parlamento. Oposição e Governo trocam acusações sobre penetração de renováveis em Cabo Verde
Política

Parlamento. Oposição e Governo trocam acusações sobre penetração de renováveis em Cabo Verde

O presidente PAICV, Rui Semedo, afirmou hoje no parlamento que Cabo Verde está "muito atrasado" na implementação das energias renováveis, sem evolução desde 2016, mas o primeiro-ministro acusou o líder da oposição de estar "atrelado ao passado".

"De facto, a situação é clara. Estamos atrasados, muito atrasados. Precisamos acelerar os passos. Há esse compromisso e nós o que queremos acreditar é que a partir deste compromisso [aceleração da transição energética anunciada pelo Governo], de facto, vai-se acelerar o passo, para se recuperar o tempo perdido", afirmou Semedo.

O presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição desde 2016) falava no encerramento do debate mensal no parlamento com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, com o tema “Estratégia de Aceleração da Transição Energética”.

O debate ficou marcado pelas críticas do maior partido da oposição à "estagnação" na taxa de penetração da produção de energia renovável em Cabo Verde, que ronda os 20% do total, através de produção de eletricidade em parques eólicas e parques solares.

"Deixamos 20% [taxa de penetração, em 2016] e continua a 20%. Fala muito e faz pouco", acusou Rui Semedo, dirigindo-se a Ulisses Correia e Silva, primeiro-ministro desde 2016.

O líder da oposição afirmou que é preciso que "a energia renovável não fique apenas no discurso e entra na prática para a transformação do país".

Na reação, o primeiro-ministro sublinhou que Cabo Verde necessita de apostar no armazenamento da produção de eletricidade renovável, excedente em determinadas alturas do dia, processo que está em curso, ao mesmo tempo que aumenta a capacidade instalada destes parques em todo o país.

Ainda assim, Ulisses Correia e Silva acusou o PAICV, que esteve no poder de 2001 a 2016, de continuar "atrelado ao passado” e "a uma governação que já passou”.

"Hoje não ouvimos as propostas e o que o PAICV pensa sobre a transição energética. Absolutamente nada em termos de alternativas”, apontou.

Durante a manhã, neste debate, o primeiro-ministro estimou a necessidade de investir 520 milhões de euros para atingir as metas de transição energética até 2030, dos quais 65% através do Estado ou parcerias público-privadas.

“Somos um país com forte dependência de combustíveis fósseis para produção de energia, em cerca de 80%. Esta realidade coloca Cabo Verde como extremamente vulnerável a choques externos provocados pelos aumentos de preços internacionais dos combustíveis. A crise inflacionista provocada pela guerra na Ucrânia é um bom exemplo”, afirmou o chefe do Governo.

Ulisses Correia e Silva sublinhou a aposta de Cabo Verde no aproveitamento dos “abundantes recursos para a produção de energias renováveis” de que o país dispõe, como o sol, vento e mar.

“A transição energética exige avultados investimentos na produção, quer no armazenamento da energia, quer na eficiência energética. Estimamos 520 milhões de euros até 2030, sendo 65% investimento privado e em regime da parceria público-privada”, explicou.

De acordo com o primeiro-ministro, a taxa de penetração das energias renováveis na produção de eletricidade “tem oscilado entre os 18 e os 20%”, e a meta do Governo é “atingir 30% da produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis até 2025”.

“Ultrapassar 50% até 2030 e atingir quase 100% em 2040”, sublinhou.

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