O Banco de Cabo Verde (BCV) voltou aos prejuízos em 2020, de mais de 3,8 milhões de euros, depois de lucros no ano anterior, influenciado pela variação cambial dos ativos em dólares, segundo a instituição.
De acordo com o relatório e contas de 2020 do banco central cabo-verdiano, consultado hoje pela Lusa, o resultado líquido do exercício realizado cifrou-se num prejuízo de 425,5 milhões de escudos (3,84 milhões de euros), uma quebra de 246,9% face aos lucros de 289,6 milhões de escudos (2,6 milhões de euros) em 2019.
“Traduz a redução do resultado realizado em operações financeiras e da margem de juros derivado, sobretudo, dos cortes nas Fed Funds Rate [taxa de juro a que a Reserva Federal dos Estados Unidos empresta dinheiro aos bancos comerciais], bem como a diminuição dos outros resultados de exploração”, justifica o banco central cabo-verdiano.
Contudo, o resultado líquido do BCV em 31 de dezembro atingiu os 3.454 milhões de escudos negativos (31,1 milhões de euros), dos quais 3.028 milhões de escudos negativos (27,3 milhões de euros) “não realizados, associados, sobretudo, à flutuação cambial desfavorável dos ativos em dólar dos Estados Unidos da América”.
Em 2018, o BCV também tinha apresentado prejuízos, mas de mais de 715 milhões de escudos (6,4 milhões de euros).
No relatório e contas de 2020, a instituição admite que o resultado do exercício foi “fortemente influenciado pela variação cambial dos ativos expressos em dólar dos Estados Unidos da América”, que naquele período representavam 43,28% dos ativos em moeda estrangeira detidos pelo BCV.
O balanço do banco central cabo-verdiano apresentava um ativo de 81.632 milhões de escudos (736,6 milhões de euros) em 31 de dezembro de 2020, um passivo de 86.679 milhões de escudos (782,2 milhões de euros), enquanto o capital próprio fixou-se em 5.046 milhões de escudos (45,5 milhões de euros) negativos, “em resultado, sobretudo, do efeito da flutuação cambial desfavorável dos ativos expressos em dólar dos Estados Unidos da América e da evolução negativa da cotação do ouro, bem como da redução da margem de juros”.
O ativo do banco central sofreu um decréscimo de 5,13% face a 2019, devido à quebra nas reservas cambiais, “pese embora entradas provenientes de operações cambiais resultantes da aceitação de cartões internacionais na rede Vinti4 e de desembolsos de parceiros internacionais, no âmbito de ajudas e acordos de financiamento para fazer face à crise económica e social causada pela pandemia da Covid-19”, justifica ainda a instituição.
Comentários