O Estádio Adérito Sena foi reprovado pela Confederação Africana de Futebol, CAF, na sequência de uma nova inspeção realizada àquela infraestrutura. Com o Estádio Nacional na Praia também interditado por falta de condições do relvado, Cabo Verde está neste momento sem estádios para receber jogos internacionais. Consequência: os Tubarões Azuis vão ter de disputar fora do país os jogos que deveriam ser em casa, a contar para a fase de qualificação para a CAN 2023.
Ouvido pela Rádio de Cabo Verde, Mário Semedo, presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol, fala num “percalço muito grande.”
“É de facto um percalço muito grande, porque as equipas gostam sempre de jogar em casa, mas, é uma situação que a FCF não controla. São questões de infraestruturas, nós apenas somos utilizadores destas infraestruturas que, infelizmente, foram agora desaprovados pela CAF.”
Falta menos de um mês para o arranque dos jogos da fase de qualificação para CAN2023. Na primeira jornada, os Tubarões Azuis vão ao Burquina Faso. Mas o jogo também vai acontecer num outro país, neste caso em Marrocos, porque também o Burquina tem seus estádios interditados pela CAF.
O primeiro duelo de Cabo Verde em casa está marcado para o dia 14 de junho, frente ao Togo. Na impossibilidade de acontecer aqui no país, a Federação já tem ideia de onde deverá emprestar casa.
“Estamos a pensar em duas saídas, Marrocos ou Senegal. Pelo que eu sei, em relação ao Senegal, há vários pedidos porque há muitas equipas que não estão autorizadas a jogar em casa. Neste momento, estamos a desenvolver os contactos com Marrocos, até porque, como vamos jogar lá com o Burquina, será mais fácil do ponto de vista da logística”, expresou o líder da FCF em declaraçoes esta manhã ao Jornal de Desporto da RCV.
O Estádio Adérito Sena era, até agora, o único estádio em condições de receber os jogos da seleção nacional, desde que foi interditado, no ano passado, do Estádio Nacional.
A RCV quis saber mais pormenores sobre a inspeção realizada ao estádio Adérito Sena e os aspetos que ditaram a sua reprovação.
Fernando Firmino é gestor de licenciamento de clubes e estádios. Ele esteve à frente da inspeção. Lembra que muitos desses problemas já tinham sido identificados em inspeções anteriores e que, entretanto, não foram corrigidos. E dá exemplos.
“Há uma exigência de ter os balneários em standard mundial. Nós estamos a competir com seleções africanas de topo mundial a nível das infraestruturas desportivas. Se Burquina vai jogar fora, se Cabo Verde não tiver infraestruturas muito superiores aos seus concorrentes, isso automaticamente pesa do ponto de vista de quem irá decidir”, explicou.
O responsável fez ainda referência a aspetos técnicos ligados às condições de segurança dos adeptos, àa iluminação que impede o estádio de receber jogos á noite, entre outras questões levantadas pela mais recente inspeção, efetuada em finais de abril.
Para Fernando Firmino, este percalço representa “uma oportunidade” para Cabo Verde repensar a gestão das infraestruturas desportivas. Os investimentos “terão de ser céleres”, diz o gestor, para que tão breve quanto possível, os Tubarões possam voltar a jogar em casa, diante do seu público
“Temos de investir no Estádio Adérito Sena, temos de investir no Estádio Nacional e, diria, temos de investir em todos os estádios de cabo Verde para termos melhor prática e desenvolvimento do desporto em Cabo Verde. Em relação a estas duas primeiras jornadas já não há volta a dar, mas temos de trabalhar para reverter essa decisão e voltar a ter jogos aqui em Cabo Verde já no mês de setembro”.
Cabo Verde está neste momento sem estádios para receber jogos internacionais. Em meados de 2021, o Estádio Nacional foi interditado devido ao relvado que não é certificado pela FIFA. Agora é vez do Estádio municipal Adérito Sena, em São Vicente, ser reprovado também na sequência de uma nova inspeção realizada no dia 22 de abril.
Fonte: Rádio de Cabo Verde
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