O bastonário da Ordem dos Médicos disse sexta-feira, no Mindelo, que o internamento a domicílio, já feito em Portugal e nos Estados Unidos da América, pode ter um papel importante no sistema nacional de saúde.
Danielson da Veiga falava à Inforpress a propósito do encerramento do V Congresso Internacional da Ordem dos Médicos de Cabo Verde que decorreu no Mindelo sob o lema “Inovar para aumentar o acesso à saúde” com a participação de especialistas nacionais e internacionais e dos Bastonários da Ordem dos Médicos dos Países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“Este encontro está a ser importante porque trouxe visões que podem ter um papel importante no sistema nacional de saúde. Foi debatido aqui o internamento a domicílio. Cabo Verde é um país pobre, muitas vezes não há possibilidade de meter tudo dentro de uma enfermaria, há doentes que não querem ficar na enfermaria porque tem quatro ou cinco pessoas que ela nunca viu e não conhece. Portugal nos deu uma lição hoje importante da forma como tem abordado esse assunto sobre a domiciliação do internamento”, afirmou.
Segundo o médico , se há pessoas que não querem estar numa enfermaria com muitas pessoas estranhas, por outro lado, em termos médicos há pessoas que têm um certo tipo de patologias, sobretudo quando se trata de doenças infecciosas, quem está ao seu lado está em risco.
“Mesmo o médico que está ali também. Mesmo um doente que entra com uma patologia que, numa situação de pobreza pode não estar num hospital que tem as melhores condições, ele também está em risco de contrair outras patologias porque está numa situação de vulnerabilidade. Então, se houver uma possibilidade de fazer um internamento a domicílio, ali há vantagens”, explicou.
Por outro lado, segundo Danielson da Veiga, o internamento a domicílio “reduz as despesas com o internado, reduz as despesas com os medicamentos e com o envolvimento de um seguro de qualidade a pessoa terá acesso a medicamentos com menos custos”.
O modelo de internamento a domicílio, adiantou o bastonário da Ordem dos Médicos foi apresentado por Portugal, que já tem uma experiência nisso, no V Congresso Internacional da Ordem dos Médicos de Cabo Verde
Aliás, frisou, o congresso “foi extraordinário” porque no seu decorrer foi abordado tudo aquilo que tem a ver com o acesso à saúde, a tecnologia, com a forma mais fácil de aproximar o paciente e o médico e, sobretudo, a forma de facilitar a comunicação entre o médico e o doente mas também qual deverá ser a relação entre a instituição e paciente em si.
“Coma inovação, e tendo em conta como o mundo vai-se evoluindo, temos que mudar a forma como nós trabalhamos. Então, temos que estar atentos ao que está a acontecer lá fora para que as mudanças não nos deixem para trás”, defendeu.
Para Danielson da Veiga Cabo Verde tem que olhar para a comunidade médica da língua portuguesa como uma forma de se “aproximar mais do mundo, principalmente de Portugal e do Brasil, que são duas potências importantes dentro da comunidade médica” dos países de língua portuguesa, “da Europa e dos Estados Unidos”, lembrando que hoje Cabo Verde tem “uma grande massa de pessoas com dedicação à ciência na emigração”.
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