Siza Vieira "estava convencido" que a nova sede do BCV não ia avançar
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Siza Vieira "estava convencido" que a nova sede do BCV não ia avançar

O arquiteto português Álvaro Siza Vieira, que projectou há 20 anos a nova sede do BCV, disse esta segunda-feira na Praia que enviou a maquete para "arquivamento" no Canadá, por estar convencido de que a contrução desse edifício não ia acontecer. Ainda assim, mostrou-se satisfeito com o andamento das obras. 

 

Álvaro Siza Vieira encontra-se na Praia e visitou as obras de construção da nova sede do Banco de Cabo Verde (BCV), construída em betão branco, um sistema que está hoje a ser alvo de uma palestra na Assembleia Nacional, proferida precisamente pelo famoso arquiteto português.

A construção em betão branco é inédita em Cabo Verde e o arquiteto reconheceu que, tendo em conta o clima quente cabo-verdiano, a sua composição foi objeto de experiências.

Em fase final de construção, a obra agradou ao premiado arquiteto que destacou, sobretudo, “o muito bom ambiente”. “O projeto é exatamente o mesmo, feito há 20 anos. Houve alterações, no que se refere a infraestruturas, porque a exigência é outra quanto a segurança, controlo, informática, mas o projeto é rigorosamente o mesmo. Aguentou bem as modificações”, disse.

E sobre este intervalo temporal, confessou que já tinha mandado a maquete para o Canadá, onde estão todos os seus projetos arquitectónicos, “convencido de que não se construía” e que, por isso, “já não era preciso para nada”. No decorrer da palestra, Álvaro Siza disse ainda que, se a obra tivesse avançado há 20 anos, “ainda poderia subir o edifício de escadas e não de ascensor”.

O arquiteto, Prémio Pritzker em 1992, mostrou depois exemplos de três obras construídas em betão branco e por ele projetadas no Brasil, China e Portugal.

Álvaro Siza fez questão de visitar a obra da nova sede do BCV sem a presença dos jornalistas e visitou, também sem a companhia da comunicação social, a Cidade Velha, onde fez projetos de reabilitação àquele que é Património Mundial da UNESCO desde 2009.

O arquiteto encontra-se em Cabo Verde a convite do BCV, cujas obras da sede, em Achada de Santo António, ao lado da Assembleia Nacional, arrancaram em agosto de 2017 e encontram-se em fase avançada de construção.

O edifício, cuja primeira pedra foi simbolicamente colocada em 2000 pelo então presidente da República, António Mascarenhas Monteiro, está localizado no bairro mais populoso da capital, onde se encontram também edifícios como a sede das Nações Unidas em Cabo Verde, o Ministério dos Negócios Estrangeiros e a Embaixada de Portugal.

Orçada em 16,3 milhões de euros, a obra foi financiada através do fundo de pensões dos colaboradores do banco central que iniciaram funções até 1993, e a nova sede será cedida ao BCV em regime de ‘leasing’ financeiro.

Como contrapartida pela utilização do edifício, o banco central assumirá as prestações mensais dos beneficiários para o fundo de pensões, passando o edifício a “custo zero” para o BCV com a extinção das responsabilidades do fundo.

Com Lusa

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