Tarrafal. José Pedro humilhado, MpD retalhado e PAICV posicionado
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Tarrafal. José Pedro humilhado, MpD retalhado e PAICV posicionado

Certa vez um rei distraído, chama de entre seus servos, o mais tolo e lhe manda comprar um quilo de farinha e o mesmo peso em açucar, ao comerciante retalhista do povoado. Entrega-lhe um prato com a recomendação de não misturar os produtos.

Tendo chegado à mercearia, o escravo faz os pedidos sem deixar de comunicar ao balconista a recomendação do seu senhor: “...Não misturar os produtos”. Assim, com o prato na posição correta, recebe a farinha. Quando lhe foi trazido o segundo produto, não querendo defraudar seu amo, abedece, virando o prato, e assim, do lado oposto lhe é colocado o açucar, tendo obviamente, deitado a farinha por terra.

Nosso amigo servo tolo segue satisfeito para o palácio, seguro de que está cumprindo com rigor e lealdade a missão. Chegado, perante o rei, este, vendo o açucar sobre o prato voltado ao avesso, questina: Então, e a farinha? Ao que seu servo, vira novamente o prato para lhe mostrar a farinha, perdendo assim, também o açucar.

Lí esta ilustração, algures, num livro, cujo titulo e autoria já não me recordo, entretanto, faz-me lembrar toda a farinha e o açucar que Tarrafal de Santiago tem feito derramar ao longo de uma dinastia autárquica de três décadas de gestão, com três reis distraídos e que têm confiado missões a escravos tolos, tendo nesta última dinastia, dois destes escravos, abandonado o palácio real a meio do percurso, fazendo dos paços do concelho um ringue de boxe e arena de combate, com “David’s e Golias’s” a se retalharem a pedradas e as vidraças a se partirem, deixando o rei com a coroa murcha, o que acaba por comprometer mais ainda este final de reinado e deitar por terra a esperança de uma renovação de confiança.

José Pedro cai e sai humilhado, pois era candidato assumido e apoiado por um grupo de militantes conformados com a situação e determinados em manter o “status quo”, os mesmos que o deputado José Soares classificou de “...terceiros a interferirem na gestão camarária a decidirem em detrimento dos vereadores ou da equipa camararia, a reunirem nas praças, nos cafés, nos Estadios... e na Praia em vez de ser nas reuniões quinzenais na Camara”. Ao edil sessante, desejar uma longa vida repleta de paz e saúde, extensiva aos familiares. É o que nos cabe dizer de coração e pedir que conserve bem os arquivos da Câmara, os dossier’s polémicos, os processos judiciais e as facturas pendentes, os contratos celebrados e suas pendencias. Faria assim, um grande serviço ao municipio, entregando tudo em ordem, a seu sucessor, com rigor, responsabilidade, transparência, sentido de Estado, ética e patriotismo. Não gostariamos aqui de forma alguma, repetir as palavras do Coordenador local do MPD, quando pede ao Governo que mande retirar a confiança ao presidente em pleno exercicio de mandato, em Dezembro ultimo.

O afastamento  “compulsivo” do actual presidente da câmara de Tarrafal, não é pacífico. Deixa José Pedro e seus apoiantes em situação de vulnerabilidade política - mendigando espaço, causa uma rotura entre os eleitores tradicionais da esfera do poder autárquico, trás à tona segredos de camaradas conservados no baú político ventoinha, com três décadas de acúmulo, corta as relações vicíadas de militantes com a administração e transfere a gestão de uma “batata escaldada” a um candidato novo, totalmente indefeso e politicamente desprevenido, com a missão de advogar e assumir um sistema em queda livre, com um independente da mesma fileira partidária a ameaçar entrar na corrida e o coordenador do partido local, desmoralizado e sem crédito político. O MPD no Tarrafal está retalhado. Manifestamente, é o final de um ciclo politico!

O cenário autárquico se desenha fechar com poucas alterações a este quadro, com o PARTIDO AFRICANO DA INDEPENDENCIA DE CABO VERDE - PAICV, a posicionar-se como alternativa e favorita a vencer as eleições autárquicas 2020 em Tarrafal de Santiago.

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