Sociedade do Bahrein compra Banco Internacional de Cabo Verde. BCV ainda não aprovou o negócio
Economia

Sociedade do Bahrein compra Banco Internacional de Cabo Verde. BCV ainda não aprovou o negócio

O Novo Banco, antigo Banco Espirito Santo de Portugal, vendeu 90% do Banco Internacional de Cabo Verde (BICV) a uma sociedade constituída no Bahrein, no Médio Oriente, a IIBG Holdings. Mas falta o BCV aprovar a transacção.

Em comunicado enviado esta quarta-feira, 2, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de Portugal, o Novo Banco, antigo BES, informa que vendeu à sociedade IIBG Holdings, do Bahrein, 90% do capital do ex-BES Cabo Verde e actual Banco Internacional de Cabo Verde.

A instituição financeira portuguesa frisa que fica com 10% do banco e a conclusão do negócio "nos termos ora acordados terá um impacto neutro no rácio de capital" da entidade.

"A concretização da compra e venda de 90% do capital social do BICV encontra-se dependente das necessárias aprovações, nomeadamente junto do Banco de Cabo Verde", é referido também no texto enviado ao regulador e citado pela agência Lusa.

A transacção, prossegue o Novo Banco, "representa mais um importante passo no processo de desinvestimento de activos não estratégicos" da entidade, prosseguindo assim a "estratégia de foco no negócio bancário doméstico".

A assinatura do contrato promessa acontece numa altura em que o próprio Novo Banco de Portugal prepara a sua alienação à Lone Star.

Esta é a segunda tentativa de alienação da instituição financeira, depois de, em 2016, ter falhado a alienação ao grupo de investidores liderado pelo empresário português José Veiga. Refira-se que o governador do Banco de Cabo Verde havia dito em Março deste ano que depois de chumbada em 2016 a venda do BICV ao empresário José Veiga, não recebeu mais nenhum pedido de autorização para alienação do banco.

A proposta de José Veiga para adquirir a totalidade das acções do BICV não foi autorizada pelo BCV (e nem pelo Banco de Portugal) por idoneidade duvidosa do investidor.

O Banco Internacional de Cabo Verde (BICV) estava na lista de desinvestimentos do Novo Banco desde 2015, altura em que foi classificada nas contas como um activo disponível para venda. E, mesmo depois de ter chumbado a venda ao empresário José Veiga, a instituição financeira herdeira do Banco Espírito Santo manteve a intenção de se desfazer daquele activo.

Ainda sob a presidência de Eduardo Stock da Cunha, no final de 2014, o Novo Banco colocou à venda o Banco Internacional de Cabo Verde (BICV). Houve 11 interessados, quatro assinaram o acordo de confidencialidade, mas só um passou à fase de propostas vinculativas. Houve um vencedor: o Groupe Norwich, que juntava investidores luso-africanos liderados por José Veiga. Só que a transacção, que daria 14 milhões ao banco herdeiro do BES, não chegou a ir em frente.

“O Banco de Portugal deliberou opor-se à concretização da venda, com base no conhecimento da existência de investigações relacionadas com a operação e tendo em vista a protecção reputacional do Novo Banco”, justificou o supervisor da banca em Fevereiro de 2016. O Banco de Cabo Verde também se opôs, apontando, entre outros, dúvidas sobre a idoneidade do comprador.

No início deste ano, o Banco Central multou o BICV em 100 mil contos por violação de deveres e procedimentos atinentes à prevenção da lavagem de capitais.

Com Lusa e Jornal de Negócios

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