A estratégia expansionista de assentamentos do regime israelita, numa altura em que cada vez mais países sustentam a constituição do Estado da Palestina, ameaça dividir a Cisjordânia em duas e está a gerar repúdio da Organização das Nações Unidas, da Alemanha, do Egito e de organizações que defendem os direitos humanos.
O anúncio do ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich (de extrema-direita), da construção de 3.400 habitações na Cisjordânia ocupada, que definiu como o “enterro da ideia de um Estado palestino”, está a gerar mal-estar, levando o Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU a reagir, considerando a medida ilegal à luz do direito internacional e alertando que se trata de “um crime de guerra uma potência ocupante transferir sua própria população civil para o território que ocupa”.
Ao discursar na última sexta-feira, 15, em Ma’ale Adumim, Smotrich declarou que a construção de novos assentamentos “enterra a ideia de um Estado palestiniano, porque não há nada a ser reconhecido”, acrescentando que “eles falarão de um sonho palestiniano, nós construiremos uma realidade judaica”.
O projeto, que prevê a construção de novas habitações em Ma’ale Adumim, um assentamento onde vivem mais de 38 mil colonos israelenses, significa um aumento de 33% do stock de moradias.
A implementação do assentamento, segundo organizações de defesa dos direitos humanos, a ser levado avante, terá efeitos devastadores para a população palestiniana, dividindo a Cisjordânia em duas regiões não conectadas e inviabilizando a contiguidade territorial necessária para a criação de um Estado palestino viável.
Como os “bantustões” do apartheid sul-africano
Relatórios das organizações Peace Now, Ir Amim e da Associação para a Justiça Ambiental referem que a construção das habitações dissiparia as últimas reservas de terra entre Ramallah, Jerusalém Oriental e Belém, cidades que abrigam cerca de um milhão de palestinianos, transformando a região em enclaves cercados e isolados, que comparam aos “bantustões” do apartheid sul-africano.
Por sua vez, o ministério das Relações Exteriores da Autoridade Palestiniana denunciou o projeto como parte dos “crimes de genocídio, deslocamento e anexação”, uma repercussão das declarações de Netanyahu sobre o chamado “Grande Israel”.
O porta-voz da Autoridade Palestiniana, Nabil Abu Rudeineh, salientou que o avanço do assentamento aprofundará tensões, e acusou tanto Israel quanto os Estados Unidos de sustentarem uma realidade adversa ao direito internacional.
Ao mesmo tempo que a ONU e a Alemanha e o Egito rejeitaram o plano de Israel, países como França, Reino Unido, Austrália, Canadá, Finlândia, Nova Zelândia, Portugal, Andorra e San Marino anunciaram que pretendem reconhecer o Estado palestiniano em setembro, na Assembleia Geral da ONU. A declaração também foi assinada por países que já reconhecem a Palestina, como sejam a Islândia, Irlanda e Espanha.
Fonte: Imprensa internacional; Foto: Captura
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