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Ga DaLomba. 34 anos, 15 anos na droga e 4 em recuperação. A música é a sua arma
Cultura

Ga DaLomba. 34 anos, 15 anos na droga e 4 em recuperação. A música é a sua arma

Clovis Graziani da Lomba, mais conhecido por Ga DaLomba, nasceu na cidade da Praia há 34 anos. Filho de mãe batalhadora e de um pai emigrante, passou 15 anos da sua vida a usar droga. Em recuperação há 4 anos, tem levado o projeto “Nunca Experimentar” às Escolas Secundárias como forma de ajudar os jovens a não enveredarem por este caminho. Como activista social, a música é uma das formas que encontrou para passar a sua mensagem.

Santiago Magazine - Quem é Ga DaLomba?

Ga DaLomba - Para falar de Ga DaLomba temos que falar de Ga Pizada que passou 15 anos a consumir drogas e Ga DaLomba já está a viver 4 anos em recuperação. Ga DaLomba é um cidadão cabo-verdiano, artista e activista social, que tem como propósito, prevenir e resgatar os jovens do consumo de estupefacientes. Como músico, tento ir na mesma linha, com críticas sociais, com ideia de ajudar o meu país a melhorar e a abrir os olhos da minha população.

Quantos anos tem o Ga DaLomba?

Tenho 34 anos, ou seja, passei mais de metade da minha vida a usar drogas.

Como foi a tua experiência no mundo das drogas?

Foi uma experiência para toda a vida. Hoje acredito que tinha de passar por aquilo para poder vir ajudar muitos a não ir por esse caminho. Foi uma experiência que uma pessoa passa por tudo e com muitos maus momentos, com sofrimentos dos meus familiares e da minha mãe, e a fazer mal à minha sociedade. Isso tudo faz com que as drogas não sejam um problema só de quem consome, mas de todos aqueles que as rodeiam. Hoje acredito que tinha que passar por aquilo, como uma caminhada para que hoje eu seja um instrumento para ajudar os outros.

"O plano é levar por todos os liceus de Cabo Verde, mas o projecto é muito mais ambicioso. Costumo falar com as famílias, ir para as associações comunitárias e outros lugares. Escolhi o liceu, porque foi onde desenvolvi o meu vício e onde os jovens estão mais expostos".

Como activista social, o que tem feito?

Tenho um projeto que se chama “Nunca Experimentar” com o objetivo de, através de uma terapia de choque, mostrar o quê que Pizada perdeu durante o consumo e o quê que DaLomba tem ganhado durante a superação. Cheguei a uma conclusão que as pessoas estão nem aí em relação ao aviso de que “A Droga Mata”, porque eu usava mesmo assim. De uma forma crua e nua, quero mostrar às pessoas que se optarem por este caminho, não será diferente daquilo que eu passei. Este projeto começou no ano lectivo 2016-2017, durante a semana cívica, onde passei por 95% de liceus da capital. Durante este ano lectivo já passei por 98%, porque voltei para os outros liceus para conhecer os efeitos deixados no ano lectivo anterior. O plano é levar por todos os liceus de Cabo Verde, mas o projecto é muito mais ambicioso. Costumo falar com as famílias, ir para as associações comunitárias e outros lugares. Escolhi o liceu, porque foi onde desenvolvi o meu vício e onde os jovens estão mais expostos.

É aqui que entra a música?

Um artista, normalmente tem fãs, o que acaba por ganhar notoriedade por parte das pessoas que nos seguem, tanto o nosso trabalho como o nosso estilo de vida. Trazendo o meu projecto, acabo por influenciar os fãs de forma positiva e a música entra aqui, porque é um instrumento forte e que pode ser utilizado para salvar pessoas.

“Nunca Experimentar” foi o projeto vencedor da Casa do Líder 2 com 73,5% dos votos. Explica-nos como isso pode ajudar-te na divulgação do projecto?

Vou levar o projecto pata todas as ilhas e a diáspora. Comecei a divulgar este projeto só nos liceus da Praia, porque não tinha recursos, mas agora quero fazer a sua divulgação em outros pontos da ilha e do país, mas também na diáspora.

Voltando a Casa do Líder 2, conta-nos como foi a tua experiência?

Fui fazer tudo, menos brincar, porque tinha o meu objectivo traçado, com o meu álbum preparado para ser lançado logo que saísse. Ou seja, estava à procura de uma montra para o meu projecto, por isso, agarrei essa oportunidade e não fui palhaço, porque sabia o que fui fazer. Foi uma experiência para a vida toda, foi boa, mas não voltava a fazê-la.

“O dia 20 de Janeiro é a data escolhida pelo artista para fazer o lançamento do seu primeiro trabalho discográfica “Dupla Personalidade”, lançado em novembro nas plataformas digitais e num pen drive”

 

Qual o seu estilo musical?

É hip hop, mas eu não tenho limite, porque para mim a música não tem fronteiras, eu ouço qualquer estilo de música.

No mês de Novembro, Ga DaLomba lançou o seu primeiro trabalho discográfico “Dupla Personalidade”?

O trabalho foi lançado num pen drive com 14 faixas musicais e 5 vídeos. Está em todas as plataformas digitais. Através deste trabalho, sigo a linha de prevenir e resgatar os jovens do consumo e força para quem está no chão para acreditarem que podem superar.

“Pizada vs DaLomba”, “Diplomata 2017”, “Lutador”, “Mama Perdoam”, “Amor pa Spadja”, “Reina”, “Terrorismo”, “Paz”, “Telejornal”, “Novo Dia”, “Agradecimento”, “Kompleto”, “MyMy” e “Anos é tudu ki nu tem” são as faixas musicais deste trabalho.

Este trabalho conta com a participação de vários artistas amigos?

- Certo. Yano MC, Ellah Barbosa, Hélio Batalha, Djedje, Fattu Djakité, Sté, Djox, Paulinha, e Katya Borges.

Porquê “Dupla Personalidade”?

Quero mostrar que é o fim da “Pizada” que esteve 15 anos no mundo da droga, e o nascimento de DaLomba, com 4 anos de recuperação.

"O palco que quero pisar são os corações das pessoas e as casas dos familiares"

Para quando o lançamento oficial do trabalho?

20 de Janeiro é a data do lançamento do álbum “Dupla Personalidade” na Cidade da Praia. Vai ser um lançamento social, onde vamos pedir um quilo de alimento por pessoa para apoiar a Granja de São Filipe e Tendas El Shadai. Ideia é também fazer um DVD do show e já tenho alguns artistas que já confirmaram a sua presença.

Ga DaLomba esteve nomeado para os CVMA 2017, na categoria Melhor Rap-Hip-Hop com o tema “Mama perduam”. O quê que representou esta nomeação.

A nomeação foi boa, mas eu não trabalho por uma nomeação. O palco que quero pisar são os corações das pessoas e as casas dos familiares. Mas é claro que uma nomeação traz mais responsabilidade. Na música, acredito que tenho muito para evoluir e trabalhar. É mais uma mostra e agradecido eu estou.

Futuramente, quais os projectos do Ga DaLomba?

Sou guia turístico de profissão e quero levar a minha vida tranquila com a minha música e projectos sociais. No dia 25 de Dezembro vai ser lançado, através de “youtube” e www.gadalomba.com,  uma curta-metragem de 5 minutos das escolas por onde tenho passado.

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Redação