I
Os olhares são severos e sempiternos. Fingem-se com o sorriso até o último molar mesmo que esteja furado. E qual técnica de efabulação (!) Prefiro a polifonia musical por que as linhas não se encontram, nem se cruzam e evolam-se. Não há mais, hoje, a ociosidade feliz de Cervantes ou de Diderot em noites da lua inteligente: a dramatizar o real e a fingir-se com alma de Judas.
II
Prefiro estar sozinho vis-à-vis ao meu espelho e cria-se, em mim, o cinzento da angústia, do lento silêncio com a noite como fundamento de tudo até do suicídio. Através da minha janela vejo um tamanho ecrã e um homem que escreve para contar cada pedaço que levou-o a viajar no tempo e no espaço ou numa ribeira de roupa branca e cheira a sabão de barra azul ou do anil Dos meus antepassados.
III
Isolo-me… embarcando-me em alvas espumas das festas da Bandeirona na ilha do Fogo, nas asas de acasaladas cagarras “Calonectris” dos ilhéus Rombo e Raso para descobrir a história dos pássaros e do Universo. Quais catraias libidinosas de lentíssimos lábios carnudos, desvairada em fazer amor, em noites primaveris, iguais a sons frios do infinito no horizonte da ilha Brava (!) E meti-me por janeiro fora à procura do sonho e do sorriso entre os lixos da realidade que provocam dentro de mim uma sensação de estranheza de um tamanho êmê (M).
Os comentários publicados são da inteira responsabilidade do utilizador que os escreve. Para garantir um espaço saudável e transparente, é necessário estar identificado.
O Santiago Magazine é de todos, mas cada um deve assumir a responsabilidade pelo que partilha. Dê a sua opinião, mas dê também a cara.
Inicie sessão ou registe-se para comentar.
Comentários