...o artigo de João Silvestre Alvarenga é uma contribuição valiosa para o entendimento da democracia como um sistema que prospera na diversidade de opiniões. Sua defesa da pluralidade e do dissenso como pilares fundamentais da vitalidade democrática é não apenas pertinente, mas essencial para a promoção de sociedades mais justas e inclusivas. A leitura deste artigo é recomendada a todos que desejam aprofundar sua compreensão sobre a importância da diversidade no espaço público e o papel do dissenso na construção de um futuro democrático mais robusto.
Nesta resenha crítica, se analisa o artigo intitulado "Epístola ao Sr. Embaixador", publicado no Santiago Magazine, de autoria do Professor Doutor João Silvestre Alvarenga. O autor discute a importância da pluralidade de opiniões na democracia de maneira objetiva e abrangente, destacando que a diversidade de vozes e perspectivas é um requisito inquestionável para o funcionamento saudável de qualquer sistema democrático. Essa abordagem não apenas enriquece o debate público, mas também fortalece a legitimidade das instituições democráticas.
Alvarenga argumenta de forma convincente que o dissenso é, na verdade, o motor da democracia. Ele ilustra como a capacidade de discordar e debater ideias contrárias é fundamental para a vitalidade do processo democrático. Ao permitir que diferentes opiniões coexistam, a democracia se transforma em um espaço dinâmico onde as políticas públicas podem ser constantemente avaliadas e aprimoradas. Essa interação entre opiniões divergentes não apenas fomenta a reflexão crítica, mas também promove a inclusão e a participação ativa dos cidadãos.
Um aspecto notável do trabalho de Alvarenga é que ele fundamenta seus argumentos em dados produzidos por fontes reconhecidas e credíveis, como o Afrobarometer. O articulista analisa o desempenho do governo de Ulisses Correia e Silva, tecendo considerações sobre os setores de governança mais criticados, apoiando-se em sondagens realizadas pelo Afrobarometer, manifestações de descontentamento e greves de várias classes profissionais. Ele se dirige ao Sr. Embaixador, afirmando que “o país real vai tão mal que a maioria do eleitorado já respondeu em sondagem recente do Afrobarometer (publicada em 2024) que, se as eleições legislativas fossem realizadas nessa data, o partido MpD, que suporta o governo, perderia as eleições para o maior partido da oposição, PAICV.” Alvarenga remata dizendo que “o país real é esse pulsado pelo povo através das pesquisas de opinião e não aquele idealizado e fantasiado pelas conveniências políticas de uns e outros em função da sua proximidade com o poder de plantão.”
Além disso, o autor não deixou de passar uma pincelada sobre o setor dos transportes marítimos e aéreos, que ele caracteriza como vivendo em um caos permanente de descontinuidades, roturas e desorganização. Ao analisar a situação da pobreza no país, que ele considera estrutural, Alvarenga caracteriza a situação ao afirmar que “os pobres ficaram muito mais pobres e os ricos ficaram muito mais ricos e são, justamente, esses últimos e seus representantes que ficam pintando o país, falsamente, de cor-de-rosa.” Ele também utiliza o índice de Geni para ilustrar as desigualdades sociais e econômicas que persistem. Alvarenga direciona sua análise para os setores mais críticos do governo, como educação, saúde, segurança e justiça, enfatizando que essas questões não são invenções, mas realidades que afetam a vida dos cidadãos. Ao utilizar evidências concretas e estatísticas, ele torna suas argumentações mais robustas e convincentes, oferecendo aos leitores uma compreensão mais profunda das dinâmicas sociais e políticas que influenciam a democracia.
Ademais, a forma como o autor aborda questões candentes da governança do país não visa agradar a todos, especialmente aqueles que fazem parte do círculo do poder instituído. Sua disposição para tratar temas controversos e desafiadores demonstra um compromisso com a verdade e a transparência, mesmo que isso possa gerar desconforto entre os detentores de poder. Essa coragem em confrontar a realidade é um sinal de integridade e responsabilidade cívica.
Num país onde ainda não se nota uma sociedade civil ativa na defesa dos interesses coletivos, em que tudo gira em torno de uma elite dominante que procura controlar a esfera pública e exercer domínio no campo político, artigos dessa natureza funcionam como um pêndulo da balança, equilibrando os polos opostos dos partidos dominantes. Ao trazer à tona questões relevantes e muitas vezes negligenciadas, Alvarenga contribui para um debate mais equilibrado e inclusivo, desafiando a hegemonia de narrativas unilaterais.
A objetividade do autor se reflete na clareza com que apresenta seus argumentos, evitando ambiguidades e simplificações. Ele utiliza exemplos concretos para ilustrar a relevância do dissenso, demonstrando como a falta de pluralidade pode levar ao autoritarismo e à estagnação social. A abrangência de sua análise permite que o leitor compreenda a complexidade das interações sociais e políticas que moldam a democracia contemporânea.
Por último, o artigo de João Silvestre Alvarenga é uma contribuição valiosa para o entendimento da democracia como um sistema que prospera na diversidade de opiniões. Sua defesa da pluralidade e do dissenso como pilares fundamentais da vitalidade democrática é não apenas pertinente, mas essencial para a promoção de sociedades mais justas e inclusivas. A leitura deste artigo é recomendada a todos que desejam aprofundar sua compreensão sobre a importância da diversidade no espaço público e o papel do dissenso na construção de um futuro democrático mais robusto.
Savannah, 14-10-2024.
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