UCID crítica primeiro-ministro por culpar “sempre o contexto da crise pela falta de melhores resultados na governação”
Política

UCID crítica primeiro-ministro por culpar “sempre o contexto da crise pela falta de melhores resultados na governação”

O presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) considerou, hoje, surreal a comunicação do primeiro-ministro sobre a governação do país, criticando-o por sempre culpar o contexto da crise pela não apresentação de melhores resultados da governação.

Segundo João Luís, que falava em conferência de imprensa na sede do partido em São Vicente, a comunicação do primeiro-ministro sobre a governação “foge à realidade nua e crua que se vive no país”.

Porque, explicou, há “falta de diálogo, do Governo com os diversos actores políticos, posições unilaterais e lesivas ao normal desenvolvimento do País”, há “medidas que colocam em choque o país, excessiva burocracia e ainda falta de resultados práticos da governação em sectores chaves”.

“O primeiro-ministro culpabiliza sempre o contexto da crise pela não apresentação de melhores resultados da governação, mas nunca teve e ainda não tem a coragem de reduzir a máquina governativa que é o mais longo da história de Cabo Verde em plena crise, justificando sistematicamente que o Governo não pode ser avaliado pela extensão dos seus membros, mas sim pelos resultados da governação”, criticou.

Para João Luís, o Governo tem demonstrado “ineficácia e ineficiência” nas suas actuações em diversos sectores e os resultados desta governação estão muito aquém do esperado pelos cabo-verdianos em todas as áreas.

O presidente da UCID disse concordar que o País tem de crescer em 2023, mas defendeu ser necessário que este crescimento seja baseado numa verdadeira retoma económica e em iniciativas de investimentos sobretudo privados.

Isto, acrescentou, “ao contrário do que se verificou com o crescimento económico do ano de 2021 e 2022” que foi obtido com base “na alta taxa de inflacção”, sem “reforma fiscal” e à “custa das famílias”.

“A UCID considera que o Governo aproveitou a embalagem da pandemia da covid-19 para continuar a manter as pessoas mais pobres com mãos estendidas à espera do Rendimento de Inclusão, em vez de se criar as condições através da economia para que as pessoas possam ter condições de trabalhar e terem o seu próprio rendimento para resolverem os seus problemas familiares básicos”, lançou João Luís.

A mesma fonte questionou, igualmente, por que razão o primeiro-ministro anunciou que no próximo ano lançará um pacote para reabilitação de casas e construção de casas sociais, interrogando se esta medida vai acontecer somente por ser “o ano de eleições autárquicas”.

Conforme o presidente da UCID, no seu discurso o primeiro-ministro deveria “clarificar aos cabo-verdianos se já tem planos para resolver os problemas laborais e a precariedade salarial”, se já tem como “resolver o problema de escassez de médicos por todo o País”, “o aparelho de Tomografia Axial Computadorizada (TAC) no hospital Baptista de Sousa, para servir a região norte” e “os problemas laborais no sector de saúde”.

João Luís lembrou ainda que o primeiro-ministro prometeu, aos cabo-verdianos, a Regionalização das ilhas para que o poder possa estar mais próximo do povo, o aproveitamento de todas as potencialidades existentes e a promoção de um desenvolvimento mais harmonioso e equilibrado das ilhas.

“Fica-se com a percepção que o chefe do Governo tirou ganhos eleitorais em algumas partes do território, nomeadamente em São Vicente, com a problemática da Regionalização, fez uma tentativa, não teve sucesso e nunca mais falou sobre o assunto. Ou seja, conseguiu o que de facto queria e o processo para ele já terminou”, declarou João Luís para quem, “da intervenção do primeiro-ministro o que de positivo se pode extrair é o combate da pandemia covid-19”.

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