I
Não são cartas de amor porque já não tenho idade para escrevê-las. Apagou-se, dentro de mim, a paixão quer na explosão do desejo bruto quer no silêncio sobro das minhas desconcentradas delícias celestes para justificá-las com vontades febris tão terrenas.
II
Sinto hoje, medo de te beijar muito apaixonadamente. Parece-me como pedras fora do chão ou de um qualquer alguém que quer passar pelos perdidos atalhos sufocados. Sei que andas sempre como sítios desviados como quem não ama a luz nunca pode ter medo da escuridão.
III
Eu não vou adoecer a estudar a tua loucura nem a estudar morse. Sei que cartas poéticas do amor brotam e dão sombras, ao mesmo tempo, que iluminam esperanças de sobreviventes vivos de alguns sítios desviados do lugar sem caminhos. Sei que o Mundo não merece o fim do mundo.
IV
Eu adoro a brancura dos algodoeiros como um barco a zarpar nos oceanos. São, são tantos sacos de vento contra mar&vento e de não poucas marés. Digo. Não arriscando… não arriscava mesmo com toda a propriedade vocabular, e, não ominosas intenções de que a Elisabeth foi-se embora como uma frustrada raposa ou como o gole num copo de água que causa soluço, como um vento no asfalto.
V
Coscuvilha-se algures que a Elisabeth de vez em quando manifesta-se, sem aviso, numa só palavra só: crises e delírios para lá das várzeas e várzeas, para lá das várzeas com alguma roupa, um ou dois ou três roupas para apimentar as coisas.
VI
Lembrei-me que a minha eterna inspiradora, Tina Turner – “What’s Love Got Do With it”- nasceu no dia 26 de novembro de 1939, Happy Birthday, apagou 79 velas (!) Para Tina escrevia, sim, mil cartas de amor com penas.
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