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A crise da interpessoalidade
Colunista

A crise da interpessoalidade

As duas perguntas filosóficas cabem muito bem no contexto atual: "Quem somos e para o onde vamos". Não é por acaso que a saúde mental tem vindo a protagonizar a agenda nacional e mundial. A solidão precoce é a primeira e a mais profunda causa da má saúde mental. Precisamos de um despertar da consciência sob pena de entrarmos numa crise ainda mais aguda e de elevado risco para a sobrevivência humana.

Cada vez mais descobrimos que o relacionamento interpessoal tem se tornado um campo difícil no que tange à sinceridade e pureza. Descobrimos que o grau de confiança tem se esgotado cada vez mais entre as pessoas. Entramos numa crise da interpessoalidade. O que nos resta diante dessa crise interpessoal seria um novo despertar intrapessoal, abraçar uma nova consciência existencial. Caminhar a estrada da solitude consciente sem medo, rasgando a carência afetiva e reconstruindo a autonomia emocional.

A crise interpessoal é marcada pelo distanciamento intencional entre as pessoas, desconfiança e solidão negativa. Vivemos uma época sombria e de grande risco existencial. Ninguém confia em ninguém e o grau da desconfiança tem sido elevadíssimo. O tempo urge um repensar identitário, vivemos uma bipolaridade interpessoal avassaladora. Onde a sinceridade não impera e a manipulação segue e toda a sua roupagem maquiavélica.

O relacionamento sincero e afetivo é o único caminho para uma autêntica metamorfose pessoal. Por mais que tem havido uma apologia sobre a solitude, o âmago da existência requer relacionamento puro e absolutamente sincero. Ouvir o outro com a atitude da escuta ativa tem sido difícil, a velocidade e a correria tem sido um problema contra a necessidade inerente no campo relacional. Falta-nos quem nos possa escutar, chorar connosco, viver a nossa dor e compreender a nossa causa.

Escutar o outro com afetividade e empatia tem sido quase impossível. O antagonismo voraz vem somando e fazendo a sua vez como elemento destrutivo. A competição presente entre as pessoas vem sendo constante e tão nocivo ao relacionamento genuíno. A sociedade moderna está em decadência gradual, os reflexos estão patentes aos novos olhos. Quem não se evoluir no campo intrapessoal dificilmente será feliz consigo mesmo.

As duas perguntas filosóficas cabem muito bem no contexto atual: "Quem somos e para o onde vamos". Não é por acaso que a saúde mental tem vindo a protagonizar a agenda nacional e mundial. A solidão precoce é a primeira e a mais profunda causa da má saúde mental. Precisamos de um despertar da consciência sob pena de entrarmos numa crise ainda mais aguda e de elevado risco para a sobrevivência humana.

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SOBRE O AUTOR

Lino Magno

Teólogo, pastor, cronista e colunista de Santiago Magazine

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