Palavras de Sócrates Carvalho, promotor de Sigui Sabura, uma empresa de eventos criado em 2011 a partir da “necessidade de dar inicio a um novo conceito da noite em Cabo Verde”. Assim Sócrates Carvalho, Osvaldo Teixeira e Anton Pires, deram corpo ao projecto que acabaria por introduzir as festas “I Love”. Nos dias 22, 23 e 28 Sigui Sabura estará no Sal, São Vicente e Praia, respectivamente, espalhando levar sabura e amor pelas ilhas, num evento oficialmente patrocinado pela Unitel T+.
Santiago Magazine - Sigui Sabura é uma empresa de eventos. Porquê Sigui Sabura e não outro nome?
Sócrates Carvalho - Olá... Sigui porque queremos atrair o público a nos seguir, e Sabura porque é o que todos precisam, principalmente a juventude. Todos precisam de entretenimento que traduzido em crioulo temos uma palavra especial. O nome surgiu em 2011 espontaneamente, mas foi ganhando o seu contorno com o público, expressando esse nome com algum orgulho depois de participar nas nossas noites na altura numa discoteca na qual éramos os promotores.
Como é que surgiu Sigui Sabura?
Sigui Sabura nasceu da necessidade que sentimos na altura de dar inicio a um novo conceito da noite em Cabo Verde. Em 2011 começamos a promover algumas noites em discotecas e outros espaços, mas após algum tempo vimos a necessidade de começar a produzir noites diferentes, com eventos fora dos espaços já comuns. Na altura, o nosso primeiro grande desafio foi organizar uma festa em São Jorginho, em baixo de uma ponte. Demos o título "Baxu Ponte". Mas consideramos a nossa aparição oficial quando no verão de 2013, organizamos o primeiro evento I Love Praia.
"Há cada dia mais organizadores e grupos que juntam para organizar diferentes tipos de eventos, mas acho que já está na altura de ser criado uma instituição de licenciamento e fiscalização que acompanha todos os eventos e que assegure os principais factores de qualidade"
Como avalia o mercado de eventos em Cabo Verde? E o mundo da cultura e entretenimento no geral?
Acho que o mercado de eventos precisa urgentemente de uma regularização e controlo. Temos visto uma grande quantidade de cartazes nas redes sociais e quando abrimos 80% são pessoas individuais que não são registadas e fazem o evento sem as mínimas condições principalmente de segurança. Há cada dia mais organizadores e grupos que juntam para organizar diferentes tipos de eventos, mas acho que já está na altura de ser criado uma instituição de licenciamento e fiscalização que acompanha todos os eventos e que assegure os principais factores de qualidade.
Do seu ponto de vista, a nível de eventos, os cabo-verdianos estão satisfeitos? Porquê?
Bom, só posso avaliar os nossos eventos, e neste sentido considero que estamos num nível muito considerável, a crer nas críticas que recebemos de vários tipos de clientes. Em Cabo Verde e na diáspora temos sido muito elogiados pelo público, e claro, sempre também algumas críticas construtivas nas quais damos sempre muita atenção. Acreditamos que os nossos públicos estão satisfeitos com o nosso empenho, porque temos conseguido produzir eventos com conceitos diferentes na qual o público tem gostado e sempre acreditando em todos os nossos futuros movimentos.
Sigui Sabura desenvolve vários eventos com o nome I Love. Porquê I Love?
I Love porque foi a forma que encontramos após uma procura para conseguir unir um mesmo evento por todo Cabo Verde, fazendo todos sentirem o orgulho na ilha onde pertencem. O I Love leva a cada ilha a promoção das qualidades que cada ilha tem e o seu povo. Conseguimos unir todas as ilhas de Cabo Verde com este projeto, que o sucesso tem trazido como consequência centenas de cópias, não só em Cabo Verde como em vários países. O conceito é muito forte e agora muitos tem aproveitado do mesmo, criando outros sobrenomes idênticos para conseguirem atrair o público para os seus eventos.
"Temos como nosso patrocinador oficial e anual a Unitel T+ que tem estado connosco nesses últimos 3 anos"
Sigui Sabura está a organizar actividades nos dias 22, 23 e 28 no Sal em São Vicente e na Praia. Quem são os seus patrocinadores?
Exactamente vai ser um final do ano em grande... Temos como nosso patrocinador oficial e anual a Unitel T+ que tem estado connosco nesses últimos 3 anos. Temos nova operadora aérea que nos facilita imenso a nossa ligação por todo Cabo Verde. Temos a empresa de bebidas Salls (Redbull e Binter) que nos garante a logística dos bares. Temos a Garantia Seguros que é muito importante, assegurando os nossos clientes, a Caetano Retail que é fulcral para a produção, e temos vários parceiros que são importantes para conseguirmos apresentar a qualidade aos clientes, cada um no seu ramo como a Kriolscope, a Faísca Iluminotecnica, Marius Produções, Design kriola, Radio Cidade, entre outros.
Que relações Sigui Sabura tem tido com os seus patrocinadores? Como os avalia?
Acreditamos que temos tido a relação de confiança. O nosso objectivo é sempre satisfazer e fazer valer o patrocínio concebido pelos parceiros. Nosso foco é sempre criar experiências entre os nossos clientes e os clientes dos nossos patrocinadores e nisso que avaliamos a parceria.
"Acho que as instituições devem chegar mais perto dos organizadores, pelo menos os que já deram alguma prova de qualidade. Há que levar em conta esse mercado, porque os eventos também fazem movimentar a economia do país."
Como vê o posicionamento dos poderes públicos em relação à promoção de eventos e outras actividades culturais em Cabo Verde?
Os puderes públicos precisam interferir mais, não somente no controlo, mas também acompanhar os eventos, principalmente pelas valias que cada um traz às suas cidades e mesmo para o país. Vemos que a Sigui Sabura tem conseguido atrair muitos jovens da diáspora, alguns que nunca tinham vindo a Cabo Verde, mas após verem os vídeos partilhados dos nossos eventos ganham interesse em marcar suas férias em Cabo Verde, e muitos acabam por investir em imobiliários, entre outras áreas. Vimos recentemente um privado que organizou um evento internacional de desporto e não teve sequer um único apoio do Governo, um evento transmitido por todo o mundo. Acho que as instituições devem chegar mais perto dos organizadores, pelo menos os que já deram alguma prova de qualidade. Há que levar em conta esse mercado, porque os eventos também fazem movimentar a economia do país. Em todos os eventos muitas pessoas ganham algum dinheiro que lhes serve de sustento ou um extra no seu rendimento mensal.
O país atravessa momentos difíceis, sobretudo com a falta de chuvas e outros constrangimentos próprios de um arquipélago com grandes deficiências ao nível de transportes inter-ilhas. Até que ponto esta situação condiciona as actividades de Sigui Sabura?
A falta de chuva afecta quase todo o negócio em Cabo Verde e o entretenimento também, porque as famílias agora gastam mais para comprar os alimentos, entre outros bens de primeira necessidade. O transporte inter-ilhas, como todos sabemos, são deficitárias, há ilhas em que realizar um evento é quase um milagre sair com saldo positivo. Mesmo querendo atrair as pessoas a viajar entre as ilhas para aderirem aos eventos, quase sempre ficamos condicionados pelos transportes.
Que sugestões deixaria aqui para a promoção cultural em Cabo Verde?
As sugestões vão directamente para a tutela da cultura, solicitando um investimento mais profundo em todas as áreas que projetam Cabo Verde lá fora.
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