Turismo. Emprego, o peso da justiça no processo do crescimento económico (parte II)
Ponto de Vista

Turismo. Emprego, o peso da justiça no processo do crescimento económico (parte II)

Na democracia são dadas prioridades de emprego aos mais jovens, pensando sempre no futuro do país.

A importância dos diferentes tipos de sistemas de inovação regionais deve ocorrer dentro de um contexto da base de conhecimento real de várias indústrias na economia, já que os processos de inovação das empresas são fortemente moldados na base do conhecimento específico.

Se em 2017 o rácio do desemprego nacional havia demonstrado uma suposta redução para 12,3% da população activa, continuamos a não ter dados concretos sobre o desemprego jovem.

O Instituto Nacional de Estatística continua sendo incapaz de recolher e publicar dados que espelham a realidade no terreno porque estão baseando apenas nas informações que recolhem no INPS e nos centros de emprego onde os nomes de mais de 25% dos jovens desempregados não constam ou nunca constaram.

Desses 25% cerca de 12.5% advém das zonas rurais onde já se devia estar a tirar frutos da indústria turística com a criação de centenas de empregos. No meu livro “Regionalizar Cabo Verde” publicado em 2016, estão inúmeras ideias sobre a indústria do turismo rural. Tive o cuidado de OFERECER exemplares ao Presidente da República e ao Primeiro Ministro, e tenho reparado que algumas partes do livro têm vindo a ser utilizada. Só que os conselheiros responsáveis pela elaboração dos projectos, não têm sido humildes ao nível de reconhecer a fonte dos dados.

Ora, se o conteúdo fosse analisado com cuidado esses senhores conselheiros dos membros do Governo teriam a oportunidade de ver que no sector que fala do sistema solar ou eólica para suportar a transformação e distribuição da água destaca a necessidade de identificar terrenos do Estado para se proceder à indústria agrícola e tratamento dos mesmos para venda nos hotéis “All Inclusive” e outros.

Quando assisto a tanta arrogância até fico com a impressão que fui enganado por alguns desses dirigentes políticos, durante vários anos.

Esses senhores que algum dia pensei serem humildes e sérios estão agora a exibir a arrogância política, gastando “balúrdios” em conferências luxuosas e, exibindo as suas caravanas políticas pelo mundo fora, desperdiçando o dinheiro dos cofres do povo destas ilhas.

E o que mais me intriga é o descaramento desses mesmos corruptos a aparecem nas notícias propondo acabar com o “cancro da burocracia” na administração pública cabo-verdiana, etc., etc. Mas que ironia do destino!!!

Pois, enquanto fingem ser sérios estão, ao mesmo tempo, a incentivar as suas bases a fazer uso do erário público como bem desejarem.

Desperdícios financeiros que afetam a capacidade geral de criar melhores condições de vida para os desfavorecidos da sociedade.

A maioria demonstra desconhecer a realidade das famílias rurais e a das que migraram para as periferias das cidades, nas ilhas, enquanto utilizam essas mesmas pessoas para justificar solicitações de apoios internacionais para virem a gastar ao seu belo prazer e enriquecer as suas contas bancárias e a dos camaradas.

Para demonstrarem o quão insensíveis são, aparecem agora com uma proposta de criação da figura do provedor do cidadão no Ministério das Finanças, tentando ludibriar a opinião pública nacional.

A meu ver, isso não passa de mais um produto falso a ser colocado no mercado nacional.

Como escrevemos na parte I deste grupo de artigos, o governo continua insistindo em gerir tudo à rebeldia dos poucos militantes arrogantes que ocupam altos cargos nas instituições e empresas públicas, tratando a tudo e todos como se fôssemos apenas uns instrumentos de divertimento. Apesar das limitações das populações, somos de opinião que muitas das soluções para os males de Cabo Verde podem ser encontradas no seio das comunidades nas ilhas que fazem parte deste arquipélago/país, constituído por 10 ilhas e alguns ilhéus.

Esta propaganda de criação de uma figura de provedor do cidadão para eliminar a burocracia é o mais ridículo que até hoje ouvi dessa gente. Aliás, isto é mais um sinal do nível de arrogância política de alguns em criar tachos para os amigos camaradas mamarem nas tetas do Estado também.

Estamos em crer que essa tal de criar esse tal de escritório do Provedor do Cidadão é mais uma via para continuar-se com o ridículo desperdício do dinheiro dos pobres. Muitos dos problemas existentes nas comunidades podiam estar a ser debatidos entre os habitantes nas próprias comunidades, rurais e urbanas, de onde saíam propostas concretas e bem intencionadas.

Decerto que se formos humildes e procurarmos esses conhecedores das realidades locais seríamos contemplados com soluções para os problemas de gestão existente na estrutura do Governo Central.

