A Comissão Política Regional (CPR) do PAICV – Santiago Norte avaliou hoje “negativamente” o desempenho do Governo liderado pelo MpD, afirmando que a região e as suas grandes potencialidades não têm merecido qualquer atenção do mesmo durante estes sete anos.
“O Governo do MpD acaba de completar dois anos neste que é o seu segundo mandato que, somado aos cinco do primeiro mandato, somam sete anos à frente do destino dos cabo-verdianos. São, portanto, sete anos de muito sacrifício para o nosso País, onde o balanço nos sectores estratégicos do desenvolvimento, como a segurança, transportes, emprego, saúde e educação é manifestamente negativo em todas as parcelas do território nacional, com destaque para Santiago Norte”, constatou a presidente da CPR do PAICV, Carla Carvalho.
Esta responsável, que falava em conferência de imprensa, na cidade de Assomada, Santa Catarina, para se pronunciar sobre as dificuldades das famílias na região e para fazer balanço dos sete anos do Governo do MpD, liderado por Ulisses Correia e Silva, afirmou que o Executivo e o partido que o suporta abandonaram esta região de Santiago que alberga um quarto da população de Cabo Verde.
“Aqui, o balanço dos cabo-verdianos, da sua população, e do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), é de que estamos perante um governo da desgovernação”, reforçou.
Para sustentar as suas afirmações, informou que a situação económica e o mercado de trabalho são “extremamente difíceis” na região, e que o desemprego aumenta, particularmente o desemprego jovem, com a diminuição, desde 2016, da taxa de emprego e actividade.
“A insegurança alimentar – fome – fixou residência na região, pois dos 41por cento (%) de famílias do País em situação de ‘fome’ a maioria está em Santiago Norte. E, sendo a região a mais pobre, acusando os piores indicadores sociais e económicos, as crises tendem a ter um efeito negativo mais profundo sobre as famílias, agravando ainda mais a situação”, denunciou.
A deputada nacional apontou ainda ausência de “investimentos estruturantes”, particularmente nos sectores que alavancam o desenvolvimento da Região como a agricultura e a pesca.
“Aqui, o único projecto anunciado, com pompa e circunstância, é o crédito bancário para os pescadores, agricultores e criadores, que ficou apenas no anúncio, na medida em que os critérios de acesso impostos excluem automaticamente grande parte dos operadores do setor, concretamente aqueles que mais precisam e que não conseguem preencher os requisitos exigidos pelo programa”, lamentou.
A agricultura, que segundo Carla Carvalho, ocupa um espaço central na economia familiar, encontra-se em “estado vegetativo, por falta de visão e investimentos, concretamente nos domínios da mobilização de água e da modernização agrícola que não teve continuidade nos investimentos encontrados”.
No concernente às pescas, afirmou que os discursos do Governo têm ignorado sistematicamente este sector que, a seu ver, ficou reduzido a intervenções marginais, como a fibragem de botes e a distribuição de malas térmicas.
“O potencial de Santiago Norte nos domínios da agricultura, pecuária e pescas é tão visível e natural, que só um governo míope, com elevado deficit de responsabilidade e competência seria capaz de ignorar. A atitude do Governo para com as grandes potencialidades da região não é apenas uma grande e inadmissível ofensa aos mais de 121 mil cabo-verdianos que ali residem, trabalham e contribuem para o desenvolvimento deste País, é, também, um golpe fatal nos sonhos e nas ambições de um Cabo Verde próspero, com autoestima e qualidade de vida”, criticou.
Carla Carvalho acrescentou que “a região de Santiago Norte vive em estado de abandono, vítima de um Governo que funciona em função dos ciclos eleitorais, num quadro em que permanecer no poder ocupa a centralidade de toda a sua política governativa”.
“O PAICV não pode ficar calado em presença desta afronta e aqui está para falar ao País, com o propósito de alertar a todos os cabo-verdianos de que é necessário e imprescindível decretar um basta a este governo despesista e insensível ao clamor do povo. É nossa missão, é missão de todos os homens e mulheres deste País assumir posições firmes para resgatar Cabo Verde das mãos de um grupo que apenas quer permanecer no poder, sem qualquer respeito pelos interesses da colectividade e pelas oportunidades de desenvolvimento que o País oferece”, concluiu.
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