...precisamos duma nova diplomacia de matrizes essencialmente económica, ainda se consideramos que as condições vantajosas de mobilização de financiamento mais favorável chegaram o seu fim, com a graduação do arquipélago para o grupo dos países de desenvolvimento médio — PDM, e que o país está obrigado a competir no mercado global.
A pandemia e a consequente crise económica trarão para o campo das relações internacionais novas atividades diplomáticas. No nosso contexto regional e de países em desenvolvimento que Cabo Verde está inserido, quem perceber primeiro esta nova dinâmica de atuação económica, tirará os melhores proveitos advindos da sua antecipação e preparo. Neste sentido, é essencial para o crescimento económico do país que as decisões políticas tenham como visão e estratégia uma nova abordagem diplomática, e esta deve assentar em três princípios fundamentais ou janelas de oportunidades: 1) a janela do desenvolvimento tecnológico e do aumento da produção da industrial; 2) a consolidação da presença das empresas nacionais no mercado africano (a internacionalização das empresas cabo-verdianas) e por fim, a potencialização da economia marítima. Em abono da verdade, nenhumas destas janelas são novas nas ambições e estratégias do crescimento da economia cabo-verdiana. O que é relevante na atual conjuntura das relações internacionais, é a pandemia e as suas oportunidades concretizáveis.
Dentro desta margem de crescimento e oportunidades — a produção da vacina da COVID-19 devia ser considerada como o fator primordial para o alcance dos três princípios já referidos. Explicando:
Argumento 1: a pandemia só será vencida quando toda humanidade for vacinada. Não haverá desculpas para que a vacina não venha ser produzida nos países em desenvolvimento. A transferência de conhecimento e tecnologia é imperativa. E neste aspeto, Cabo Verde tem uma empresa farmacêutica que recebendo investimento internacional estará em condições de produzir vacinas para a COVID-19. Adquirindo a capacidade de produção de vacina para combater a coronavírus, estaríamos em condições de produzir outras vacinas direcionadas para as enfermidades regionais.
Argumento 2: a transferência e investimento internacional para a produção da vacina, inevitavelmente dará uma pujança industrial significativa a produção nacional, se levarmos em consideração, que o setor farmacêutico é das mais rentáveis da economia mundial.
Argumento 3: o mercado africano, os fundamentos diplomáticos capazes de convencer os parceiros internacionais (empresas e organizações) que é impercetível a necessidade de abastecimento do continente africano com medicamentos e vacinas suficientes para satisfazer o crescimento populacional do continente. A vantagem económica que íamos colocar encima da mesa é a estabilidade política e social, a proximidade burocrática e legalista.
Argumento 4: as potencialidades da biotecnologia marítima, surgem como novas oportunidades de investimentos e pesquisas científicas de valores ambientais sustentáveis para as farmacêuticas. Sando que o mar é a nossa maior riqueza, com um vasto potencial a ser explorado e rentabilizado.
Em suma, precisamos duma nova diplomacia de matrizes essencialmente económica, ainda se consideramos que as condições vantajosas de mobilização de financiamento mais favorável chegaram o seu fim, com a graduação do arquipélago para o grupo dos países de desenvolvimento médio — PDM, e que o país está obrigado a competir no mercado global.
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