Como deve saber o Vice Primeiro Ministro e Ministro das FINANÇAS, a tributação, o gasto e a regulação desnecessária distorcem a atividade económica de várias maneiras, levando a menos crescimento e prosperidade.

Conseguir eliminar o desperdício e a burocracia exagerada, incluindo o controlo cerrado dos gastos do governo exige, em primeira mão, a redução do tamanho e do escopo do governo central e de algumas Câmaras Municipais.

Temos vindo a destacar gastos desnecessários do governo, e, enquanto isso, os membros do Governo, incluindo os parlamentares, continuam, abusivamente, a insistir no desperdício do dinheiro público.

A realização de conferências luxuosas, jantares, compras de automóveis de luxo, viagens constantes em grupos constituídos por um número exagerado de membros do Governo e conselheiros, criação trimestral de novas empresas públicas, etc., tudo isso implica perdas fiscais nas instituições governamentais.

São precisamente esses males os problemas de gestão do país.

Existe um leque, enorme, de desperdícios e agora aparece mais alguns para coroar o desperdício.

Que tamanha aberração esta da criação do escritório do Provedor do Cidadão. Quem será o “sortudo” ou a “sortuda” a ser contemplado com mais este tacho político???

Os economistas costumam usar definições amplas de resíduos do tipo existente em Cabo Verde como má alocação de recursos, ou seja desperdício. Quando recursos de maior valor são usados ​​para atividades de menor valor, isso é desperdício. Pois, como deve ser do conhecimento do economista Olavo Correia, a má atribuição de recursos assume várias formas, incluindo:

Gastar em projetos que custam mais do que os benefícios que eles criam;

Intervenção governamental na forma de subsídios ou regulamentos que levam indivíduos e empresas a reduzir seus esforços produtivos ou a se engajar em atividades improdutivas. Um exemplo direto é aumentar as despesas orçamentais com a criação de novas empresas para abrigar os militantes do partido que suporta o Governo, como o caso da recém criada empresa ICV e o escritório do Provedor do cidadão por nascer.

Em vez do Governo procurar diminuir as despesas institucionais e procurar formas de arrecadar lucros fiscais e outros, sem ter que sacrificar os emigrantes com taxas exageradas e ilegais nas Alfândegas de Cabo Verde, procurando ser um Governo que serve o seu consumidor/o povo, estes governantes preferem manter em silêncio e deixar os seus indigitados directores infringir as leis e enriquecer à custa dos outros, através de ilegalidades administrativas e ou roubos diretos aos pobres consumidores.

Os governantes andam a nadar no dinheiro que é ofertado ao povo de Cabo Verde, satisfazendo as suas vontades pessoais e familiares, como se tudo pertenças suas.

Os desperdícios do Governo Central e de algumas Câmaras Municipais privilegiadas do sistema deviam estar sob os olhares dos (inexistentes) fiscais governamentais. Mas como é obvio, esses fiscais não existem no nosso país porque seria, talvez, uma inconveniência para os governantes, caso não fossem comprados como acontece no sector da Justiça Nacional e outros.

Até agora, falou-se muito e, continuamos assistindo ao mesmo espectáculo anterior. Só que desta utiliza-se formas ou formulários diferentes para confundir os menos atentos.

Esquecem, entretanto, que continuam causando males que possam vir a ser desastrosos para as populações e poder causar as mesmas reações de 2016. Verifica-se também que os beneficiários dos desperdícios do Governo de Cabo Verde continuam sendo os mesmos e as quantias investidas com nome de incentivos para criação de emprego jovem andam perdidos e ninguém se preocupa em exigir justificações.

Muitos desses senhores militantes, parasitas do Estado, até não deviam ter direito a benefícios do governo, devido às suas posturas públicas e ou mesmo criminais.

Este Governo ainda nem foi capaz de eliminar os desperdícios dos programas desatualizados e desnecessários ou duplicados, o que demonstra a

Ineficiência e a má capacidade de administração da coisa pública.

Estes desperdícios do governo são baseados em princípios económicos que englobam um espectro único de governos pouco sérios. Um guia dos políticos na nossa terra querida.

Temos que sentar, repensar o país e reavaliar os tais programas de gastos existentes, a partir de um ponto de vista de princípios sérios de gestão da coisa pública.

Esta perspectiva económica existente actualmente em Cabo Verde não deve de modo algum ser o único guia para definir o papel apropriado do governo, pois outras considerações, em primeiro lugar e acima de tudo o consentimento dos governados, os quais desempenham o papel mais importante na forma constitucional deste e outros governos cabo-verdianos, desde 1991.

O consentimento dos governados é substancialmente distinto da “vontade da maioria”.

A Voz do Povo Sofredor

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