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A estrada de pouca sorte. Djarfogo kenha ki dabu es kastigu?
Ponto de Vista

A estrada de pouca sorte. Djarfogo kenha ki dabu es kastigu?

Faz uns dias, que sigo pensando em escrever acerca deste assunto – um equívoco lançado propositamente na internet e que a população de Chã das Caldeiras classifica de muito mau gosto. Todos gostamos de ter estradas e as razões são de vária ordem! Quer nos parecer basófia balofa, quando tudo vai mal, com erros gravíssimos, atrasos e descoordenação, estar-se a propagandear a construção de grandes-obras, reconstrução plena de Chã das Caldeiras, entre outras tantas tiranias.

Aqueles que deveriam falar abertamente estão mudos, sabe-se-lá porquê! Mas é a sina do nosso Djarfogo, uma Ilha Afogada!

Em Junho passado, vieram com todo estilo, apresentar as grandes obras para o Fogo: a via Cova Tina-Bangaeira, dizia-se teria 12 kms de estrada com 6 metros de largura, para dez meses de execução, num valor de 106 mil contos. Falava-se num máximo de 110 mil contos. Uma infraestrutura que apesar do seu valor monetário não dispunha nem dispõe de um plano. Com efeito, já projectaram várias linhas e de momento decidiram demolir montanhas de lavas, mas, não estão preocupados com ninguém, muito menos com o ambiente! Não há fiscalização, árbitro e jogador perfazem a mesma equipa. ‘Ta pita ta djuga, ta djuga ta pita, já fora slogam. Hoje, é tudo, sem djobi-pa-lado!’ Esta estrada em zona de alto-risco deveria ter como prioridade a segurança das pessoas e bens. Porque raio nos apresentam uma via reduzida a 4 metros de largura, sem prestar cavaco a quem quer que seja? Olvidaram que o prometido eram vias com 6 m de largura? Qual a razão de não possuir faixa lateral para circulação de pessoas e animais? Não estará a edilidade de Santa Catarina do Fogo, que foi eleita pelo povo, a fechar os olhos à desgovernação, em vez de defender os munícipes?

Consta que hoje esteve aqui, em Chã das Caldeiras, de forma sorrateira, a Ministra de Infraestruturas e Ordenamento do Território, Senhora Eunice Silva. Eu demorei a saber e muita gente que deveria também saber não soube da visita. Gostaríamos de perguntar para ela: (i) É a estrada feita para ajudar as pessoas de Chã das Caldeiras? (ii) O desenho da via devia ou não projectar saídas, a campos agrícolas, já que a actividade económica primeira nesta terra é agricultura; ou acesso a vilarejos distintos, quais sejam, Rombado, Dje-di-Losna, Boca Fonte, Cabo Nhô Ernesto e Scoral, para citar apenas alguns? Os mandantes de cá poderão não estar de mente-aberta para auscultar a opinião do povo? São avessos a críticas, mas os que de longe vieram, poderiam ser mais audazes!

Ainda que tento não falar em causa própria, tenho que o fazer, pois, a minha casa, diga-se, um funco, que restou, está completamente isolada, embora é a das mais fotografadas de Chã das Caldeiras, já que desperta atenção num mar de lavas!

Nota-se que estão aqui para sucumbir o nosso direito à habitação! As máquinas vieram até o sopé do vulcão, mas, em vez de acomodar e contribuir para a melhoria de vida das populações, a empresa paga com o suor de todos os cabo-verdianos, associa-se aos poderosos para flagelar os pobres em vez de assistir-lhes! Este sentimento é comum a todos os que por cá sobrevivem!

Querem impedir-me de, em segurança, ter acesso ao meu aposento? Querem me calar? Árdua tarefa a vossa!

Pois, digo-vos para todo mundo ouvir: em Chã das Caldeiras, até a presente data, não se vê algo que merece ser vangloriado. O pouco que tem sido erguido, está mal planeado, portanto, pessimamente executado!’

Danilo Fontes

A Voz do Vulcão!

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