Governo mantém medalha a David Chow apesar de desistir de megaprojeto do Hotel-Casino
Política

Governo mantém medalha a David Chow apesar de desistir de megaprojeto do Hotel-Casino

Ulisses Correia e Silva vai manter a medalha atribuída em 2018 ao empresário luso-chinês David Chow, apesar deste ter desistido de um megaprojeto na cidade da Praia, que lhe valeu a distinção, conforme fonte oficial.

“O Governo não vai retirar a distinção. Ela foi concedida no pressuposto de um investimento que estava contratualizado através de concessão. Não foi concretizado por razões já explicadas pelo promotor. O importante é seguir em frente”, avançou a assessoria de imprensa do Governo, após pedido de esclarecimento da agência Lusa.

Em fevereiro de 2018, o Governo de Cabo Verde atribuiu ao empresário luso-chinês David Chow, promotor do empreendimento Gamboa/ilhéu de Santa Maria, que incluiria um hotel e casino, a medalha de mérito turístico pelo seu contributo para o desenvolvimento económico do país.

A distinção ao empresário, proprietário do grupo Macau Legend, foi aprovada pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, e publicada no Boletim Oficial.

Segundo o despacho governamental da altura, a medalha visava "reconhecer o extraordinário papel" de David Chow no desenvolvimento "económico e social do Estado" cabo-verdiano e fazer "uma justa homenagem" ao empresário pelo "relevante serviço prestado no fomento da indústria do turismo".

David Chow Kam Fai, de 73 anos, empresário nos setores do turismo, entretenimento e jogos em Macau, iniciou os primeiros contactos com Cabo Verde em 2001, quando assumiu funções de cônsul honorário de Cabo Verde naquela região.

Em 2015, acordou com as autoridades cabo-verdianas a construção do empreendimento Gamboa/Ilhéu de Santa Maria, cuja primeira pedra foi lançada em fevereiro de 2016, para estar pronto em três anos.

No entanto, depois de sucessivos adiamentos, o grupo Macau Legend Development anunciou, no início deste mês, que decidiu abandonar os projetos em Cabo Verde e Camboja.

Orçado em 250 milhões de euros, o complexo era o maior empreendimento turístico previsto para Cabo Verde, na altura, e incluía um hotel com 250 quartos, cujo edifício já está construído, mas fechado.

Também estava prevista a edificação de uma marina, centro de convenções, casino, piscinas, restaurantes e bares e uma ponte para o ilhéu, também construída, mas cujo acesso está fechado, por se encontrar dentro do recinto de obras, totalmente vedado.

O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, anunciou que o Governo vai reverter a concessão, que era de 75 anos prorrogáveis por mais 30, e depois procurar outro destino para o empreendimento, que ocupa uma área de 152.700 metros.

O presidente da Associação para Defesa do Ambiente e Desenvolvimento (ADAD), Januário, Nascimento, recomendou, em declarações à Lusa, que não haja “decisões precipitadas” e defendeu a criação de uma comissão que estude o assunto a fundo.

Já o presidente da Associação de Turismo de Santiago, Eugénio Inocêncio, considerou que o fim do projeto é uma “grande oportunidade” para se pensar em conjunto a organização da orla marítima da cidade da Praia.

Job Amado, bastonário da Ordem dos Arquitetos, defendeu a demolição do edifício do hotel, que classificou de "muro" entre a cidade e o mar.

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