Volvidos seis meses de luta contra a COVID-19 em que foram decretados três estado de emergência e outros tantos estados de calamidade, ainda vivemos um grande impasse em relação a esta pandemia. De realçar que até ao momento o país ainda não atingiu o pico da pandemia, ao menos que se saiba, porque ninguém o demonstrou tecnicamente, o que torna a situaçao ainda mais preocupante.
A pergunta que se coloca é a seguinte: o que falhou e o que é que poderia ter sido feito ou o que se pode fazer para minimizar os impatos desta pandemia na sociedade e na economia do país?
No meu entender, a hipótese mais plausível é que as falhas advêm das autoridades competentes, mais concretamente das autoridadades de saúde e das autoridades com poder de atuar na disuasão. Razões bastantes e não inéditas, porque defendidas por outrém até com tamanhas demonstrações técnicas, suportam essa minha posição em imputar tais culpas.
Primeiramente, porque sendo estas autoridades órgãos que definem, dirigem e executam as políticas que se esperavam ser afins falharam no timming de aplicação das medidas, na assertividade das mesmas e nas suas proporcionalidades.
Causando tantos estragos como tem estado a causar, depois do registo dos primeiros casos de pessoas infetadas com o coronavírus na China muitos foram céticos e não acreditaram que o vírus iria alastrar Ásia adentro e mundo fora.
O primeiro caso de coronavírus no mundo foi confirmado no dia 5 de janeiro pelas autoridades chinesas, com a posterior alerta ao mundo e em contraposição o primeiro caso confirmado pelas autoridades caboverdianas no dia 20 de março de 2020. De 5 de janerio para 20 de março passaram 75 dias, dias estes que eram suficientes para que estas autoridades, pese embora sem grandes expertises sobre a pandemia, identificar as políticas, mobilizar os meios e olear outras máquinas do Estado para combater o coronavírus. Mas isso não se verificou na prática. O que deu para constatar, durante este tempo, é que estas autoridades ficaram atónitos e não conseguiram criar estratégias para enfrentar a pandemia, identicando e definindo as políticas para combater o coronavirus. Preocuparam, sim, em estender as mãos para atrair e abocanhar a ajuda externa e amealhar alguns turistas.
Por causa desta ganância e desta busca desenfreada em conseguir atrair os europeus para as nossas lindas praias e a morabeza do povo cabo-verdiano acabamos por registar o primeiro caso de pessoa infetada com coronavírus no país. Este caso podia ter sido facilmente evitado se toda a máquina do Estado estivesse devidamente preparada para combater a COVID-19, com os parcos conhecimentos que na altura tinha.
De realçar que até ao registo deste caso ainda não tinhamos um laboratório capaz de fazer testes de despiste de COVID-19, todas as amostras eram enviadas para serem analisadas em Portugal. Isto em nada iliba a responsabilidade atual do alastramento da pandemia. Estratégias e medidas erráticas foram sendo seguidas e não há lugar, pelo estado em que o país se encontra, para mais estados de emergência. Agora para o desespero de todos é o Deus nos acuda.
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