A escritora cabo-verdiana Dina Salústio considera que a poesia em Cabo Verde está num “bom caminho”, mas recomenda aos jovens poetas a se dedicarem à leitura e pesquisa sobre o género.
Hoje, 21, é Dia Mundial da Poesia. Em conversa com a Inforpress, a escritora Dina Salústio expressou sua opinião sobre o estado actual da poesia em Cabo Verde, destacando que, embora haja progresso, ainda há espaço para aprimoramento e desenvolvimento na cena poética do país.
“Nós somos um país de poetas, tanto que a gente escreve um poema já somos poetas”, disse a poetisa, de forma descontraída, para mostrar a importância e o valor que a poesia tem na identidade cultural do povo cabo-verdiano.
“Toda a gente tem a tendência a apreciar a poesia porque é um dos elementos que fortalece a nossa terra, esta poesia das rochas, do mar, do vento, essa imaginação que nos provoca. Tudo isto faz-nos ver Cabo Verde com um olhar poético e isto também é um bocado de força para nós porque é um lugar tão fraco em recursos que temos muitas vezes de nos socorrer do lado poético, da imaginação, da fantasia para sobrevivermos”, enfatizou.
Para a escritora, Cabo Verde é considerado um país de poetas também devido à música, pois toda ela é baseada numa poesia “constante, forte e envolvente”.
O país, segundo Dina Salústio, é abençoado com “grandes poetas”, homens e mulheres, que buscam revelar a essência poética do cotidiano. “Não é uma tarefa fácil, mas eles procuram demonstrar que a poesia não se resume apenas à beleza e às vitórias, mas também aos momentos desafiadores”, alegou.
“A poesia é uma linguagem fina! Felizmente, Cabo Verde tem muitos poetas e cada vez temos mais poesias a serem publicadas”, assinalou.
Para os jovens poetas, a escritora os encoraja a ler muita poesia, pois, como disse, “não se inventa nada. Cada um com a sua criatividade, mas tudo isso precisa se enquadrar em um campo específico para ser poesia”.
"Devemos ler muita poesia para desenvolver o gosto pela poesia, compreender a essência da poesia, recitá-la e aprender a escrevê-la", aconselhou, sublinhando que Cabo Verde está no caminho certo.
No entanto, para Dina Salústio, o caminho nunca está concluído, e há sempre espaço para mais criatividade e inovações que estimulam uma escrita aprimorada.
O Dia Mundial da Poesia foi criado na 30ª Conferência Geral da UNESCO em 16 de novembro de 1999.
A data comemora a diversidade do diálogo, a livre criação de ideias através das palavras, da criatividade e da inovação. A data visa a importância da reflexão sobre o poder da linguagem e do desenvolvimento das habilidades de cada pessoa. Isso porque a poesia contribui para a diversidade criativa, inferindo na nossa percepção e compreensão do mundo.
Dina Salústio, de seu nome próprio Bernardina Oliveira, nasceu em Santo Antão, em 1941.
Publicou em 1994 uma coletânea de 35 contos intitulada "Mornas eram as noites", e estreou no romance com “A Louca de Serrano”, em 1998.
Para além desses escritos, Dina Salústio, que ao longo da sua carreira já recebeu vários prémios, é também criadora de poemas e de outros textos dispersos.
Paralelamente à sua actividade de escritora, foi professora, assistente social e jornalista em Cabo Verde, Portugal e em Angola.
Comentários