Prémio Nacional de Jornalismo a Carlos Santos contestado por irregularidades na candidatura. Júri mantém decisão
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Prémio Nacional de Jornalismo a Carlos Santos contestado por irregularidades na candidatura. Júri mantém decisão

O jornalista Óscar Monteiro, que concorreu ao Prémio Nacional de Jornalismo 2022 na categoria Rádio, contestou na semana passada a decisão do júri do concurso em atribuir o primeiro lugar a uma peça da autoria de Carlos Santos, alegando não cumprimento do regulamento, já que a matéria premiada terá sido difundida por uma estação estrangeira e não num órgão de comunicação social nacional. Analisada a reclamação, o júri manteve a decisão, afirmando estar tudo dentro dos parâmetros pré-estabelecidos.

O Prémio Nacional de Jornalismo 2022 atribuído ao jornalista Carlos Santos no passado dia 3 de Maio, mereceu fortes críticas do seu oponente, o jornalista da RCV, Óscar Monteiro, que inclusive apoiado por outros jornalistas, apresentou uma reclamação formal junto do corpo de jurados do concurso, criticando irregularidades várias da candidatura de Santos que, a seu ver, não deveria ter sido sequer admitida.

Segundo Óscar Monteiro, depois de consultar os dossiers do concurso na sede da AJOC, reparou que a candidatura da reportagem «Jornalismo sob pressão da Justiça» do jornalista Carlos Santos, “não apresentou todos os documentos exigidos para participar do concurso de jornalismo”, daí considerar que houve “uma violação das regras e procedimentos da resolução e do regulamento do concurso. 1. O corpo de jurados não respeitou a alínea b) do artigo 2º do regulamento do PNJ; 2. As alíneas b) e d) do artigo 5º (processo de candidatura); 3. Ponto 6 do artigo 5º”

“Perante tais factos solicito uma averiguação séria sobre o sucedido por parte de quem de direito, visto que em contactos com os colegas da RCV, entre jornalistas, técnicos e outros colaboradores a reportagem não foi difundida na RCV e nem noutra Rádio de cariz Nacional, regional ou comunitária”, escreveu Óscar Monteiro na queixa endereçada ao júri do concurso.

Óscar Monteiro

Ao Santiago Magazine, Óscar Monteiro disse que a referida reportagem saiu na RDP-África, logo, não podia sequer ser admitida, sublinhando a seguir que Carlos Santos era até há pouco tempo presidente da AJOC e, por inerência presidente do júri, tendo trabalhado durante pelo menos quatro anos com os restantes elementos que compõem a equipa que decide os resultados dos concursos para jornalistas. Ou seja, haveria aqui “ligações umbilicais” com o candidato vencedor.

A inédita reclamação de Óscar Monteiro, com conhecimento do secretário Adjunto do Primeiro ministro e tutela da comunicação social, Lourenço Lopes e da Autoridade Reguladora da Comunicação Social, deu entrada na AJOC no dia 8 de Maio. Três dias depois, 11, o corpo de jurados do PNJ decidiu, mas a favor de Carlos Santos.

Numa curta resposta ao jornalista contestatário, Maria de Jesus Barros (presidente do júri), Wlodziemerz Szymaniak, Marilene Pereira, Silvino Évora e Nardi Sousa afirmaram não haver “motivo para excluir liminarmente a candidatura em causa”, mantendo, com isso o Prémio Nacional de Jornalismo na categoria Rádio a Carlos Santos.

Na sua justificação, o júri esclareceu não existir uma alínea b) no artigo 2º referido por Óscar Monteiro, e que a candidatura de Carlos Santos traz a declaração de autenticidade da matéria assinada pelo director da RNCV, Nélio Santos, assumindo que a peça foi divulgada nas antenas da rádio pública. Por isso, remata o júri, não há “nenhum motivo para excluir liminarmente a candidatura em causa”.

Santiago Magazine quis ouvir a versão de Carlos Santos, mas este preferiu enviar um exto próprio a explicar o sucedido, que publicamos aqui neste link.

 

 

 

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SOBRE O AUTOR

Hermínio Silves

Jornalista, repórter, diretor de Santiago Magazine

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