Carta aberta ao Senhor Dr. Júlio Andrade
Ponto de Vista

Carta aberta ao Senhor Dr. Júlio Andrade

Mui (in)digno Presidente do Conselho da Administração do

Hospital Agostinho Neto e Diretor do mesmo Hospital

Tem esta carta aberta a finalidade de lhe manifestar publicamente a minha raiva, indignação e revolta pela forma indigna e desrespeitosa como me tratou e que faço questão de os leitores conhecerem, para aquilatarem do comportamento do responsável de uma das infraestruturas mais importantes do País, que é o HOSPITAL CENTRAL DR. AGOSTINHO NETO.

Efetivamente, senhor Diretor, antes de entrar no objeto desta carta, gostaria de lhe dizer que várias vezes o defendi perante pessoas que falavam, falam, mal de si, pela maneira como vem gerindo o Hospital, porque o tinha no lugar de pessoa séria, honesta e trabalhador por ser pessoa que conheço há vários anos e ainda ser meu médico na área de oftalmologia durante vários anos e sempre me tratou com deferência e respeito.

Foi por isso que senti, sinto, muita dor ao tratar-me desta forma.

No dia 23 deste mês de Julho entreguei na Secretaria do Hospital uma carta a si dirigida. Na referida carta eu lhe informei que desde o dia 09 de Abril fui apresentado na Junta de Saúde e porque os médicos chumbaram o pedido dos Cardiologistas para que eu fosse evacuado para Portugal por razões de problemas cardíacos graves, recorri ao senhor Ministro de saúde, solicitando a sua não homologação daquela decisão, o que ele efetivamente fez.

(Hoje reconheço que esse tratamento VIP era por causa dos DOIS MIL E QUINHENTOS ESCUDOS).

Foram-me solicitados alguns documentos para que a Junta de recurso se realizasse, o que entreguei desde o dia 30 de Maio. E porque até hoje não tenho nenhuma informação oficial desta demora escrevi-o, pedindo uma explicação por escrito dos motivos desse atraso.

No mesmo dia a funcionária responsável pela coordenação dos doentes à Junta me chama para me inquirir sobre o motivo por que escrevo aquela carta, tendo ela lido alguns trechos da mesma, sinal de que o senhor em vez de pedir-lhe informação das razões da demora para me informar, a entregou a carta pura e simplesmente para dela fazer o que bem entendesse. Porquê?

Horas depois de eu ter entregue a carta na secretaria, um médico que faz parte da Junta informou-me que foi informado de que a minha Junta estava aprazada para o dia 31.

No dia 29, a funcionária da Junta chama–me para me pedir para ir nela receber a resposta da carta que escrevi ao senhor Diretor do Hospital e que também levasse todos os documentos exigidos aos doentes para serem presentes à Junta de Saúde.

Logo de manhã fui falar com a senhora e, qual não foi o meu espanto, ela ter-me apresentado uma nota subscrita pelo Diretor Clínico do Hospital, homem que, na minha opinião, nada tem a ver com assuntos da Junta, cujo conteúdo de forma ambígua e indispensável, dizia mais ou menos isto:

… deve assinar a dizer que os documentos em poder da funcionária são os que entreguei desde Abril, data em que fui presente à Junta.

Não assinei e fui ter consigo, pedindo-lhe, com todo o respeito, que chamasse a senhora na minha presença para lhe dizer que não ia e nem devia assinar tal documento, pois que não sabia e nem tinha a certeza de que tinha todos os elementos que então entreguei e que aceitou para me fazer ser presente na Junta.

O senhor concordou comigo não só nesta matéria como também deu-me razão na discussão que tive com a senhora Coordenadora da Junta, Dra. M. do Céu Teixeira ao não aceitar a declaração passada pela Dra. Vanusa, endocrinologista e que me assiste há vários anos, em vez de pedir a UM MÉDICO QUALQUER que a Lei estipula.

O senhor, não querendo expor e comprometer a sua funcionária, disse-me:

Pode deixar. Dê-me o seu número de telefone, vou chamá-lo daqui a nada para lhe informar se vai ser apreciado na Junta na próxima quarta-feira.

Hoje (31 de Julho), portanto.

À hora em que lhe dirijo esta carta aberta, já tinham passado 12 horas sobre o prometido, e ainda não recebi a sua chamada e acho que não vou ser presente à Junta desta vez.

SENHOR Dr. JÚLIO ANDRADE:

Acha justo, como médico que é, que eu aflito com o diagnóstico de doença coronária e lhe escrevi pedindo informação, dizendo-lhe que queria aquela informação para me deslocar pelos meus meios a Portugal para exames que aqui ainda não fazem e eventuais tratamentos caso a decisão de eu ser presente à Junta ainda não tivesse tempo definido?

Acha-me tão insignificante a ponto de nem sequer ler a minha carta e entregá-la a uma funcionária para cujo fim desconheço e nada me dizer?

Acha normal, assumir no seu gabinete o compromisso de me chamar “daqui a nada” e não o fazer 24 horas depois?

Que ideia, acha, vou passar a ter de si, doravante?

Cabo-verdianamente,

Olímpio Varela

Cidade da Praia, aos 31 dias de Julho de 2019

P.S. Sobre o processo da Junta, em si, escreverei numa próxima oportunidade.

Partilhe esta notícia

SOBRE O AUTOR

Redação

    Comentários

    • Este artigo ainda não tem comentário. Seja o primeiro a comentar!

    Comentar

    Caracteres restantes: 500

    O privilégio de realizar comentários neste espaço está limitado a leitores registados e a assinantes do Santiago Magazine.
    Santiago Magazine reserva-se ao direito de apagar os comentários que não cumpram as regras de moderação.