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Tecnicil é o 11º maior devedor do ex-Banco Espírito Santo. 10 milhões de contos nunca pagos
Economia

Tecnicil é o 11º maior devedor do ex-Banco Espírito Santo. 10 milhões de contos nunca pagos

A empresa cabo-verdiana Tecnicil está na lista dos 20 maiores devedores do Novo Banco, ex-Banco Espírito Santo, de Portugal, que lhe deram um calote de 6,6 mil milhões de euros no total. Só a Tecnicil ficou por pagar 92,5 milhões de euros ao banco português.

A lista foi publicada pelo jornal Correio da Manhã em primeira mão e repescada pelos restantes órgãos de comunicação portugueses e causou choque até nesse país, por revelar uma espécie de lista VIP de caloteiros do Novo Banco (nome adquirido após a resolução do Banco Espírito Santo em Agosto de 2014).

Os maiores devedores foram colocados na carteira Nata 2, que tem no total 61 empresas e está a ser vendida a um fundo-abutre (termo utilizado para referir-se a fundos de investimento que são credores secundários, comumente organizados sobre a forma de fundos de cobertura, buscam elevados lucros via especulação e actuam no mercado internacional e investimento em dívidas soberanas).

A Tecnicil aparece em 11º lugar com uma dívida de 92,5 milhões de euros – quase 10 milhões de contos contos – de um empréstimo feito nesse mesmo valor. Ou seja, a empresa de Alfredo Carvalho e que pelo menos até 2016 tinha como um dos accionistas o vice-primeiro ministro e ex-governador do BCV, Olavo Correia, nunca pagou um centavo ao Novo Banco.

Esse empréstimo, ao que tudo leva a crer, terá sido contraído pela Tecnicil Hotéis e Resorts – inclusive a revista Sábado refere à Tecnicil como sendo do sector turistico, como pode ver na ilustração em baixo – para a construção do Vila Verde Resort, na Ilha do Sal, onde o antigo BES ficou com um apartamento e montou um balcão de atendimento.

A Tecnicil é, de facto, a única empresa africana nessa lista e a segunda não europeia juntamente com a Asperbras, grupo brasileiro do ramo da construção civil que contraiu 180 milhões de euros de empréstimo e também não pagou nenhum centavo.

O maior caloteiro do grupo dos 20 é o Grupo Mello que ficou sem pagar 535 milhões de euros de um crédito feito em 538 milhões. A Ongoing deve igual valor que o grupo Mello mas tinha pedido de empréstimo 556 milhões, portanto pagou mais.

Nessa lista VIP estão por exemplo as empresas de Luis Filipe Vieira, presidente do Benfica, de Joe Berardo, e de Joaquim Oliveira (dono da Controlinveste). Outros devedores de renome: Grupo Lena, Grupo Maló,Grupo Moniz da Maia, Grupo MSF (com interesses em Cabo Verde), Grupo Tiner, Promovalor, Prebuild e SCG. Só os 21 maiores caloteiros deram um prejuízo de 6,6 mil milhões de euros ao Novo Banco. No total são 1500 mil milhões que esse banco perdeu em imparidades.

O Banco Espírito Santo, então liderado por Ricardo Salgado, entrou em insolvência, pelo que uma resolução do Governo português acabou por originar daí o Novo Banco. Ese processo levou o BES a mudar também o nome do seu banco em Cabo Verde (BES Cabo Verde), que passou a se chamar Banco Internacional de Cabo Verde, pois na altura já havia no país outra instituição financeira (Novo Banco, também extinto) com mesmo nome que o banco português.

No ano pasado, o Banco central aprovou a venda do BICV ao IIBG Holdings B.S.C, uma sociedade do Bahrein, do Médio Oriente. O anterior dono ficou com 10 por cento do capital.

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SOBRE O AUTOR

Hermínio Silves

Jornalista, repórter, diretor de Santiago Magazine