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Erosão da confiança nas instituições
Colunista

Erosão da confiança nas instituições

Continuando nesse ritmo e com o mesmo comandante no posto a tendência de degradação e de deterioração das instituições vai continuar e se tornará difícil a sua recuperação. Felizmente, a democracia permite a alternância e a renovação e essa deverá ser a aposta dos eleitores.

Os dados dos levantamentos do afrobarometer de 2014 a 2022 (6ª, 7ª e 8ª rodadas) mostram uma tendência declinante da avaliação de confiança nesse período de importantes instituições como as Forças Armadas, Polícia, Tribunais e Primeiro Ministro pelos eleitores.

Comparando o último dado de avaliação do Governo do PAICV (6ª rodada, 2014), liderado por José Maria Neves como Primeiro Ministro com os dois levantamentos feitos no Governo do MpD (7ª e 8ª rodadas, 2019 e 2022, respectivamente) conduzido pelo Ulisses Correia e Silva como Primeiro Ministro tem-se o seguinte quadro:

1.      Quando os inquiridos são perguntados se confiam numa determinada instituição e as opções de resposta são: a) não confio nada; b) um pouco; c) bastante e d) muito, a instituição que apresenta os piores índices de avaliação é o Primeiro Ministro Ulisses Correia e Silva no período 2019 a 2022, a média daqueles que dizem que não confiam nada no PM é de 33%, ou seja, um em cada três pessoas não confiam e nem acreditam no PM. Outro dado relevante é que há uma tendência negativa da avaliação ocorrida de 2019 (30,5%) para uma forte deterioração nos dados apresentados em 2022 (35,5%) - quer dizer, mais eleitores deixaram de confiar no PM, tornando-o cada vez mais fraco enquanto liderança e ilustrando a sua incompetência e total despreparo para os desafios atuais e futuros;

2.      A Polícia é a segunda instituição nessa listagem pior avaliada no que diz respeito à perda da confiança pela população: em 2014, 19,7% dos inquiridos responderam que não confiavam nada na Polícia; em 2019, esse índice subiu para 20,5% e no último levantamento em 2022 saltou para 23,2%;

3.      Os Tribunais em 2014, 14,4% dos inquiridos responderam que não confiavam nada nos tribunais; em 2019, 18,4% dos inquiridos passaram a não confiar nada nos Tribunais e em 2022, 20,7% dos inquiridos responderam que não confiavam nada nos Tribunais;

4.      As Forças Armadas em 2014 era a instituição que gozava de maior confiança dentre todas essas avaliadas e continua em 2022 a merecer maior confiança comparativamente às demais, porém, teve um decréscimo no seu índice de confiança durante esse período avaliado: em 2014: 11,8% dos inquiridos responderam que não confiavam nada nas Forças Armadas; em 2019, 14% dos inquiridos responderam que não confiavam nas Forças Armadas e em 2022, 14,1% dos inquiridos responderam que não confiavam nada nas Forças Armadas;

5.      A degradação da avaliação da confiança nas instituições está em consonância com a avaliação, em 2022, que esses mesmos inquiridos fizeram da orientação da direção do país: 57% dos inquiridos responderam que consideram que o país estava sendo conduzido na direção errada e quem conduzia o país era o Primeiro Ministro, UCS, naquele momento. Portanto, essa degradação geral da avaliação das instituições deve ser debitada ao chefe do Governo nesse período referenciado, pois é ele o responsável por traçar e executar as principais políticas no país.

6.      Considerando que o MpD de UCS prometera 45.000 postos de trabalho, crescimento económico médio do PIB de 7%, ao ano e tolerância zero contra a criminalidade e nada disso conseguiu entregar à população, os dados do levantamento do afrobarometer parecem ser perfeitamente coerentes com os resultados políticos experimentados pelos eleitores;

7.      Relevante considerar que nesse curto período de 2014 a 2022 houve um incremento da taxa de urbanização em mais de 10% e o índice médio da educação melhorou, sugerindo a constituição de uma sociedade mais crítica e mais complexa;

8.      Observa-se que além da incapacidade do Governo do MpD cumprir as promessas feitas desde 2016, acrescem-se os problemas graves surgidos nos transportes aéreos e marítimos que sufocam a população com preços proibitivos, viagens irregulares e suspensão de transportes;

Continuando nesse ritmo e com o mesmo comandante no posto a tendência de degradação e de deterioração das instituições vai continuar e se tornará difícil a sua recuperação. Felizmente, a democracia permite a alternância e a renovação e essa deverá ser a aposta dos eleitores.

joaostav@hotmail.com

 

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