
O Presidente da República, José Maria Neves, pediu hoje uma “auditoria independente” ao Hospital Dr. Batista de Sousa (HBS), no Mindelo, ilha de São Vicente, recordando a morte de sete recém-nascidos nas últimas semanas.
“Tratando-se de uma situação anormal e considerando as sistemáticas queixas dos utentes do HBS, penso ser recomendável a realização de uma auditoria independente para uma avaliação organizacional exaustiva e apresentação de recomendações pertinentes”, escreveu esta tarde o chefe de Estado, numa mensagem na sua conta oficial na rede social Facebook.
“Tenho seguido com preocupação as notícias da morte, nestes dias de maio, de sete crianças recém-nascidas no HBS. Sei que o Ministério da Saúde e o próprio Hospital estão a fazer as averiguações para identificar as causas destas mortes e tomar medidas cabíveis. E isto é essencial para pôr cobro às inquietações dos cidadãos”, acrescentou.
O Ministério da Saúde anunciou no dia 16 de maio a realização de um inquérito à morte, até então, de cinco bebés recém-nascidos, este mês, no HBS.
“Após tomar conhecimento de ocorrência de óbitos de cinco bebés recém-nascidos, no mês de maio, no serviço de neonatologia do Hospital Dr. Baptista de Sousa, e, pautando-se pela necessidade de esclarecimentos sobre as reais causas que levaram aos óbitos, o Ministério da Saúde, através de um despacho da ministra da Saúde manda instaurar um inquérito”, divulgou aquele ministério em comunicado.
A investigação, acrescentou, pretende apurar factos como os cuidados médicos, de enfermagem e de atendimento prestados às mães e aos bebés recém-nascidos, bem como as boas práticas de segurança e qualidade da prestação dos cuidados aos pacientes.
Também pretende apurar as causas que estão na origem das mortes dos bebés no nesse que é o segundo maior hospital do país e os procedimentos técnicos e administrativos adotados na emissão dos atestados de óbito e ainda na comunicação com os pais e familiares.
Para essa investigação, o Ministério da Saúde informou ainda que nomeou uma equipa de especialistas nas áreas de gineco-obstetrícia, neonatologia e enfermagem, composta por profissionais do Hospital Central da Praia e da Direção Nacional da Saúde, que deve apresentar um relatório, até final deste mês.
Em fevereiro, a diretora do Serviço de Neonatologia do Hospital Baptista de Sousa (HBS), Cátia Costa, confirmou a morte de outros cinco bebés recém-nascidos no mês anterior, esclarecendo que as causas foram prematuridade e malformações congénitas.
As explicações foram dadas após conferência de imprensa do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), a denunciar um “aumento crescente” de mortes de recém-nascidos na quela unidade hospitalar na segunda ilha mais populosa do país.
De acordo com o relatório de Estatísticas Vitais de 2021 do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), a taxa de mortalidade infantil, que contabiliza o número de óbitos de menores de um ano por cada 1.000 nascidos vivos, foi 10,5 em 2021 face aos 11,3 de 2020.
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