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E-Palpites & Palpites.com
Cultura

E-Palpites & Palpites.com

I

Bamboleando-se palpites, perscrutando-se palpites «do latim palpito». Significa emitir opinião ou sugestão; procurar saber a opinião ou apalpar e sondar. Como na chamada “Era da Informação” onde o conhecimento transforma-se em um novo tipo de mercadoria, ao qual nem todas as pessoas possuem o mesmo tipo de acesso e de conhecimento. Na Era da Informação, somos seres que inventam páginas por que não sites como o Ficção.com; o Zig-zag.com; o Radar.com; o Tira-chapéu.com; o Gaffes.com; o FaitsDivers.com e o Viperinar.com. Parece-me rogar no viral “ponto-com” nesta Era Digital. Mas os tempos não vão bons para nós (inclusive não se calam).

II

Numa sociedade de consumismo exacerbado e de comunicações instantâneas que, convivem com “inverdades apelativas “, associadas à realidade ainda marginalizada e de desigualdade social. Podem orquestrar-se um patético site como: o Palpites.com à volta da política, da cultura, do saber-saber, do saber-fazer, sobretudo, no football. Percebe-se como exemplo: “o jogo está renhido, mas o Couch devia jogar com dois avançados, quiçá três”. (A vida é tão simples como respirar a maresia, mas, nós complicamos sempre com os Gaffes, as Ficções, os Faits divers, o “Viperinar” e os Palpites. Tudo como embrulhos para gaguejadas evasivas, que nos causam transtornos, até, ao nível da E-Enxaqueca). Escreve-se de mais são tempos de muitas palavras, talvez com sinais Saturnos filhos de Úrano e de Vesta (inclusive não se cala).

III

Na verdade (!) o que nos cansa hoje, não é viver, mas sim, a velocidade da disseminação de conteúdos, compartilhados quase instantaneamente, numa sociedade do espetáculo baseada no sensacionalismo, cheia de truques e ilusões, que se mantêm e multiplicam-se nas redes sociais, buscando uma primeira ou segunda compreensão sobre a influência de tais informações irreais, veiculadas como conhecimentos verdadeiros. Já tudo é tudo. Nada mais falso. (Somos herdeiros da coscuvilhice saloia e de holofotes latinos). Mendiga-se likes e não se veem as caras…. Dou um click on time e faço uma introspeção para escrever (E-Palpite) na água ou nas poeiras do vento do nosso tempo, com raízes prolongadas no deserto do Sahel, e, os olhos nas vitrinas das redes sociais. Ao mesmo tempo, esconjuro-me… esconjuro-me (!) com uma cruz na boca com o meu dedo polegar esquerdo. “Não precisamos de mais tempo. Precisamos de um tempo que seja nosso”; por que também é verdade que muitas pessoas constroem nelas perfis que demonstram muito mais o que elas desejam ser e do que aquilo que efetivamente são. (Tamanho, tamanho monstros (!) Tamanho, tamanho esfomeados (!)).

IV

Ó Roland Barthes! Não há hoje, o grau zero da escrita nas redes sociais. As redes sociais estimulam a megalomania, a excentricidade e a hipertrofia do “Eu”, até, o paroxismo para justificar o “Nos”, que enaltecem e premeiam o desejo fingido de “ser diferente” e “querer sempre mais”. Com o sensacionalismo buscam ser “curtido”, “compartilhado” e “culto”. E likes se tornaram como uma forma de reivindicar e reinventar o status, do tipo debitar na conta corrente E-Palpites. (Diz-se que o amor e o desamor, só existem no infinito da flor da juventude). No Facebook informar e informar-se (!) tornaram-se quase virais, como uma obrigação. Mas, nunca conseguem construir o lead factual para se perguntar: Quem diz o quê? E onde? E quando? Como? E Porquê? Tudo pelos dedos das nossas mãos. É simples. Não, não me falais de nenhuma coisa ou falai do Palpites.com, onde, as palavras e os verbos não falam, mais alto e mais baixo ou a mais e a menos; por que são palpites. Todos podem se considerar opinion leaders, ainda que nada saibam sobre os assuntos que discutem.

V

Ainda bem, que foi celebrado de forma descentralizada, com pompas e circunstância, o Dia 10 de junho, o Dia de Portugal e de Camões e das Comunidades, na Cidade da Praia e do Mindelo, em Cabo Verde, com deslocação relâmpago à ilha das Flores dos Presidentes da República de Portugal e de Cabo Verde, respetivamente, Marcelo Rebelo de Sousa e Jorge Carlos Fonseca. Para mim, Rebelo de Sousa vive a vida de forma intensa e é o único viajante que sabe estar na periferia, para não perder o caminho de casa e, de usar a vez e a voz. Ele não sabe renunciar às palavras para se encontrar no silêncio, abraçando a amizade. Speaker Man De Sousa soube justificar sempre fora de portas, o que anseia e pensa realizar, para só depois conquistar as palavras e os verbos, na construção do lead simples dos factos. Não ficando quer no silêncio, quer no isolamento. (Não precisa nunca de bambolear-se de palpites, perscrutar-se de palpites «do latim palpito»).

Marcelo pode criar, sim, tantas páginas nas redes sociais e tantos e tantos sites não patéticos, como um site comunicação.com, pois, por que um Opinion leader sabe sempre antecipar na periferia para comunicar e comunicar-se. Sabe que a vida política é demasiado séria e preciosa para ser esbanjada num país amigo. (Já tudo é tudo). É sublimar candidato à sua própria sucessão. Nas entrelinhas, a mim me parece que sabe muscular as suas informações e comunicações nas periferias, com almofadas para não causar os efeitos de ricochetes. Cabo Verde foi o palco da encenação e do simulacro para a aldeia global. Presidencial: Marcelo Rebelo de Sousa – 2021.

VI

Lembro-me hoje, que transcrevi na minha rede social Facebook, no dia 10 de setembro de 2015 a notícia do centenário JN.PT da cidade Invicta: “Sou Professor por vocação, comunicador por paixão pai de dois filhos, avô de cinco netos”. Foi assim que Marcelo Rebelo de Sousa anunciou a sua candidatura, na Biblioteca Municipal de Celorico de Bastos, distrito de Braga, no dia 10 de setembro de 2015. Foi um ato de grande responsabilidade! Simplesmente gostei da construção do lead, este, utilizou nove palavras e duas preposições. (Assim, é informar e informar-se. Assim é comunicar e comunicar-se. Um derradeiro exemplo, do que deveria ser uma E-Comunicação). Sim, às E-Comunicações e não, aos E-Palpites. Bravo Professor, Bravo Político e Bravo Comunicador.

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Redação