A população da ilha de Santiago vai ser alvo de um inquérito nutricional que tem como propósito conhecer o actual nível de exposição aos contaminantes químicos nos alimentos a iniciar quarta-feira, 07, e até 07 de setembro.
A informação é da administradora executiva da Entidade Reguladora da Saúde (ERIS) em declarações à imprensa para comunicar sobre a pesquisa que se enquadra no projeto PERVEMAC II (Resíduos de Pesticidas em Vegetais na Macaronésia), a ser realizada em parceria com o Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) e o Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
“É um projecto que visa a promoção da agricultura sustentável e da segurança sanitária de alimentos nos arquipélagos da região da Macaronésia, a fim de garantir a segurança e a saúde dos agricultores e consumidores, além de minimizar o impacto da poluição ambiental que teve início em 2014 a 2015, em sua primeira fase”, disse.
Conforme Patrícia Miranda Alfama, após a realização de um primeiro inquérito em Cabo Verde, foi identificado a necessidade de se dar seguimento ao inquérito, numa segunda fase que vai de 2017 a 2020, com a concretização de mais análises para a verificação dos contaminantes químicos em produtos de produção nacional ou importado.
O inquérito, acrescentou, compreende uma pesquisa alimentar que contempla a avaliação do estado nutritivo da população da ilha de Santiago, onde se incluirá questões sobre os hábitos alimentares e as características das principais refeições, além de avaliar o consumo de alimentos e a ingestão de energia e nutrientes.
Ainda no inquérito que abrange os nove concelhos da ilha, afirmou, será feita recolha de sangue para se conhecer o actual nível de exposição da população aos contaminantes, mais concretamente, os pesticidas.
O inquérito, que abrange 250 agregados familiares e pretende colher sangue a 750 indivíduos, segundo a administradora executiva da ERIS, vai ser realizado por seis equipas constituídas por dois inquiridores, um do INE e o outro do sector da saúde, e vai ser realizado numa segunda fase a nível nacional.
Na sua declaração à imprensa, Patrícia Miranda Alfama lembrou que o inquérito realizado na primeira fase do projecto demostrou que os produtos agrícolas produzidos e consumidos em Cabo Verde não constituem ameaça quando se fala de concentração de resíduos de pesticidas nos alimentos, estando o país com níveis de pesticida que não ultrapassam o limite exigido pelas organizações internacionais.
Quanto aos resíduos químicos, o administrador executivo do Instituto Nacional da Saúde Pública (INSP), Júlio Rodrigues, que reconhece que o país, hoje, está a sofrer mais com doenças crónicas, considerou “importante” que se saiba sobre a base que está na causa do aumento desses males.
“O mundo está cada vez mais industrializado e está provado que os resíduos plásticos estão persentes em vários alimentos, pelo que devemos saber que contaminantes são. O estudo vai contribuir para sabermos os riscos a que a população está exposta e desenhar melhores cenários para o futuro”, acrescentou.
Ajuntou ainda que numa época em que se fala muito na abordagem de uma só saúde (saúde humana, animal e ambiental) é preciso saber sobre a exposição aos riscos a que a população cabo-verdiana se encontra sem saber para que possam melhor agir.
Segundo o PCA do INE, Osvaldo Borges, o instituto que vai coordenar todo o procedimento do inquérito, tem tudo a posto para que a operação aconteça a partir de quarta-feira, 07, tanto na sensibilização e supervisão dos agentes.
“Estamos habituados a fazer isso, e esta operação por ser muito específica porque há de se fazer recolha de sangue, abarca agentes que são da área de saúde”, disse.
A nível internacional, a Universidade de Las Palmas de Gran Canária (ULPGC) é parceira da actividade do Projecto PERVEMAC II que se enquadra na primeira convocatória do Programa de Cooperação Territorial MAC-Espanha 2014-2020 INTERREG VA, que é financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
Com Inforpress
Comentários