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“Sonhamos com um município com desenvolvimento convergente, inclusivo e sustentável"
Entrevista

“Sonhamos com um município com desenvolvimento convergente, inclusivo e sustentável"

Declarações do candidato do PAICV à presidência da Câmara Municipal de São Salvador do Mundo nas eleições autárquicas de 1 de dezembro. Nesta entrevista ao Santiago Magazine, João Alberto Teixeira de Barros, afirma-se convicto da vitória nestas eleições, porquanto São Salvador do Mundo precisa de uma “equipa ousada, capaz de granjear parcerias estratégicas de desenvolvimento e não ficar à espera só do governo”, rematando que neste momento “não existe uma única iniciativa local que impulsione o desenvolvimento do concelho”.

Santiago Magazine - O senhor concorre nas listas do PAICV para Presidente da Câmara Municipal de São Salvador do Mundo. Quais são as suas principais motivações políticas, profissionais e pessoais para entrar nesta aventura?

João Alberto Barros - A minha principal motivação em concorrer para Presidente da Câmara Municipal de São Salvador do Mundo é servir. Servir o meu município, governando-o com todos e para todos. Servir as pessoas de todas as faixas etárias, de todas as religiões, de todas as classes sociais, enfim, servir o povo de Picos sem nenhum tipo de discriminação.

Em toda a minha vida servi e quero continuar a servir como Presidente. Terei condições de servir melhor e toda a minha luta é estar nessa posição e provar aos munícipes que é possível fazer melhor, sem exploração das fragilidades de cada um. Aliás, quem está na posição de ajudar deve fazê-lo sem cobrar nada.

Estou motivado e sinto-me preparado para o cargo de Presidente de Câmara. Já acumulei experiências de gestão e liderança de serviços e instituições que conheço muito muito bem os instrumentos de uma gestão eficaz e de uma liderança capacitada. Tive sucessos por onde já passei, graças a Deus, e isso me enche de confiança e certezas de que, na qualidade de Presidente de Câmara, onde existem várias portas abertas às parcerias, farei ainda melhor.

"Pior é que falta visão, nem temos líder, não existe “cabeça” na equipa atual. Temos uma equipa sem orientação, desfocada e muito pouco produtiva. Não podemos continuar nessa sonolência agressiva que hipoteca o desenvolvimento do concelho e destrói a aspiração da juventude. Precisamos de uma equipa ousada, capaz de granjear parcerias estratégicas de desenvolvimento e não ficar à espera só do governo. Não existe uma única iniciativa local que impulsione o desenvolvimento do concelho. Mais do que isso, temos uma equipa que aplica mal os recursos do estado e com indícios de corrupção."

O que o leva a acreditar que São Salvador do Mundo precisa de outra liderança?

Sempre disse que falta visão, falta estratégia e falta estrutura com capacidade de estar à altura dos desafios de São Salvador do Mundo. São Salvador do Mundo tem muitas potencialidades e tem muitos quadros com competência comprovada em várias partes do mundo. Precisamos é de dar espaços para a participação e colaboração de todos, sem complexo e sem se ver para a cor partidária. Todos somos importantes!

É preciso fazer acordos e desenvolver parcerias, promover projetos que impactam positivamente o desenvolvimento do nosso concelho e melhorar as condições de vida das famílias. Só justifica termos um Presidente de Câmara se este consegue acelerar o processo de crescimento do seu concelho. Mas para tal, tem que haver visão, tem que haver estratégias para se escolher melhor as estruturas com condições de implementarem as medidas que se quer assertivas e políticas públicas adequadas às necessidades e anseios da população.

Infelizmente, somos obrigados a admitir que tal não se verifica na atual equipa. Pior é que falta visão, nem temos líder, não existe “cabeça” na equipa atual. Temos uma equipa sem orientação, desfocada e muito pouco produtiva. Não podemos continuar nessa sonolência agressiva que hipoteca o desenvolvimento do concelho e destrói a aspiração da juventude. Precisamos de uma equipa ousada, capaz de granjear parcerias estratégicas de desenvolvimento e não ficar à espera só do governo. Não existe uma única iniciativa local que impulsione o desenvolvimento do concelho. Mais do que isso, temos uma equipa que aplica mal os recursos do estado e com indícios de corrupção. Basta ver as obras que desabam e danificam, ainda em períodos de garantia e obras inacabadas apesar de financiadas a 100 por cento, mas ninguém é responsabilizado. Isto não é normal onde haja seriedade na gestão da coisa pública. Para piorar, temos uma equipa que ao invês de facilitar, escolhe a via da vingança, da perseguição e da injúria às pessoas. Tem sido assim há oito anos, durante esses dois mandatos. Uma equipa desta não merece continuar.

