A despropositada ocupação da orla marítima e a injustiça no acesso ao terreno na cidade da Praia
A Praia é uma das poucas cidades do mundo que consegue ser uma cidade colina e ao mesmo tempo ter uma vasta frente marítima.
Infelizmente a ocupação da orla marítima da capital tem vindo a ocorrer de forma pouco imaculada.
A câmara municipal da Praia tem-se revelado insensível nesta matéria, concedendo licenças para construção na orla sem se avaliar devidamente as alternativas.
O mau exemplo e as más práticas estão visíveis na Gamboa, Quebra Canela, Prainha, etc. Construções invadem a orla, ocupando falésias e encurtando o areal. É a especulação fundiária que vai fazendo desaparecer a qualidade paisagística e que dá lugar à selvática construção de betão armado em cima de zonas públicas e sensíveis.
A vista sobre a frente marítima e o atlântico já não é o que era. Construções já começam a “tapar” tudo. A vista, a acessibilidade e acesso à praia de mar veem ficando cada vez mais condicionada.
As agressões paisagísticas, disfunções e as incomodidades pouco importam à câmara, que dando anuência as intervenções que tudo igualizam e padronizam, está mais ao serviço dos especuladores, do que sensível aos apelos e indignações dos praienses.
Em termos de ocupação e construções na orla costeira, a boa prática recomenda:
Mas, da atuação da câmara não se vislumbram harmonia, bom senso, sustentabilidade nem solidariedade intergeracional.
Outrossim, temos uma câmara que não vem disponibilizando terreno adequado para o comum cidadão, mas tem sido diligente em conceder e vender terrenos para conhecidos e especuladores. Já não existe terrenos para o comum praense, e concretamente para os mais pobres, o acesso ao terreno é uma miragem. Ribeiras e “cutelos” de riscos são a morada de uma grande franja da população praense porque a câmara não tem política de solos e habitacional com função social coerente e consistente com a dinâmica de crescimento da praia.
A Câmara quer fazer negócios rapidamente, mas nem sempre estas são as técnicas e socialmente mais adequadas. A câmara deve preocupar-se mais com a sustentabilidade e equidade urbana, garantindo a qualidade de vida da população local. Uma actuação que deve tornar-se mais solidária e orientada para a defesa do interesse público.
A Câmara da Praia precisa voltar para o povo, e deixar de ser um negócio para grupos especuladores. A praia precisa de um outro olhar, para se liderar novos desafios e preservar o que é de todos nós, mas também necessita de uma outra gestão para evitar que se cristalize os maus vícios, que já são tantos.
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