Colunista

Avanço tecnológico e novas práticas em curso estão de facto a caminho de produzir uma “revolução”, do “... Modelo Agrícola (tradicional) Cabo-Verdiano …”. A associação Santa Catarinense da Assomada, “ACASIA”, em parceria com uma associação congénere dos Açores, fez façanha, aplicando, com resultado um projecto agrícola inovador que foi denominado e apresentado, publicamente sob a fórmula “… SEMEAR,COLHER E VENDER …”

São Vicente, tinha em 2018 e espero que ainda existe, uma boa rede organizada de produtores agro-pecuários, desde a zona do Madeiral á Ribeira Vinha, em passando por Calhau e Mato Inglês ... A  Associação Comunitária da Ribeira Vinha, liderou, com brilho feiras agrícolas e culturais, com a frequência de pelo menos um domingo por mês na ilha do Monte Cara…

Também em 2018 aguardava-se, na ilha, ansiosamente a reinstalação da (Rede de Produtores Agro-pecuárias Locais de São Vicente (REPAL-SV), “cooperação espanhola”, que a partir da “Central de Actividades”, em Cham de Críquete (Mindelo), deveria promover de maneira moderna e profissional a concentração, comercialização e distribuição de produtos agro-pecuários, agro-alimentares ou transformados, retomando o fornecimento de géneros alimentícios para escolas, hospital, hotéis ... fortalecendo a união entre produtores agrícolas e pecuários, com ações e campanhas de formação e capacitação continua dos agricultores de São Vicente ...

Novas práticas agrícolas, nas nossas ilhas, deverão estar orientadas, para garantir a salvaguarda da biodiversidade, proteção do meio ambiente, e implantação de culturas agrícolas que demandam menos água e de preferência com resultados cíclicos de curto prazo, criando valor, com impacto na segurança alimentar e resultados reais, de saída da pobreza do mundo rural neste arquipélago...

Constata-se ganhos com a instalação quase generalizada nas ilhas agrícolas do sistema de rega gota-a-gota. Objectivo com estes novos “saber fazer”, no mundo rural, alcançar ou  atingir ganho de natureza durável, para se poder, inverter a rota da fatalidade tradicional, “ herança colonial”, apostando em resultados fiáveis e adequados transformando, de maneira profunda a agricultura cabo-verdiana, com o fim ultimo de garantir auto-suficiência alimentar, respondendo á demanda interna e atingir os novos nichos de mercados criados pela indústria turística nacional nas ilhas da Boavista e Sal...

Neste momento em que o mundo enfrenta uma grande crise alimentar, é pertinente fazer referência à revolução alimentar que se aproxima nos países ricos. Isso trará grandes benefícios, mas, ao mesmo tempo, custos significativos. O salto tecnológico em curso está de facto a caminho de produzir uma grande revolução na área de produção de alimentos. Ela levará a mudanças superlativas nos sectores pecuário e agrícola. Da biologia sintética, capaz de redesenhar o código genético dos alimentos e, nesse sentido, produzi-los como se fossem produtos manufacturados, à agricultura ambientalmente controlada, a transformação que está por vir só é comparável à do início da agricultura e pecuária milhares de anos atrás. Como este último fenômeno desencadeou a marcha civilizatória da humanidade, a comparação não é banal...

A extração de algumas células de qualquer animal é suficiente para cultivá-las em laboratório, dando origem a um produto alimentar final em que o próprio animal é ignorado. Essa tecnologia, já cientificamente viável, continuará avançando até se tornar comercialmente viável.

Para além da "poupança" de animais que implicará também uma poupança de 95 por cento no uso de água, 98 por cento no uso da terra e 45 por cento no uso de energia, gerando ao mesmo tempo uma poupança de 95 por cento menos gases de efeito estufa...

A cultura de células não se limita à pecuária, mas também avança na área agrícola. Isso permitirá produzir alimentos de frutas ou vegetais "in vitro" e depois fabricá-los A cultura de células não se limita à pecuária, mas também avança na área agrícola. Isso permitirá produzir alimentos de frutas ou vegetais "in vitro" e depois fabricá-los em cadeia...

No entanto, enquanto essa tecnologia está tomando forma, a agricultura ambiental controlada está avançando aos saltos. Este último é representado por "quintas agricolas" de alta tecnologia, capazes de produzir múltiplas colheitas por ano. Essas quintas não precisam de pesticidas, herbicidas ou fertilizantes, consomem 97% menos água, 40% menos energia, representam uma economia de 50% no desperdício de alimentos e não estão sujeitas às irregularidades do clima...

Mas estamos na nossa terra, Cabo Verde, país jovem, democrático e moderno. Não precisamos sonhar já, com projectos muito avançados, mas  não podemos mais continuar a adormecer entre Chuva vem ou persistência da Seca, embora o constrangimento da nossa realidade climática geoestratégica que é  nossa mas sim reflectir e instalar: “novo modelo agrícola viável e adequado para cultura de resultado nesta nova era em pleno século vinte um!!” …

José Valdemiro Lopes

(eng Informático e estudos em Sociologia)

miljvdav@gmail.com

Ref. Bibliografica:

Josie Garthwaite, “Além dos GMOs: A ascensão da biologia sintética”, The Atlantic, 25 de setembro de 2014; T. X. Hammes, op. cit., etc.).

(Michael Zappa, "15 tecnologias agrícolas emergentes que mudarão o mundo", Policy Horizons Canadá, 6 de maio de 2015;