Tarde ou cedo, por mais céticos que queiramos ser, o confronto com as questões mais profundas da vida, virá quer queiramos quer não. O somatório das complexidades e do caos, (as dúvidas, dores, perdas, crises pessoais, as neuroses da vida, e tantas outras vicissitudes sem respostas imediatas), nos impulsionam para uma busca sincera a uma existência absolutamente sublime. Atentando-nos para realidades mais autônomas da vida. Abrindo caminhos para questões mais realistas, supra-existenciais e intra-existenciais.
Isto porque, a nossa existência tênue e transitória, gera em nós questionamentos que só a espiritualidade responde. Os conteúdos submersos aos atributos da consciência, da metafisica, quiçá das energias múltiplas presentes do cosmo, nos empurram para realidades bem mais complexas e inconspicuas. Produzindo a consciência de uma realidade pujante, ao mesmo tempo, anelando o eterno.
É nessa busca frenética, ambivalente e dinâmica, que a espiritualidade assume a sua dianteira com esmero, altrelada aos sentidos mais submersos do ser, intrínsecos a todo o ser hunano. Pressupõe uma essência que vincula-se numa matriz divina, projetando-se ao ser que precisa reconhecer a sua real identidade. Uma identidade não efêmera, nem superficial, cuja âncora não se fundamenta numa materialidade insalubre e fria. Redescobrindo o sentido maior e mais sublime da procura, e da busca por uma existência transcendente. A epistemologia não abarca essa esfera do conhecimento, porque se trata de uma subjetividade pessoal e da essência pneumática, das lacunas e razões existenciais. Muito embora, a medicina nos últimos anos, vem agregando um novo pacote no tratamento aos pacientes.
A inclusão da espiritualidade no campo da medicina, vem sendo uma prática doravante. Isto porque, a dimensão da existência humana, requer compreensões das questões mais profundas da vida. A espiritualidade entra nesse pacote das questões filosóficas e teológicas, com conexão direta á uma existência plena e plausível. Nada pior para esmagar o esteio psicológico, gerando anormalidades, do que a ausência de uma espiritualidade saudável.
Gustavo Jung, dizia que a espiritualidade é a última instância, a última fronteira. Admitia em suas teorias e na forma de expor a psicologia, a existência de uma espiritualidade profunda.
Freud, achava que a espiritualidade era uma neurose. Está claro que o contexto em que Freud se encontrava e a vertente das suas análises, comportavam essa possibilidade. Isso na categoria da psicologia Freudiana.
A antropologia reafirma a espiritualidade, como um facto indissolúvel no âmago do ser humano.
A teologia, como a ciência que alberga o composto sistemático do estudo da espiritualidade, trás-nos outras linguagens sobre o tema.Toda a sistêmica do conteúdo sobre a espiritualidade, pode ser vista na dimensão de uma hermenêutica clara, cuja sede está no método indutivo da análise. Fora disso, teremos uma espiritualidade confusa e neurótica.
Sem dúvida, Carl Jung estava muito mais próximo da espiritualidade do que Freud. A construção teológica conduz-nos a conclusões bem mais profundas. Uma boa espiritualidade não escraviza, e não é opressora. O campo amplo da espiritualidade, ultrapassa a dimensão religiosa institucional e se isenta de vínculos inibidores.
A espiritualidade é o ser liberto de uma pluralidade secundária e tacanha. Uma alta espiritualidade, vence os contornos nocivos do psiquismo e do fanatismo religioso. A ldade média regista-nos marcas assombrosas de uma espiritualidade opressora, com consequências chocantes.
No presente tempo, percebemos um "tsunami" de neuroses, oriundas de uma busca frenética pela imagem e pelo ter. A espiritualidade é o resgate do ser despedaçado pelas realidades múltiplas, redescobrindo razões submersas nas entrelinhas da vida. Um reencontro profundo, uma verdadeira "metanoia" pessoal.
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