Transportes aéreos e marítimo planeiam rotas com um único bilhete
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Transportes aéreos e marítimo planeiam rotas com um único bilhete

A CV Interilhas e a Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) planeiam integrar algumas viagens de avião e barco num único bilhete, respondendo à população e à crescente procura turística, disseram à Lusa os responsáveis pelas duas empresas.

A intermodalidade do serviço público de transportes tem sido um requisito sugerido pelos operadores turísticos para diversificar a oferta além dos programas de “sol e praia” e integrar todas as ilhas nos pacotes oferecidos aos visitantes do arquipélago. 

Atualmente, os 1,2 milhões de hóspedes anuais – um dos pilares da economia do país – estão concentrados nas ilhas do Sal e da Boa Vista.

“As sinergias estão, neste momento, a ser identificadas por uma equipa de trabalho conjunta das duas empresas”, referiu Fernando Braz de Oliveira, administrador da CV Interilhas.

Estuda-se a intermodalidade “em várias áreas, desde o passageiro adquirir um bilhete conjunto”, até ao ‘backup’ recíproco de operações e “parcerias de transportes paralelos”, por exemplo, para carga ou bagagens, segundo indicou, à margem do fórum anual de investimentos no arquipélago, que terminou, na sexta-feira, na ilha do Sal.

Os horários e itinerários estão a ser analisados para que se possam encaixar, de maneira a que um navio chegue a uma ilha a tempo de os passageiros apanharem um avião ou vice-versa.

“Para nós é perfeitamente exequível”, referiu Pedro Barros, presidente da TACV, à Lusa, à margem do mesmo evento, assinalando que “já há um ensaio, com a Brava”.

As ligações à ilha Brava, que são feitas de avião até à vizinha ilha do Fogo e depois por via marítima (a Brava não tem aeródromo), deverão ser as primeiras a beneficiar da integração, uma vez que já há um controlo de bilhetes para aplicar o desconto implementado pelo Governo, desde o final de 2024, para tornar o destino mais acessível.

Outros casos mais evidentes para aplicar a intermodalidade são os das ligações aéreas à ilha de São Vicente e desta, por mar, com a adjacente ilha de Santo Antão, assim como entre as ilhas de Santiago e do Maio.

“Temos algumas dificuldades em termos de disponibilidade de barco e também de aviões para fazer essa sincronização”, actualmente, mas o cenário deverá melhorar com o reforço de meios em operação e o planeamento está em curso, referiram ambos os responsáveis.

“A solução já está pensada, já há uma discussão com algum avanço, falta implementar”, algo que poderá arrancar a curto prazo e crescer de forma gradual, indicou Pedro Barros: “evidentemente, temos todo o interesse em fazer isso o mais rapidamente possível”.

O dossiê interligação está em cima da mesa: “Iniciámos essa conversa, estabelecemos as bases e o protocolo para podermos avançar com soluções concretas e com uma visão de longo prazo nesta parceria. São medidas que podem ir sendo tomadas e concretizadas, passo a passo”, apontou o administrador da CV Interilhas.

Fernando Braz de Oliveira referiu que o planeamento de viagens da CV Interilhas tem obrigações decorrentes do contrato de concessão com o Estado, com respeito pelos passageiros e carga (garantindo fornecimentos essenciais nalgumas ilhas) e ligadas à rentabilidade de cada linha.

Mas a empresa “tem alguma flexibilidade” para ajustar o modelo operacional em concertação com as autoridades – e já o fez noutras ocasiões, por exemplo, para responder ao pedido de produtores que queriam antecipar a colocação de produtos em mercados públicos.

A CV Interilhas admite ainda estudar linhas que possam “gerar procura”, por exemplo, ligando ilhas turísticas como Sal, Boa Vista e Maio (esta última com potencial ainda por desenvolver), um eventual cenário de ligações em complemento à concessão pública e que poderá rentabilizar os meios da empresa, explicou.

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