Algo vai mal no «reino» das Forças Armadas de Cabo Verde quando os seus responsáveis máximos se imiscuem na vida política partidária, principalmente neste período de pré-campanha eleitoral.
Aliás, não é inocente o convite realizado por Anildo Morais, Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, ao Vice-Primeiro Ministro para visitar as FA a mês e meio das eleições legislativas.
Com este comportamento, Anildo Morais demonstra claramente que continua a fazer «fretes» ao MPD. Não faz nenhum sentido, praticamente em vésperas das eleições, de convidar um governante que, durante os 5 anos, no Governo, nunca visitou as FA e que, inclusivamente, mandou revogar a lei que atualizava o índice 100 do vencimento dos militares, violando de forma vergonhosa o princípio do direito adquirido.
Como se costuma dizer, este convite «traz água no bico», quais serão os motivos inconfessados por detrás desse inoportuno convite. Será que Anildo Morais está a «montar» uma operação de charme para convencer o governante que tutela o Património do Estado a, finalmente, alienar a moradia do Estado que Anildo ocupa e que tem guardada dia e noite por sentinelas armados em clara violação da lei?
É curioso que Anildo sabe que a lei lhe dá direito a proteção especial da sua pessoa e dos familiares em linha reta, mas que não lhe dá o direito a ter proteção na sua casa vazia em S. Vicente, estando ele a viver na Praia em casa arrendada por conta do erário público.
Anildo Morais é um privilegiado que está a beneficiar duas vezes das benesses do Estado. Por um lado, usufrui de uma moradia atribuída pelo Estado em S. Vicente e, por outro, tem direito a subsídio de renda de casa para morar na Praia. Haja transparência na gestão de coisa publica. Mas, o mais estranho nesta situação, é que Anildo, para não ficar sozinho, atribuiu uma segunda moradia do Estado a Armindo Graça que passou a ter também uma casa em S. Vicente e outra na Praia.
Entretanto, no meio deste «regabofe», as FA continuam sem viaturas ligeiras, não têm sequer um walkie talkie para comunicação e muitos outras carências que nem vale a pena mencionar.
Ao menos, espera-se que esta visita possa resultar na alienação das duas moradias em S. Vicente a favor das FA que, neste momento, continuam a debater-se com vários problemas relacionados com equipamento e material básico. Isto para não falarmos das constantes dificuldades que se levantam à Guarda Costeira que continua a aguardar pela entrega de um avião para poder cumprir cabalmente a sua missão.
Não basta dizer que se vai comprar, é necessário concretizar a promessa o mais rapidamente possível para que, a Guarda Costeira, consiga combater, com eficácia, o narcotráfico que, regularmente, utiliza as nossas águas territoriais para «passar a mercadoria».
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