Guilherme Flor, representante da Marktest, empresa que segundo Ulisses Correia e Silva (UCS), terá feito a sondagem encomendada por Janira Hopffer Almada (JHA), diz que não fez qualquer estudo de opinião encomendado pelo PAICV, desde Agosto de 2016.
A presidente do PAICV e líder da bancada dos tambarinas, pediu ontem ao primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, que provasse ao país que o PAICV teria encomendado sondagens em Maio passado onde o seu partido perderia 4 deputados.
Ulisses Correia e Silva falava sobre o estado da nação, defendendo que o país vai bem, que a líder do PAICV, Janira Hopffer Almada, e o presidente da UCID estavam equivocados, não lendo convenientemente as reacções que chegam do povo. E trouxe o exemplo de uma hipotética sondagem que JHA teria encomendado à empresa Marktest, com sede em Mindelo, onde o PAICV perderia mais 4 deputados se as eleições fossem em Maio passado.
Nesta mesma sondagem, segundo o primeiro-ministro de Cabo Verde, o PAICV conta com apenas 31 por cento das intenções de voto.
Estas declarações suscitaram a reacção da visada, JHA, que pediu ao Ulisses Correia e Silva que provasse a existência destas sondagens, defendendo que o primeiro-ministro, “pelo alto cargo que desempenha, deveria ter mais sentido de responsabilidade e de Estado”.
"Marktest nega existência de sondagem"
Neste contexto, a direcção do PAICV fez chegar à redacção deste diário digital, um esclarecimento da Marktest, onde este nega a existência de qualquer sondagem encomendado por este partido.
O esclarecimento, assinado por Guilherme Flor, diz basicamente o seguinte: “a minha empresa, seja através da marca MARKTEST que representamos, seja através da MGF Research, não tem efectuado qualquer estudo de opinião para o PAICV, desde Agosto 2016”,.
Como conclusão, Guilherme Flor escreve: “informamos ainda que não temos realizado qualquer estudo de opinião, por nossa iniciativa ou a pedido de clientes, que aborda questões específicas relativas ao PAICV e/ou à sua liderança”.
"Governo e MpD sob fogo cruzado"
O MpD e o seu líder estiveram sobre fogo cruzado da oposição durante a discussão sobre o Estado da Nação, ocorrida esta semana no parlamento cabo-verdiano. É entendimento da UCID que a nação “não está bem”, e trouxe como exemplo a recente manifestação que aconteceu na ilha de São Vicente, no dia 05 de Julho.
O deputado e líder da UCID, António Monteiro disse que “o país vive um tempo que exige menos tempo para a resolução dos inúmeros problemas que dificultam a felicidade prometida e a alegria desta nação”.
De acordo com o deputado, “o povo das ilhas depositou no Governo sustentado pelo MpD e liderado pelo primeiro-ministro, UCS, todas as fichas para ganhar a lotaria da vida, ou seja, o trabalho que o permita ter rendimentos e gerar sua própria riqueza”.
“A Nação não está bem e prova disso é aquilo que aconteceu em São Vicente do dia 05 de Julho, em que as pessoas saíram à rua para dizer ao Governo que a Nação tem vivido uma esperança que, com o tempo, vai se acinzentando”, considerou Monteiro, frisando que o trabalho vai permitir aos cabo-verdianos terem dinheiro para sustentar as famílias e ter recursos.
"UCID. Não é possível parabenizar Governo"
António Monteiro afirmou que, ao invés dos despedimentos anunciados nos Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) e consumados no Novo Banco, com encerramentos de quase todas as lanchonetes em São Vicente, a população quer mais emprego, o que “tarda em aparecer”, como se justifica pela taxa de desemprego que ronda os 15%, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
“Continuamos a ter um país descontinuado e com profundas assimetrias regionais e a padecer de uma fragilidade enorme que tem a ver com a ligação das ilhas, quer em termos marítimos, quer aéreos”, apontou perspectivando que em 2018 seja possível parabenizar o Governo pela capacidade de assegurar o importante instrumento de facilitação de ligação entre as ilhas”, regista o líder da UCID.
Da mesma forma, António Monteiro notou que “a nação não está bem, visto que continua com a mesma malha partidária na administração pública, só que mudou de cor”.
