
Cabo Verde quer mobilizar a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para a classificação do Campo de Concentração do Tarrafal como Património Mundial da UNESCO, cuja candidatura deverá ser apresentada no próximo ano, disse o ministro da Cultura.
"Vamos mobilizar toda a comunidade da CPLP para a causa do ex-Campo de Concentração do Tarrafal e estou 100% convicto de que o trabalho será feito com seriedade para alcançarmos o sucesso", disse Abraão Vicente, em resposta a perguntas da agência Lusa.
O antigo Campo de Concentração do Tarrafal, que já é Património Cultural Nacional, consta da lista indicativa a Património Mundial da UNESCO desde 2003.
Em Fevereiro do ano passado, numa visita ao sítio, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas disse que Cabo Verde iria trabalhar para apresentar a candidatura em fevereiro de 2018.
Na resposta à Lusa, Abraão Vicente justificou o não cumprimento dessa meta com o facto de actualmente o país estar focado no dossier da morna, cuja candidatura a Património da Humanidade deverá ser apresentada à UNESCO ainda este mês.
Quanto ao ex-Campo de Concentração do Tarrafal, o ministro referiu que o museu está a receber intervenções, no âmbito de um projecto denominado "Museus de Cabo Verde".
O museu do monumento histórico será remodelado e renovado, dotado de ferramentas interativas na exposição e reativação de alguns espaços, num projecto para dar uma "nova roupagem" ao espaço exterior, possibilitando assim a integração da comunidade residente.
Segundo o ministro da Cultura, a reabilitação do museu será "um contributo" para a pretensão do país de ver o sítio classificado como Património Mundial da Humanidade.
"Vamos cumprir as recomendações dadas pela UNESCO para a sua reabilitação", sublinhou Abraão Vicente, indicando que o orçamento das obras é de cinco milhões de escudos (cerca de 45 mil euros) e estarão totalmente executadas ainda no primeiro semestre.
O campo do Tarrafal, inaugurado em outubro de 1936, foi inspirado nos campos de concentração nazis, e nele morreram 32 presos políticos portugueses e dezenas de outros oriundos das então colónias de Portugal.
O país quer elevar o monumento a Património da Humanidade para preservar a memória de todos os que lutaram pela liberdade em Portugal e na África lusófona.
Além do ex-Campo de Concentração do Tarrafal, Cabo Verde conta com mais sete sítios na lista indicativa a Património Mundial da UNESCO, nomeadamente o Parque Natural de Cova, Paul e Ribeira da Torre (Santo Antão), Salinas de Pedra de Lume (Sal), Centro histórico da Praia (Santiago) e Centro histórico de São Filipe e Chã das Caldeiras (Fogo).
Em 2016, o país atualizou a lista indicativa e inscreveu o Centro Histórico de Nova Sintra (Brava na ilha Brava) e Reserva Natural de Santa Luzia e Reservas Integrais dos Ilhéus Raso e Branco.
Em Junho de 2009, a Cidade Velha, no concelho da Ribeira Grande de Santiago e a primeira cidade construída pelos portugueses na África Ocidental, foi classificada como Património da Humanidade da UNESCO.
Com Lusa
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