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Debate esclarecedor das fraquezas de Carlos Veiga   
Política

Debate esclarecedor das fraquezas de Carlos Veiga  

Numa altura em que aumentam as dificuldades da população cabo-verdiana, sobretudo, das camadas mais desfavorecidas da população que, a cada dia que passa, se vê confrontada com constantes aumentos dos produtos bases, como alimentos, combustíveis, electricidade e água, para não falar no estado caótico dos transportes aéreos e marítimos para as deslocações entre as ilhas, seria expectável que os eleitores fossem esclarecidos por alguém que se propõe ser um unificador da Nação, sobre estas questões essenciais para o seu futuro próximo, de modo a que eles possam saber como decidir em qual dos candidatos devem votar.

O segundo debate entre os sete candidatos às eleições presidências do próximo dia 17 de Outubro, transmitido em simultâneo pela TCV e RCV, veio por a nu aquilo que já estava à vista de todos ou seja, Carlos Veiga está longe de reunir os requisitos que são exigidos a um Presidente da República no actual contexto de crise profunda que o país vive nos dias de hoje.

Aliás, ao longo do debate, foi clara e notória a tentativa do candidato, apoiado pelo Governo de Ulisses Correia e Silva, de se colar a tudo o que o candidato José Maria Neves foi dizendo ou fazendo, com base numa estratégia de comunicação inteligente e bem definida por ele para conseguir levar a sua mensagem, de forma clara e cristalina,  aos eleitores, sobretudo aqueles que ainda estão indecisos.

Basta reparar que, logo depois de JMN ter começado a utilizar o crioulo nas suas intervenções, a par do português, Carlos Veiga não hesitou em fazer o mesmo. Neste ponto, chegou até a ser caricato e a provocar algum embaraço, sobretudo, no seio dos apoiantes envergonhados do Kalu quando ele voltava a se exprimir em português logo depois do seu adversário fazer uso da mesma língua para responder às perguntas em pauta.

Mas o seguidismo do candidato do MpD em relação às ideias e atitudes do JMN começou desde os instantes iniciais do debate, quando Carlos Veiga saudou também a vitória da selecção nacional de futebol frente à Libéria, na sequência do seu adversário, que o antecedia na ordem das respostas às perguntas, ter felicitado os “Tubarões Azuis” logo na sua intervenção inicial.

De facto, foi deveras confrangedor verificar que o candidato governamental hoje é um homem que parece, ao contrário do que ele e os seus seguidores querem fazer crer, ter ficado parado no tempo, uma vez que ao longo do debate não apresentou qualquer ideia inovadora e muito menos propostas concretas sobre aquilo que deve ser o papel do Chefe de Estado na actual conjuntura nacional e internacional.

Numa altura em que aumentam as dificuldades da população cabo-verdiana, sobretudo, das camadas mais desfavorecidas da população que, a cada dia que passa, se vê  confrontada com constantes aumentos dos produtos bases, como alimentos, combustíveis, electricidade e água, para não falar no estado caótico dos transportes aéreos e marítimos para as deslocações entre as ilhas, seria expectável que os eleitores fossem esclarecidos por alguém que se propõe ser um unificador da Nação, sobre estas questões  essenciais para o seu futuro próximo, de modo a que eles possam saber como decidir em qual dos candidatos devem votar.

Em relação a esta matéria, a única coisa que se ouviu da parte do candidato o MpD é que, caso for Presidente da República, vai estabelecer uma “união” com o Governo da mesma cor política, o que deixa entender que ele pouco ou nada iria fazer para contrariar a acção governativa, mesmo que o Executivo esteja a ter um desempenho que não favoreça os superiores interesses de Cabo Verde.

No entanto, o momento mais marcante deste segundo debate entre os sete candidatos presidenciais aconteceu quando Carlos Veiga foi confrontado a se pronunciar sobre os casos da profanação de templos católicos, quando era Primeiro-ministro na década 90, e mais recentemente, enquanto embaixador nos EUA, sobre o escândalo despoletado com a nomeação de César do Paço, financiador do Chega, um partido português da extrema-direita, como Cônsul de Cabo Verde na Florida.

O candidato foi desafiado, igualmente, pelo adversário a explicar o porquê da mudança de nome para Kalu, o que segundo JMN foi feito a conselho dos estrategas da sua candidatura, depois de terem constatado que Carlos Veiga tinha uma alta taxa de rejeição junto do eleitorado cabo-verdiano. 

Certo é que o candidato do MpD, pura e simplesmente, se recusou a dar explicações sobre estes e outros temas bastante comprometedores para alguém que aspira ser Presidente da República, alegando que o debate não era nem o momento e nem o local apropriados para se debater esses assuntos.

Portanto, o povo cabo-verdiano, principal interessado em ouvir,  durante este derradeiro debate a anteceder a realização do acto eleitoral,  o que um dos principais protagonistas desses acontecimentos tinha a dizer sobre essas e outras polémicas, acabou por, mais uma vez, não ser esclarecido,  apesar da insistência, não só por parte do JMN, como ainda de outros candidatos que tentaram cobrar do Veiga, sem sucesso,  uma resposta que ele, pura e simplesmente, se recusou a dar porque sabia, de antemão, que não iria ficar nada bem na fotografia.

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