Se for eleito, o que é que faria diferente daquilo que tem sido feito até agora no seu concelho?

Vamos ganhar essas eleições e serei o próximo Presidente da Câmara Municipal de São Salvador do Mundo. Serei o Presidente presente e empenhado em servir o povo. Serei o Presidente que trabalha com todos e para todos, sem exceção. Vamos acabar com o medo, vinganças, discriminações e arrogâncias que há oito anos frustram as nossas gentes. O povo de Picos clama pela mudança e vai eleger um líder capaz de devolver a democracia e libertar as pessoas sufocadas pela ditadura instalada.

Vamos mudar a forma de fazer política e gestão dos bens públicos. Com a nossa liderança vai deixar de haver funcionários a receberem salários sem fazer nada, pois para nós todos devemos trabalhar e receber o justo salário. Valorizamos as pessoas e aproveitaremos todas as competências, interna e externa, em parceria com as instituições públicas e privadas, e colocá-las ao serviço do concelho.

Todas as áreas de desenvolvimento humano, ambientais, institucionais, infraestruturais, etc. irão merecer atenção especial da nova equipa camarária e do novo Presidente que serão eleitos no dia 01 de dezembro próximo.

"Sou ativista social pela vontade de servir. Descobri e escolhi estar sempre ao serviço dos que mais precisam quando, nas minhas meditações sobre a vida, percebia o sofrimento de muitas famílias que não tinham rendimentos e nem apoio do estado. Então, tomei a iniciativa de agir, enfrentando todas as barreiras e vencendo desafios, pois tinha motivação e lutava por uma causa justa e necessária. Essa experiência fez de mim um ativista social e um agente cultural com agendas e programas direcionados para as famílias e jovens, com intervenções na educação, saúde, agricultura, pecuária, ambiente, cultura, emprego, etc. dentro da minha comunidade."

Já agora, quem é João Barros?

Sou João Alberto Teixeira de Barros, um simples São-salvadorenho que quer dar a sua contribuição para o desenvolvimento do seu concelho. Sou de Jalalo Ramos onde cresci numa família muito humilde, com parcos recursos, mas com princípios e valores que me ajudaram a conhecer o valor da família e desenvolvi o espírito humanista de servir sempre, sem olhar à quem. Descobri que servir é a minha missão!

Nasci no entusiasmo da independência de Cabo Verde, em Angola, onde o meu pai estava em missão de serviço com a minha mãe, todos cabo-verdianos à procura de uma vida melhor. Viemos para Cabo Verde ainda eu com dois anos de idade. Os meus primeiros anos de estudos foram em Rebelo, terra do meu pai, mas aos onze anos passei a residir definitivamente em Jalalo Ramos. Estudei no ex-EBC de Achada Leitão e depois, os estudos liceais no Liceu Amilcar Cabral, em Assomada, com muito sacrifício.

Desde tenra idade trabalhei duro para sustentar a família e assegurar os estudos dos irmãos mais novos com muito orgulho. As dificuldades por que passei e as experiências não muito agradáveis que vivi, fortaleceram-me muito e fizeram-me aprender que só quem luta, focado naquilo que quer, consegue.

Sou agricultor e exerço esta atividade com muito orgulho, pois o homem e tudo o que ele precisa provém, direta ou indiretamente, da terra e a ela retorna.

Cresci muito apegado à igreja, tendo assumido cargos de elevada responsabilidade religiosa, servindo a Deus, sempre, na pessoa do próximo.

Sou ativista social pela vontade de servir. Descobri e escolhi estar sempre ao serviço dos que mais precisam quando, nas minhas meditações sobre a vida, percebia o sofrimento de muitas famílias que não tinham rendimentos e nem apoio do estado. Então, tomei a iniciativa de agir, enfrentando todas as barreiras e vencendo desafios, pois tinha motivação e lutava por uma causa justa e necessária. Essa experiência fez de mim um ativista social e um agente cultural com agendas e programas direcionados para as famílias e jovens, com intervenções na educação, saúde, agricultura, pecuária, ambiente, cultura, emprego, etc. dentro da minha comunidade.

Tornei-me professor por gosto de ensinar e ver a satisfação dos alunos com a descoberta do conhecimento. É, de facto, muito gratificante!

Sou político pela vontade de continuar a servir ao mais alto nível o meu povo e vou ser o Presidente de Câmara que Picos precisa. Um presidente que lidera e governa com todos e para todos.

