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MpD não pertence a Ulisses Correia e Silva, mas sim à coletividade que o compõe   
Ponto de Vista

MpD não pertence a Ulisses Correia e Silva, mas sim à coletividade que o compõe  

...visão de partido como um instrumento coletivo é bastante antiga e já foi defendida por diversos pensadores políticos ao longo da história. Em seu livro "Os Partidos Políticos", o cientista político italiano Roberto Michels argumenta que, em virtude da tendência humana à liderança e à hierarquização, os partidos políticos tendem a ser dominados por uma elite que se distancia da base e busca perpetuar-se no poder. Para Michels, é fundamental que os partidos mantenham uma estrutura democrática e participativa, com a participação ativa dos membros nas decisões importantes e o controle das elites por meio de mecanismos internos de transparência e responsabilização. No caso do MpD a estrutura neste momento é controlada por um grupo de pessoas apontadas pelo líder e as decisões não podem ser nem transparentes e nem democráticas.

A política é uma atividade complexa e dinâmica, que envolve diferentes atores e interesses em constante disputa. Em um sistema democrático, os partidos políticos são uma peça fundamental desse jogo, representando as diversas visões e perspectivas da sociedade. No entanto, é comum vermos líderes partidários com uma grande influência sobre suas agremiações, muitas vezes tornando-se figuras onipresentes e indissociáveis dos partidos que lideram. O papel dos partidos políticos na democracia é garantir a participação popular no processo político, representando os interesses de diferentes setores da sociedade e apresentando propostas para a construção de um futuro comum. No entanto, muitas vezes, os partidos acabam sendo dominados por líderes carismáticos ou personalidades fortes, que impõem suas agendas e visões de mundo à coletividade que os compõe como é o caso do MpD neste momento.

Essa situação pode ser bastante prejudicial para a democracia, pois transforma o partido em uma ferramenta de poder pessoal, em vez de um instrumento de participação e representação popular. Além disso, pode criar um ambiente de conflito interno e desestabilizar a agremiação, afastando os militantes e simpatizantes que não se identificam com as posturas do líder. Uma das formas de evitar essa situação é entender que o partido não pertence a nenhum líder, mas sim à coletividade que o compõe. O líder é apenas um representante eleito pelos membros do partido para coordenar suas ações e defender seus interesses perante a sociedade e as instituições. Ele não deve impor sua vontade sobre os demais membros, mas sim ouvir suas opiniões e buscar o consenso em torno das decisões mais importantes.

Essa visão de partido como um instrumento coletivo é bastante antiga e já foi defendida por diversos pensadores políticos ao longo da história. Em seu livro "Os Partidos Políticos", o cientista político italiano Roberto Michels argumenta que, em virtude da tendência humana à liderança e à hierarquização, os partidos políticos tendem a ser dominados por uma elite que se distancia da base e busca perpetuar-se no poder. Para Michels, é fundamental que os partidos mantenham uma estrutura democrática e participativa, com a participação ativa dos membros nas decisões importantes e o controle das elites por meio de mecanismos internos de transparência e responsabilização. No caso do MpD a estrutura neste momento é controlada por um grupo de pessoas apontadas pelo líder e as decisões não podem ser nem transparentes e nem democráticas.

Essa ideia também é defendida por outro grande pensador político, o francês Alexis de Tocqueville, em sua obra clássica "A Democracia na América". Para Tocqueville, o grande desafio da democracia é evitar que o poder se concentre nas mãos de poucos, criando uma elite política que governa em benefício próprio e ignora os interesses da maioria. Para isso, é fundamental que as instituições políticas sejam permeáveis à participação popular e que haja uma cultura política que valorize a colaboração e o diálogo, em vez da imposição autoritária de uma visão autoritaria. Os militates não devem sentir-se intimidados por esta elite podre do partido que querem promover a mediocridade para poderem perpetuar-se no puder.  As críticas são sempre importantes em qualquer partido democrático e faz parte da dinâmica política para poder equilibrar o autoritarismo e a arrogôncia.

 

 

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