Segundo o líder da UCID, “milhares de cidadãos, de Santo Antão à Brava, continuam à espera de melhores cuidados de saúde, a justiça continua morosa e os pensionistas continuam a ter uma pensão muito aquém do salário mínimo nacional dos 11.000 escudos (a pensão é de 4.900 escudos)”.
“Apesar da Nação não estar bem, acreditamos que o Governo trabalhará, afincadamente para se cumprir as promessas feitas a Cabo Verde, ou seja, mais trabalho, mais segurança, mais justiça, mais e melhor saúde, educação, mais qualidade da democracia e mais rendimento para os cidadãos”, rematou.
"UCS responsabiliza o PAICV pela sua incompetência"
De igual modo, o PAICV também fez um balanço negativo do trabalho do Governo, acusando-o de estar a colher louros do que encontrou feito e de responsabilizar o anterior executivo por tudo de mal que está a acontecer ao país.
A acusação foi feita pela líder do grupo parlamentar do PAICV, Janira Hopffer Almada, no início do debate sobre o estado da Nação, indicando que o Governo, sustentado pelo MpD, eleito a 20 de Março de 2016, “prometeu muito, mas tem feito muito pouco”.
“O primeiro-ministro opta pela via mais fácil, que é de continuar a responsabilizar o anterior Governo por tudo que de mal está a acontecer e a colher os louros de tudo o que encontrou e que esteja a dar resultados”, frisou JHA, notando que essa atitude demonstra a “impotência, incapacidade e falta de resultados palpáveis para apresentar ao país”.
Para a também presidente do PAICV, “é preciso haver uma visão estratégica de médio e longo prazos”, visto que, segundo ela, “o crescimento e progresso só se alcançam com persistência e a contribuição de todos”. Porém, para JHA o Governo, liderado por Ulisses Correia e Silva, tem tido uma postura de “imponderado desdém pelos outros para justificar a reiterada partidarização.
"Partidarização cega"
“Na cegueira da despartidarização, a nova vaga de partidarização ignorou o acesso transparente, em condições de igualdade e por mérito aos cargos na administração pública”, argumentou, questionando sobre as anunciadas reformas para prever concursos para os casos de acesso aos cargos.
Ressaltou, ainda, que, até ao momento, a juventude ainda não pôde contar com um departamento governamental que seja o seu interlocutor privilegiado.
Janira Hopffer Almada lembrou que, pelos seus feitos e conquistas, o país tem tido credibilidade interna e externa, antes do MpD ser Governo, sem esquecer a dinâmica que sustentou o crescimento de Cabo Verde em 2016, mas que as previsões para 2017 apontam para um abrandamento do crescimento.
Nesta mesma linha, a líder do PAICV apontou o turismo, a economia marítima, a agricultura e as infra-estruturas, entre outros, sectores que foram encontrados em “franco desenvolvimento”, mas que este executivo “tem teimado em tentar denigrir”.
A educação, saúde, habitação e diplomacia, são também alguns dos domínios que não têm merecido atenção do Governo, segundo Janira Hopffer Almada, para quem a segurança interna tem sido uma preocupação da sociedade civil, juntamente com o aumento da criminalidade e a morosidade da justiça que “não conheceu dias melhores”.
“O que estamos a exigir é a formulação e a implementação de estratégias e políticas para continuar a tendência da redução do desemprego iniciada durantes os últimos três anos do Governo do PAICV”, indicou, salientando que ainda não houve sinal de reformas tributárias de alcance nos rendimentos das famílias, assim como reduziram-se as bolsas de estudo e a formação profissional deixou de ser prioridade.
A deputada lembrou que a política de rendimento para o problema do desemprego, que aumentou para 15% em 2016, não foi criada, indicando, entretanto, os “frequentes despedimentos” que têm sido feitos, nomeadamente os 357 trabalhadores dos serviços autónomos de águas de Santiago.
A líder do PAICV referiu-se, ainda, aos 60 trabalhadores do Novo Banco despedidos, aos “mais de 100” na sequência de extinção da Fundação Cabo-verdiana de Solidariedade (FCS) e aos “mais de 300” dos Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV).
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