"...propomos combater a pobreza e a exclusão sociais, sem deixar ninguém para trás; apoiar a habitação digna para todos (que inclui água, energia, casa de banho e os compartimentos suficientes adequados ao tipo de família); construir casas de banho para todas as famílias; efetuar ligação de água e energia para todas as famílias; apoiar a cultura e a arte e incentivar a inserção dos seus produtos no mercado; apoiar o acesso à educação e à formação; apoiar o acesso efetivo aos cuidados de saúde para todas as pessoas, principalmente às pessoas com deficiência, terceira idade e a crianças; promover a atividade física, apoiar a prática do desporto e formação desportiva em todas as modalidades; trabalhar o saneamento e promover a sustentabilidade ambiental municipal; etc"

Quais são os seus grandes projetos para Picos?

Sonhamos com um município com desenvolvimento convergente, inclusivo e sustentável.

O nosso foco é trabalhar para as pessoas, sem nenhuma espécie de exploração. Trabalhar todos os dias, sempre na melhoria das condições de vida das famílias. Vamos apoiar as famílias para terem rendimentos suficientes e ganharem autonomia e liberdade económica. Para tal, colocamos na nossa plataforma eleitoral aquilo que Picos, enquanto município eminentemente rural e de vocação agrícola, precisa investir para diminuir a dependência das famílias em relação ao estado e libertarem-se das armadilhas partidárias com fins eleitoralistas.

Vamos fazer uma gestão transparente e ao serviço dos São-Salvadorenhos focado na boa governação. Portanto, é preciso planear, urbanizar, infraestruturar e requalificar São Salvador do Mundo; reforçar a capacitação dos quadros da Câmara; desburocratizar e modernizar os serviços da autarquia; reforçar os serviços com equipamentos e meios de transporte, etc.

Ciente de que o desenvolvimento inclusivo e sustentável carecem da intervenção de todos, propomos uma política que valoriza os recursos locais e promove a inclusão, incentivando a atração de investimentos privados, principalmente de emigrantes, para o município, com destaque para os setores da agricultura e da pecuária, bem como do turismo rural e da pequena indústria de transformação; mas também apoiar a criação e a formalização de micro, pequenas e médias empresas e o acesso ao financiamento; incentivar e apoiar os agricultores e os criadores de animais a acederem a recursos, a modernizarem as suas atividades e a inserirem as suas produções no mercado; incentivar e apoiar o desenvolvimento e a inserção dos produtos culturais e da arte no mercado; incentivar e apoiar o reforço da organização e o desenvolvimento do comércio e dos transportes locais; etc.

Focado na criação de inclusão e equidade social, propomos combater a pobreza e a exclusão sociais, sem deixar ninguém para trás; apoiar a habitação digna para todos (que inclui água, energia, casa de banho e os compartimentos suficientes adequados ao tipo de família); construir casas de banho para todas as famílias; efetuar ligação de água e energia para todas as famílias; apoiar a cultura e a arte e incentivar a inserção dos seus produtos no mercado; apoiar o acesso à educação e à formação; apoiar o acesso efetivo aos cuidados de saúde para todas as pessoas, principalmente às pessoas com deficiência, terceira idade e a crianças; promover a atividade física, apoiar a prática do desporto e formação desportiva em todas as modalidades; trabalhar o saneamento e promover a sustentabilidade ambiental municipal; etc

O que pensa da política em Cabo Verde?

A política é algo nobre e deve ser exercida para o bem comum. O político deve estar disponível para servir e não servir-se. Quem não serve para servir, não serve para política!

Ela deve ser encarada como missão e um exercício de cidadania que deve ser exercida por amor ao povo e nunca como oportunidade para o sucesso, de qualquer ordem que seja. Infelizmente, não é assim para muitos que estão na política e, por isso, existem muitos dissabores e desavenças quase sempre sem sentido. Isto reflete o nível de interesse e ambição ao poder para se servir e nunca servir àqueles que precisam de uma mão amiga. Por essas razões, Cabo Verde precisa de domesticação da política, tornando-a mais polida e civilizada. Uma política menos fulanizada e mais focada no debate de ideias, num ambiente sereno e tranquilidade onde haja respeito mútuo. É cada vez menos eficaz o ataque ao homem e difamações que corroem mais o difamador do que o difamado, pois constitui um mau sinal para a democracia e se revela uma pessoa sem carácter e despreparada, politicamente. Estes factos afastam da política muita boa gente e grandes quadros que poderiam estar a contribuir para o desenvolvimento do país. É preciso elevar a política e o político deve preocupar-se mais com a imagem que reflete da classe.

Sendo ainda jovem, que conselhos daria aos jovens cabo-verdianos no que respeita à participação política?

Recomendo a participação efetiva dos jovens na vida política, pois são a força de mudança e de transformação necessárias. Defendo que devem ser dados espaços e oportunidades de participarem, sem nenhuma espécie de coação ou assédios.  

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